quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Mais ansiedade

Olá, terráqueos!



Quem disse que um ansioso tem descanso mental? Descanso mental é algo inexistente na vida de um ansioso. Se o ansioso resolve um problema, com certeza ele já está 100% focado em outro(s). 
Estava pensando em fazer um balanço de 2016, mas a minha ansiedade é praticamente a mesma, não posso afirmar que evoluí como pessoa e que minha ansiedade melhorou porque estaria mentindo. O medicamento me mantém controlada em relação a algumas coisas e TOCs (alguns, outros ainda estão muito presentes, não tão amenos), mas a ansiedade é implacável.
Esse ano achei que tinha: câncer no cólo do útero, no sangue, na cabeça e na boca. AVC várias vezes, até AIDS sem ter a mais remota possibilidade. Mas pesquisei menos, surtei menos, tive surtos isolados e que não duraram meses como no ano passado. 
Meu transtorno obsessivo compulsivo com limpeza aumentou em algumas coisas e estabilizou em outras. Meu álcool gel continua surpreendentemente acabando rápido, risos. E eu compro daqueles grandes, de meio litro.
Eu me vi mais arrasada em relação aos acontecimentos do mundo que não me afetam diretamente. Chorei com notícias diversas, fiquei chateada de verdade e não só com pena ou compaixão. 
Chorei dias também porque achei que tinha estragado meu cabelo. Não tinha. 
Mas não derramei uma lágrima sequer com pessoas próximas a mim, nem por briga, por decepção ou raiva, eu me sinto anestesiada, como já tivesse imunidade em relação a isso. Parece até um pouco de frieza, mas as coisas que me comovem estão mais longe de mim do que perto.

A ansiedade da vez é: vou adotar um cachorro. Antes, o dono do apartamento não permitia ter um pet. Agora ele autorizou apenas de porte pequeno. Desde terça-feira, quando ele disse isso, eu mal consigo dormir, já fiz planos, já corri atrás de adoção, mas os lugares estão todos fechados agora no final do ano. Eu estou DOIDA por um cachorro, eu amo cachorros, tenho dois na casa da minha vó, mas são enormes, não teria como criar em apartamento. Parece que a única coisa que me acalma de verdade é ver coisas sobre cães, encontrar cães ou gatos na rua, brincar com eles. Eu estou tão ansiosa, que eu simplesmente não consigo pensar em outra coisa. Já levei puxão de orelha, mas de quê adianta? Quando as pessoas falam que somos muito ansiosas AÍ É QUE A GENTE PIORA.

Resolução para o ano novo: ser menos ansiosa? Jamais, eu já tenho meu 2017 todo planejado na minha cabeça com planos B e C. Quiçá 2018 e 2019. 

Em todo caso, feliz ano novo! Espero que todos consigam ao menos se encontrar, conviver com os problemas psicológicos e viver da melhor forma possível.

E lembrem-se: qualquer que seja o sintoma NÃO JOGUE NO GOOGLE, fechado?

Beijos!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A ida ao cardiologista


 Olá terráqueos,

Como boa ansiosa hipocondríaca que sou, decidi marcar cardiologista após ver que uma moça teve uma parada cardíaca durante uma aula de zumba. Eu não faço zumba, mas é sempre melhor prevenir, né? Fui em busca de comentários sobre bons profissionais do meu convênio, que tivessem consultórios próximos ao trabalho ou à minha casa. Encontrei uma profissional com 5 estrelinhas. Dra. Marlene Nakamura, atende na Vila Mariana. A espera foi de quase um mês, para chegar no dia, ter marcado 18h20, dar 18h50 e ainda ter mais 4 pacientes na minha frente, sem contar a conversa longa que ela tinha com cada um. Eu compreendo que idoso se sente melhor conversando mais, que demora mais mesmo, que isso é normal, mas se é assim, por que marca com tanta gente no mesmo horário? Foi pior que SUS! Não questiono as habilidades profissionais da médica, mas esse negócio de horário é um desrespeito, porque se sou eu chegando atrasada, a história é bem diferente, né?
Fica esse caso para refletir. Eu comecei a ficar aceleradíssima pensando em tudo que eu tinha para fazer em casa, meu coração ficou acelerado e eu preferi ir embora. Simplesmente desisti da consulta e saí de lá muito aliviada por não ter que ficar até as 20h esperando para ser atendida e perder todo o tempo que eu tinha para resolver minhas coisas. É freela, é trabalho em casa, é trabalho do curso que estou fazendo, é muita coisa MESMO!


Fica a moral da história: para uma boa saúde cardíaca de um ansioso, nada como não ter que esperar para ser atendido!

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Crise de Pânico



Olá, terráqueos!

Vim aqui contar mais uma das minhas peripécias. Só, infelizmente, o assunto é bem sério. Quarta-feira eu marquei um horário no salão para clarear mais um pouco meu ombré. Eu estava tão ansiosa, até porque é raro eu ir a salão, eu não tenho paciência porque tudo demora no meu cabelo. 
Na TV tava passando jornal, a demora é IMENSA, então fiquei entre a internet, a TV e tagarelando com todo mundo no salão. Estava tudo maravilhosamente bem, não havia indícios de que eu iria passar mal. Eu já tinha visto uma notícia de um traficante que havia matado um morador de rua a pedradas no G1, mas resolveram passar essa notícia na TV também, esses jornais da Record, Band, sei lá, esses bagaceira sensacionalistas. Eu vi a notícia e me senti mal, mas continuei lá, afinal, a vida dentro do salão de beleza é fácil e bela. Só que, quem tem crise de ansiedade e panico sabe, eu comecei sentir aqueles sintomas clássicos de que iria ter uma crise. Porque a gente SABE, por incrível que pareça a gente sabe quando vai surtar. Então, meus braços começaram a formigar, visão turva, falta de ar, dor no peito, parecia que estava infartando. A coitada da cabeleireira ficou sem saber o que fazer, terminou correndo o procedimento, peguei um Uber e fui para casa. De casa, acabei tendo que ir ao PS. No PS, aquele procedimento que quem tem crise de ansiedade já conehce bem. O médico olha pra sua cara já te julgando "lá vem a louca", te examina mais ou menos porque já acredita que você não tem nada e te manda pra enfermaria pra tomar Valium ou Rivotril. Sempre me dão Valium, já estou acostumada, ele me dá sono e no outro dia acordo com sensação de ressaca e tudo passa. Mas ontem resolveram me dar Rivotril e DOIS dias de afastamento, imagino como eu deveria estar. O Rivotril não me dá sono, ele me deixa lenta e meio sem noção do que tô fazendo. Fiquei assim o dia inteiro ontem, parecia que estava flutuando. 
Embora saibamos que esses remédios tarja preta viciam, para mim, nas crises, só eles funcionam, o ansiolítico que tomo diariamente previne que eu tenha crises, mas só os benzodiazepínicos tiram a angústia de mim, infelizmente. 
Hoje estou bem melhor, ainda meio lerda, o Rivotril realmente me afeta. Mas com aquele medo de ter outra crise a qualquer momento. Não é algo que a gente controla.

Conto para as pessoas e elas dizem "Ah não vai começar a ter isso de novo, né?" como assim? Não é algo passível de controle, se fosse, não existiriam tantas pessoas tomando drogas controladas e extremamente prejudiciais. "Tenta se controlar!" dizem. "Tenta pensar em coisas boas" dizem. "Tenta descansar, que melhora" dizem. Essas pessoas que dizem isso: ELAS NÃO ENTENDEM NADA. E já que você não entende nada, é melhor ficar quieto mesmo. Antes o silêncio a essas frases prontas, que de nada ajudam, só nos fazem sentir pior.

Essa ansiedade nos leva para um lugar tão escuro, tão longe de tudo e de todos, e ficamos tão sozinhos nesse lugar, que acabamos desistindo de tentar explicar o que sentimos, porque as pessoas simplesmente tratam como um sentimento passageiro, que se conseguirmos conter, tudo ficará bem. 

Entendam: NÃO DÁ PARA CONTER. Não é simples, não é passageiro e muito menos um sentimento. Para alguns, como eu, é uma CRUZ, é um carma, é algo que tento combater, mas já aceitei como parte de mim. Só espero que os outros aceitem também.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Doenças mentalmente transmissíveis




Sempre que eu vejo alguém com uma doença, eu acho que ou eu também tenho ou posso ter. Mesmo que seja a Febre do Nilo Oriental. Quando leio notícias sobre morte, AVC e trombose causados por anticoncepcionais, eu fico neurótica. Passo dias lendo coisas no Google até me acalmar (o que nunca ocorre por completo). 
Notícias de pessoas jovens que morreram de infarto durante a prática de exercícios também me deixam nervosa. Hoje mesmo vi uma notícia de uma moça que morreu fazendo aula de zumba (eu teria que morrer antes para conseguirem me arrastar para uma aula dessas), mas eu também pratico exercícios físicos e já fiquei encucada. Marquei cardiologista, só tinha para dezembro, quase um mês de espera dolorosa, sintomas estranhos (porque eles vão aparecer, eu já fiquei com falta de ar só de ler a notícia).
A gente não quer olhar no Google, mas enquanto a gente não olhar no Google e não pesquisar a internet INTEIRA, a gente não sossega. É como se fosse um alimento à mente.
Claro, que é importante fazer exames de rotina, se prevenir etc., mas cair na neura de que tem tudo quanto é doença já é um indício de ansiedade fora do comum. Algumas pessoas possuem hipocondria, que é o transtorno na sua forma mais grave e precisa de tratamento. Outras são tomadas pelo pânico ou pela ansiedade generalizada, que são igualmente graves e precisam de tratamento específico. 
Tem dias que eu acordo achando que minha perna não responde aos estímulos do corpo, que esta semiparalisada (porque andar consigo, né), mas que está "estranha", acontece às vezes com a direita, às vezes com a esquerda. Quando minha cabeça dói, duas opções passam pela minha mente: ou é AVC ou é um tumor maligno. E nem é proposital, parece que minha mente está condicionada a pensar esse tipo de coisa. Meu otimismo dura alguns segundos e os pensamentos ruins voltam.
A ansiedade nos faz ter sintomas das mais diversas doenças. Como quando vemos uma cena de um filme em um ambiente claustrofóbico e sentimos aflição. Quando vejo alguém com uma determinada doença, no outro dia eu acordo com os sintomas. Quando, certa vez, em um exame meu constou neutropenia (número baixo de neutrófilos), que depois descobri que foi efeito de um medicamento, eu já corri pesquisar o que era, a principal causa era o uso de certas substâncias (uma delas presente em um medicamento que tomei), mas já comecei a pensar várias coisas. Poderia ser um tipo de leucemia. Sem contar que, com a imunidade baixa, eu poderia adquirir diversas outras doenças, como ebola.
Aliás, na época do surto do ebola, eu tinha medo de usar o transporte público, assim como na época do de H1N1. Moscas volantes? Cegueira, esclerose múltipla, alguma outra doença autoimune, já sei, Lúpus! Dor nas costas, tumor maligno ósseo. Dor de dente, câncer bucal. Queda de cabelo, alopecia. Enjoo qualquer, gravidez. Cansaço, leucemia, esclerose múltipla, doenças autoimunes, doenças cardíacas. Manchas roxas, leucemia. Dor na barriga ou estômago, câncer. Dormência, infarto, esclerose múltipla, AVC. A lista é interminável.

E essa preocupação excessiva está presente em todas as áreas. 
Se alguém não atende telefone: algo muito ruim aconteceu.
Se alguém demora a responder uma mensagem: algo muito ruim aconteceu. 
Se alguém sai e demora a chegar: algo muito ruim aconteceu.
Se alguém vai viajar, penso no pior na estrada/ no voo.

E o pessimismo e a preocupação excessivos são infinitos, possuem vertentes, suas próprias filosofias e me acompanham em todos os lugares, de todas as formas, em todos os assuntos.

Minha vó disse "minha filha, o dia que você tiver que morrer, não vai estar nem pensando nisso". E é por isso que eu penso nisso todos os dias.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O limite da paciência


O psiquiatra receitou mais 4 meses de escitalopram + buspirona (dose máxima). Eu melhorei em relação a algumas coisas, outras continuam intactas, meu desespero é o mesmo diante das coisas que eu tenho para fazer, por exemplo. Mas eu fico me perguntando quando esse pesadelo irá acabar se é que vai. O remédio me ajuda, não queria precisar tomar, mas o medo de parar acarreta ainda mais crises de ansiedade.
Semana passada melhorei um pouco, mas voltei ao estresse no limite, porque eu simplesmente não aguento as cobranças e, quando as pessoas para de me cobrar coisas, eu acho que a cobrança fica implícita e eu me cobro. Isso me desgasta muito. 
Eu ando na rua querendo trucidar as pessoas na minha frente, jogá-las na linha do trem, eu não aguento lerdeza e parece que o mundo é lerdo: para andar, para fazer um trabalho, para responder a uma pergunta simples, para registrar um pedido no caixa, entre outras coisas que eu poderia ficar infinitamente citando. Elevadores me irritam, quando vejo que tenho companhia, sinto vontade de subir 9 andares de escada. No prédio onde moro, dá para ver as pessoas que chegam da rua de lá da área do elevador e é educado esperá-las quando o elevador chega, não tenho muita escolha, minha vontade é de subir correndo e deixar a pessoa lá embaixo, fingir que não vi, mas ainda tenho um pouco de bom senso, tento respirar fundo e pensar "não custa nada atrasar 30 segundos", mas eu subo desgostosa se a pessoa vai descer um andar antes de mim, porque, claro, vai demorar mais se o elevador fizer uma parada antes do meu andar. Eu estou sempre acelerada, como se não fosse dar tempo de fazer nada, com raiva de gente preguiçosa, que dorme demais, que tá sempre cansada, sempre querendo dormir, acha que andar 5 metros cansa, eu até tento ter empatia, porque né, eu preciso dela, mas não consigo, eu simplesmente não consigo!
A academia é um estresse à parte. Eu chego querendo matar as pessoas e saio de lá com um plano de eliminação em massa. Eu só cumprimento algumas pessoas por obrigação, para, sei lá, não acharem que eu me acho melhor que elas, porque na verdade não é isso, eu só não suporto pessoas e, em lugares com dezenas delas, eu fico mais acuada, querendo sumir, principalmente quando tenho que interagir. A academia tem 3 andares nos quais você pode malhar, sendo que dois deles possuem os mesmos aparelhos, mas, como eu me acostumei a malhar no último andar, eu não consigo simplesmente mudar, se tivesse que fazer isso, seria um processo e talvez não teria volta. Eu preciso dessas rotinas para sobreviver na sociedade, preciso ter algumas certezas, controlar algumas coisas, ser metódica. E aí, quando alguém senta no aparelho que eu queria usar, eu fico desolada, porque as pessoas, ELAS SÃO LERDAS, não sei se já disse isso (tsc). Sem contar que elas suam e eu tenho nojo até de passar o álcool gel para limpar os aparelhos antes de usar, porque, sério, aquele paninho, urgh!
O mercado é um teste de paciência. As pessoas para os carrinhos NO MEIO do corredor, eu tenho vontade de tomar distância e acertar correndo o carrinho delas com o meu, pra ver se capota, causa um estrago. Derrubar umas latas na cabeça delas pra ver se acordam e o cérebro funciona. A fila é um espetáculo isolado, eu entro em transe de tanto ódio de gente tirando muita dúvida inútil, batendo papo, sendo lerda para procurar cartão, embalar as compras! Olha, não é fácil.
Mas o metrô é o lugar diário onde mais tento relevar, porque aquela terra de ninguém é uma ameaça à saúde cardíaca. As pessoas são muito mal educadas e com a má educação vem a lerdeza. Sabe? A LERDEZA! Elas deixam para procurar o bilhete na catraca. Elas param na porta sendo que não vão descer. Elas entram no metrô LENTAMENTE enquanto tem um monte de gente atrás querendo entrar também. Eu quero matar essas pessoas. Às vezes alguns pensamentos agressivos passam pela minha mente, olho praquela pessoa estacionada deliberadamente no meio da porta, interrompendo a passagem, com espaços dentro do trem, sendo que não vai descer e me imagino puxando cabelo, socando a cara, entre outras coisas.
Eu queria mesmo ser uma pessoa melhor, mas eu não consigo. Não consigo porque tudo que preciso fazer envolve algum tipo de interação humana e isso me dá nos nervos. A única coisa que me acalma é quando encontro algum animal na rua, brinco, converso, passo a mão, que infelizmente onde moro não é permitido ter animais, mas as minhas plantas também me acalmam. Mas é só. SÓ ISSO. Até para ver série tenho me estressado, com os personagens, inclusive, até sonho com eles.
Não faço nada por mal ou tenho uma implicância gratuita com o mundo. Eu sou muito ANSIOSA e as pessoas me parecem todas tranquilas demais e eu começo a odiar essa tranquilidade, porque eu não consigo imaginar como ela existe. "Mas você não tem empatia e quer empatia?", olha, empatia, no momento, é uma coisa que não tá dando pra ter. 
E, por fim, em relação aos amigos, eu simplesmente não aguento mais. Assim, estou esgotada, não quero sair, não quero que venham em casa, não tenho vontade de ouvir seus problemas, nem de contar os meus, porque eu não tenho vontade de conversar com eles. Acho que se eu não morasse com meu namorado, existiriam momentos assim também na hora da comunicação. É muito complicado, as pessoas ficam chateadas, mas eu não consigo, eu começo a ficar com raiva delas quando elas são insistentes, egocêntricas e começam a falar da vida delas (que na verdade é uma coisa normal que as pessoas fazem, é o que estou fazendo aqui), mas eu não consigo ouvir/ ler "eu fui", "eu fiz", "eu tô assim", "eu tô assado", que eu começo a sentir pontadas, ficar com falta de ar, me dá nervoso, eu não aguento as pessoas, eu tento repelir, mas parece que atraio mais!

Fica aqui esse desabafo de uma ansiosa dominada por sua ansiedade que não consegue aceitar a vida em sociedade e o fato de que, infelizmente, tenho que (con)viver no mesmo espaço que outras pessoas. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Armário número 5





Olá, terráqueos!

Estive em férias, acabei me estressando mais do que deveria e nem vim aqui!

Bom, hoje estou de volta ao armário número 5, após 20 dias de férias, mais ou menos dormidas e aproveitadas. Primeiro que eu não sei se sou capaz de aproveitar algum momento da minha vida já que: trabalho me estressa, pessoas me estressam, férias me estressam, viagens me estressam, tudo me  estressa. Férias me estressam porque eu fico pensando na volta e contando os dias, eu passei vários dias entediada querendo trabalhar na primeira semana, sentindo que estava fazendo algo errado ficando em casa (pasmem). A viagem me estressou por conta de ônibus, horários, dieta quebrada, sem conseguir ir à academia, o planejamento me estressa, a viagem me estressa, o percurso me estressa. Resumindo: minhas férias acabaram e eu continuo estressada.
Como uma boa ansiosa, sabendo que as coisas sempre podem piorar, elas pioraram um pouco ao final das minhas férias, parecia que tudo estava desabando, perdi sono, comecei a me alimentar errado, estressei com uns pormenores (a mulher que foi molhar minhas plantas enquanto eu viajava usou minhas coisas, tomou banho na minha casa, sendo que é vizinha) entre outras coisinhas que não vale a pena colocar no diário. 
Tive que marcar retorno ao psiquiatra para amanhã, porque meu remédio está no fim e, espero eu, que continue com a mesma dose (já é a máxima), porque eu temo que ele diminua e eu piore mais ainda.

Vamos falar da ansiedade, então! 

Uma coisa que me irrita muito (além de tudo, porque tudo me irrita) é as pessoas acharem que EU POSSO CONTROLAR MINHA ANSIEDADE, porque não, eu não posso controlar, se eu pudesse controlar não estaria pagando 300 reais em remédio de uso controlado que afeta meu sistema nervoso e meus hormônios, cês não acham? "Você precisa ser menos nervosa", "Você precisa relaxar!", "Calma!", "Você é muito ansiosa". Porrãn, sérião? Sérião que eu tô em 2016 ouvindo isso ainda? O que eu preciso e o que é possível são duas coisas diferentes. É a mesma coisa que dizer para um etíope com fome "Você precisa comer" E NÃO DAR COMIDA PRA ELE ou então "Você tem muita fome, você precisa ter menos fome!". Entende??? Não é uma coisa que se pode mandar, é inerente ao corpo, faz parte da gente. E isso tem me irritado mais ultimamente.
Outra coisa que tem me tirado do sério são os problemas alheios, as pessoas PESAM demais! Elas jogam os problemas nas nossas costas e falam, falam, falam, são repetitivas, são cansativas, são redundantes. Todo mundo tem problemas, cabe a cada um carregar o seu, claro que a gente sempre pode pedir a alguém que nos ajude a carregar o peso, MAS NÃO COLOCAR O PESO TODO NAS COSTAS DOS OUTROS! Algumas pessoas são egocêntricas e egoístas e acham que o problema delas é o pior de todos no mundo e, adivinha: NÃO É! Eu tento entender o lado do ansioso, que poucas pessoas conseguem entender, mas fica difícil à medida que ele começa a viver 24 horas para falar do mesmíssimo problema, sem deixar as pessoas respirarem. Vamos ter mais empatia, mas precisa ter um pouco de reciprocidade também!
As moscas volantes sumiram nas minhas férias, claro, só fiz um freela de revisão na primeira semana e depois nem fiquei na frente do computador. A falta de ar piorou algumas vezes, sensação de sufocamento e angústia também, principalmente durante a viagem que fiz, de 14 horas (a Diamantina/MG). 

Esse blog fez um ano com mais de 20 mil visitas e muitos agradecimentos! Espero continuar ajudando os amigos acelerados descompensados e ansiosos da vida! Que todos os lerdos sumam da nossa frente, Amém! 




Olhei para o meu armário hoje e o que mais me deu medo não foi enfrentar todo o trabalho que tenho pela frente, mas, sim, ter que dar satisfação das minhas férias, como foram, o que fiz, como passei, se estou preparada para voltar a trabalhar etc. etc. etc., todas essas baboseiras que as pessoas gostam de perguntar mesmo que algumas respostas sejam óbvias, o Seu Saraiva que habita em mim fica nervosíssimo e com tiques nervosos. 

Bem, se eu estou preparada? Amigos, um ansioso está sempre preparado, eu estava me preparando para esse dia desde o primeiro dia de férias, o que não quer dizer necessariamente que eu vá reagir bem, afinal, as pessoas estão esperando que eu sente à mesa e conte histórias engraçadas e diga "que pena que acabaram", mas tudo que eu quero fazer é gritar até doer a garganta na cara dessas pessoas, mesmo que sejam amigas próximas, e dizer "NÃO INTERESSA, EU SÓ QUERO PAZ, SÓ QUERO FICAR QUIETA NO MEU CANTO". Mas eu respondi "Foi tudo ok, hehe, férias, né, acabaram, fazer o quê, descansei sim, dormi, hehe, viajei" sentindo internamente meus órgãos atrofiarem, como se eu estivesse em uma morte dolorida e lenta.

Mas, no geral, tudo bem sim. Manda mais ansiedade que tá pouco!

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Aceitação


Hoje, faz 9 anos que meu avô se foi. Ele era o exemplo de pessoa para mim, quem cuidou de mim desde pequena, me amparando e protegendo. Há exatos 2 anos, meu pai fazia uma cirurgia cardíaca e iria embora 3 dias depois, na madrugada do seu aniversário. O final de setembro/começo de outubro, que já era triste, ficou ainda mais. Os dias que precedem o meu aniversário nunca mais foram os mesmos. Na infância, eu ganhava festas enormes, presentes, era uma época muito feliz. Agora, cada ano a mais que faço, é um ano a menos sem eles. A gente nunca sabe as razões das coisas, mas no final tem que aceitar o que a vida dá. Meu pai e meu avô eram duas pessoas ímpares, nunca foram iguais às outras, nunca tive parâmetros de comparação. Em dias ruins, eu me lembro de uma frase que meu avô sempre dizia quando aconteciam coisas sem explicação: "Tatá, se a gente tiver que morrer de desastre de avião, ele cai na nossa cabeça". Maktub

Não que a gente deva ser passivo e aceitar todas as coisas sem lutar por elas. Mas que a gente tem que aceitar, eventualmente, sem parar de viver, de fazer as coisas, entendendo que, no fim, a gente é sozinho mesmo. O que tiver que ser mesmo, não importa o tempo, vai ser independentemente da nossa vontade e, quando acontecer, todas as forças da natureza irão se unir e trabalhar em sincronia perfeita.

A ansiedade gera medo sim. Gera medo, angústia, preocupação excessiva, estado alerta de 24 horas e isso faz com que percamos muito tempo, sejamos pessimistas, esperemos pelo pior. Posso dizer que eu esperei tanto pelo pior durante tanto tempo, que quando o pior veio, eu não estava necessariamente preparada, mas estava conformada. A palavra do dia é: aceitação. A gente fica o tempo todo "E se? E se? E se?". Se acontecer algo, a gente trabalha nisso e depois aceita. A principal coisa para seguir em frente e evoluir não é perdoar: é aceitar. Perdoar é uma coisa que nem sempre somos capazes, a gente não é obrigado a gostar de ninguém e nem de dar o benefício do perdão a quem nos prejudicou, mas a gente pode aceitar e aprender com as piores situações. Aceitar não só as situações que nos prejudicaram advindas de outras pessoas, aceitar também as coisas ruins que nós fizemos e não fazemos mais e nos ajudaram a crescer. Conviver com diversas facetas, entender que a gente está em processo evolutivo, que a gente não precisa ter sido perfeito no passado, desde que busque mudar isso.

"É necessário serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar, coragem para mudar as coisas que podemos e sabedoria para discerni-las".


Naquela mesa tá faltando eles e a saudade deles tá doendo em mim.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A ansiedade depois de um ano de Escitalopram e Buspirona


No dia 14 de setembro de 2015, tomei meu primeiro ansiolítico, uma dose manipulada composta de 15mg de escitalopram e 15mg de buspirona. O primeiro efeito colateral foi a dilatação das pupilas. Fui ao banheiro e, ao me olhar no espelho, logo notei algo estranho com meus olhos. Como ansiosa, a tendência é reparar em cada mínimo detalhe, cada mudança quase imperceptível do corpo. Com isso, fiquei preocupada.
Em seguida, vieram mais sintomas. Tontura, enjoo, formigamento, queimação nos membros inferiores e nas mãos, tremores, boca seca. Na mesma noite, acordei com uma crise de pânico e fui parar no hospital. Bom, o resto vocês já sabem, contei por aqui. 

Mas queria fazer um balanço desse primeiro ano tomando ansiolítico.

Obviamente, o início foi o mais difícil. Noites sem dormir, efeitos colaterais severos. Acentuação da ansiedade. Eu tive uma melhora drástica no primeiro mês. Depois de cerca de 40 dias tomando o remédio, eu era outra pessoa. Tinha parado de pesquisar doenças, estava menos ansiosa, mas mais acelerada. Sempre fui acelerada, mas eu adquiri uma inquietude que não é normal. Eu simplesmente não consigo ficar parada. Se deito, quero levantar, se levanto, fico para lá e para cá, sem conseguir parar de fazer serviço. Adquiri, também, uma estranha obsessão por limpeza. Limpar me torna plena, parece que as coisas só vão para o lugar depois de fazer algum tipo de arrumação ou limpeza. 

Tive dias muito difíceis, cismas, pensamentos ruins, nos primeiros meses muitos pesadelos estranhíssimos, surreais. A desconfiança com doenças não passou. Melhorou, mas não passou. Dei a mim o benefício da dúvida, resolvendo checar antes as informações sem ficar tão paranoica. Lógico que fiquei paranoica muitas vezes sim, sem dormir e achando que iria morrer. Mas são dias e dias e a gente vai vivendo um por vez. Confesso que tenho um certo medo de parar de tomar o remédio e voltar à estaca zero, àqueles dias de terror e angústia.

Mas, no geral, eu melhorei sim. Apesar das manias adquiridas, eu estou menos obcecada. Não posso dizer preocupada, porque preocupada eu estou sempre. Os pensamentos pessimistas não desocupam a minha mente. Eu imagino as piores tragédias com as pessoas que gosto, os piores acontecimentos comigo em situações diversas do cotidiano e, claro, as piores doenças. 

Notei também que tenho picos de paciência e impaciência. Consigo me controlar em algumas situações, coisa que não ocorria antes. Contudo, eu explodo de maneira muito pior, descontrolada, como se o mundo estivesse desabando ao meu redor, é horrível. É um impulso que não sei dizer de onde vem nem como controlar, eu só preciso explodir, gritar, xingar, qualquer coisa. Eu até tento trabalhar na ideia de "ser um ser humano melhor", mas é um esforço que não consigo fazer no momento.

Eu estou há dois anos sem férias, vou tirar férias em outubro (agora). Confesso que estou muito cansada, mais mentalmente. Contudo, já estou preocupada com o que vou fazer, porque eu simplesmente desaprendi a descansar. Eu ando tão acelerada quanto uma criança hiperativa sem ritalina. Espero que eu consiga dormir pelo menos 8 horas, deitar e assistir televisão sem pensar nas mil coisas que assombram a minha mente.

A ansiedade é como uma sombra e, algumas vezes, está à nossa frente. Não conseguimos nos livrar porque, para nos livrar, é necessário andar na direção oposta. Mas quem consegue? Quem está disposto a andar na direção oposta de forma drástica? A ansiedade é tão implacável que, quando decidimos fazer algo a respeito, ela já tomou conta de todas as horas do dia, até aquelas poucas de sono. 

Ser ansioso é como estar em um pesadelo em que as pernas não correspondem. É como ficar submerso, sem ar e, ao tentar retornar à superfície, encontrar uma camada de gelo espessa. Você até conseguiria quebrar, mas não tem forças porque ficou muito tempo sem ar.

De todas as coisas, a pior é ficar sem ar. Visão turva, pápebras tremendo, moscas volantes, tontura, dores nas pernas, formigamento, tudo isso é muito ruim. Mas quando o ar não vem, eu só fico tentando desesperadamente respirar fundo, mas só piora. E, até ter consciência de que na verdade é minha cabeça que precisa de ajuda, eu já estou sufocada. 

Literalmente e metaforicamente.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Preciso de paz



Eu preciso falar uma coisa pra vocês. 
Ansioso não reconhece equilíbrio. Ou é oito ou é oitenta. Ou ele não se importa nem um pouco com o que está acontecendo ou ele fica desesperado. Ansioso tem preocupações seletivas. 

Por isso, se tem uma coisa que eu tenho quando estou mais ansiosa, essa coisa é AVERSÃO A PESSOAS. Eu me sinto plena quando estou só, sou individualista, sozinha e adoro estar comigo mesma. É um misto de sensações. Alguns ansiosos são extremamente carentes, precisam de constante atenção. Eu preciso que me deixem de lado, me esqueçam por um minuto, deixem a paz fluir, correr pelas minhas veias e adentrar ao meu sistema circulatório. Deixem o silêncio falar para mim. Deixem as páginas em branco. Deixem-me sentir o vento bater no rosto sem ser interrompida por um pedido, um causo, uma anedota, que seja. Deixem que eu sinta o vazio existencial, que me faz plena, me completa, me sustenta.

Não despejem suas preocupações nos ansiosos. Eles podem entender o que os outros passam melhor do que ninguém: mas eles já têm os seu próprios problemas.

Eu preciso estar nesse lugar. Não porque eu não goste das pessoas, porque, realmente, existem pessoas das quais eu gosto muito e com as quais eu me importo. Mas as pessoas precisam ter um jeito diferente de se importar comigo, menos egoísta. "Se ama, deixe livre". Deixando que eu aproveite meu sossego, sem insistir nessa coisa de amizade. Nessa coisa de ter que marcar, de ter que se ver, de ter que dar satisfações. Eu guardo cada pessoa que me importa comigo, só não quero movimentos bruscos. 

Eu quero sentar em uma sala vazia, com uma poltrona confortável e uma parede lisa, sem quadros, sem cores. Sem ouvir o barulho das pessoas lá fora. Sem ninguém me cobrar nem pedir nada, sem ninguém precisando de mim. 

Porque, nesse momento, agora, eu preciso de mim.

sábado, 3 de setembro de 2016

Setembro amarelo: mês de prevenção do suicídio




O mês de setembro foi escolhido pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina como o mês de prevenção do suicídio. 

Um dado triste e alarmante é o aumento de suicídio de adolescentes nos últimos anos. Até porque, sendo conhecido como "rebelde" alguns dos seus atos são tratados como simples "rebeldia" e não com a seriedade com que deveriam. Os psiquiatras alertam para a importância de notar os sinais, isso no círculo familiar, de amizades, na escola e no trabalho. Comportamentos não usuais, se a pessoa possui algum transtorno psiquiátrico ou psicológico é um agravante e também se algum fato recente tem afetado o desempenho da pessoa em tarefas corriqueiras, como a morte de um ente querido, uma perda amorosa e afins são coisas a serem levadas em consideração.

O importante é estar alerta, principalmente se a pessoa já sofreu anteriormente quadros maníaco depressivos, tem depressão, transtorno bipolar, entre outros. Para as pessoas que sofrem com quadros como esses, é mais difícil lidar com tudo. É como se o peso de cada coisa fosse colocado em dobro nos ombros. 

Portanto, respeite. Se conhece alguém que passa ou passou por situações difíceis, se notou comportamentos diferentes, se sabe que a pessoa sofre de depressão, toma medicamentos e já confessou que teve ou tem pensamentos suicidas: esteja alerta, esteja presente, aconselhe, se a situação se agravar, converse com a família. Suicídio não é brincadeira e a melhor medida é a prevenção através da conscientização das pessoas que estão em volta de quem sofre com esses pensamentos.

Aqui embaixo tem uma lista de hospitais na cidade de São Paulo que são referência e contrarreferênca em saúde mental.




REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA EM SAÚDE MENTAL
NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

- HOSPITAL MUNICIPAL DO JABAQUARA – DR. ARTHUR RIBEIRO SABOYA
Av. Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro, nº 860 – Jabaquara
Fones: 5011-5111 / 5011-5503 / 5011-5012 / 5011-1059
FAX: 5011-7901 Distritos: Jabaquara /Cidade Ademar
- PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DA LAPA – PROF. JOÃO CATARIN MEZOMO
Av. Queiroz Filho, nº 313 – Lapa
Fones: 3022-4122 / 814-5649
Distritos: Lapa / Pinheiros / Butantã
- PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DA FREGUESIA DO Ó – 21 DE JUNHO
Av. João Paulo I, 1421 – Freguesia do Ó
Fones: 3975-1349 / 3975-5866
Distritos: Freguesia do Ó / Brasilândia / Cachoeirinha
PRONTO SOCORRO MUNICIPAL SANTO AMARO – DR. JOSÉ SILVIO DE CAMARGO
Av. Adolpho Pinheiro, 805 – Santo Amaro
Fones: 5523-1424 / 5523-1788/5523-1777
Distritos: Santo Amaro / Parelheiros / Grajaú
HOSPITAL MUNICIPAL DE PIRITUBA – DR. JOSÉ SOARES HUNGRIA
Av. Menotti Laudísio, nº 100 – Pirituba
Fones: 3974-7000 / 3974-0683
Fax: 3974-0683
Distritos: Pirituba / Perus
- HOSPITAL MUNICIPAL DO TATUAPÉ – DR. CARMINO CARICCHIO
Av. Celso Garcia, nº 4815 – Tatuapé
Fones: 6191-7000 / 6191-5292
Fax: 6191-5605
Distritos: Moóca / Vila Formosa / Vila Maria
- HOSPITAL MUNICIPAL DO JARDIM IVA – DR. BENEDITO MONTENEGRO
Av. Antonio Lázaro, nº 226 Jardim Iva
Fones: 6721-8763
Fax: 6721-8454 Ramal. 102
Distritos: Sapopemba / São Mateus
- HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO MIGUEL PAULISTA – TIDE SETUBAL
Rua Dr. José Guilherme Eiras, nº 123 – São Miguel Paulista
Fones: 6297-0022 / 6297-0216
Fax: 6297-0550 / 6956-8045
Distrito: São Miguel Paulista / Vila Jacui

EMERGÊNCIAS COM ENFERMARIAS PSIQUIÁTRICAS

REFERÊNCIA DE EMERGÊNCIA E ENFERMARIAS PSIQUIÁTRICAS
- HOSPITAL PSIQUIÁTRICO VILA MARIANA

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Rua Major Maragliano, nº 241 – Vila Mariana
Fones: 5087-7000 – 5084-6711
Distritos: Vila Mariana / Sé / Santa Cecília
- COMPLEXO HOSPITALAR DO MANDAQUI
Av. Voluntários da Pátria, nº 4301 – Mandaqui
Fones: 6959-3611 / 6950-1717
Distritos: Santana / Tremembé / Jaçanã
- HOSPITAL SANTA MARCELINA ITAIM PAULISTA
Av. Marechal Tito, nº 6035 – Itaim Paulista
Fone: 6963-1255
Distritos: Itaim Paulista / Vila Curuça
- HOSPITAL GERAL DE GUAIANASES – JESUS TEIXEIRA DA COSTA
Rua Otelo Augusto Ribeiro, nº 899 – Guaianases
Fones: 6557-2010 / 6557-5200
Distritos: Guainazes / Cidade Tiradentes
- HOSPITAL MUNICIPAL DE ERMELINO MATARAZZO – DR. ALÍPIO CORREA NETO
Alameda Rodrigo de Brumn, nº 1989 – Ermelino Matarazzo
Fones: 6943-9944
Fax: 6943-9944 Ramal: 4227
Distritos: Ermelino Matarazzo / Penha / Vila Matilde
- HOSPITAL MUNICIPAL DE ITAQUERA – DR. WALDOMIRO DE PAULA
R. Augusto Carlos Baumam, nº 1074 – Itaquera
Fones: 6944-6355 / 6286-6391 D
Fax: 205-7682
Distritos: Itaquera / Cidade Lider
HOSPITAL MUNICIPAL DE CAMPO LIMPO – DR. FERNANDO MAURO PIRES ROCHA
Estrada de Itapecerica da Serra, nº 1661 – Campo Limpo
Fones: 5512-7650 / 5512-7651 / 5519-5828 D
FAX: 55117220
Distritos: Campo Limpo / Capão Redondo / Jardim São Luiz / Jardim Ângela
- HOSPITAL SÃO PAULO
Rua Napoleão de Barros, nº 715 – Vila Clementino
Fones: 5576-4033 / 5571-2098
Distritos: Ipiranga / Sacomã / Vila Prudente.



Até!






segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A imposição dos padrões da sociedade como agravantes de ansiedade e depressão



Olá, terráqueos!

Estive ouvindo histórias de diversas pessoas, dentro e fora do meu convívio, sobre como seus familiares, amigos e até seus terapeutas lidam com ansiedade e depressão e notei um certo padrão, um padrão ridículo e uma imposição na maioria das vezes escancarada da sociedade, que causa mais pressão e funciona como um retrocesso na melhora.

Quem já teve depressão provavelmente sabe do que estou falando. As pessoas, além de diminuir seu sofrimento, colocando em questão bombardeios na Síria, fome na África e pessoas com câncer ou deficientes, atribuem o transtorno a causas tão esdrúxulas e sem sentido que, muitas vezes, mesmo não sendo a causa, a pessoa que está com depressão se sente tão pressionada e tão mal por estar nessa situação, que acaba também associando.

Compreendem do que eu estou falando? Da pressão da sociedade. Se a pessoa está sozinha, atribuem a depressão à falta de um(a) companheiro(a). Se a pessoa está casada, atribuem à falta de um filho. Se a pessoa está desempregada, atribuem à falta de um emprego. E assim sucessivamente. "Mas, Natália, então só é feliz quem é casado, tem filhos e um emprego?" Bom, em tese, esse seria o modelo. E quem tiver todas essas coisas (mais saúde, saúde física, porque a saúde mental que se foda) não pode reclamar de nada, porque, oras, na Etiópia as crianças morrem de fome e na Síria são bombardeadas. 

As pessoas, muitas vezes, estão bem resolvidas sozinhas, mas sentem-se pressionadas por outras a arranjar alguém e acabam ficando piores do que já estavam quando transformam o fato de estarem sozinhas porque querem ou porque não encontraram alguém que fizessem ter vontade de não estarem mais sozinhas em simplesmente "Estou sozinho(a) porque ninguém me quer e assim morrerei". E transformam isso em uma necessidade. A necessidade de ter uma companhia, jogando o peso da responsabilidade em uma possibilidade e se decepcionando mais e mais cada vez que algo der errado.

Ouvi relatos de pessoas que ouviram de seus psicólogos em sessões de terapia que o que falta em suas vidas é um(a) namorado(a). Quão absurdo é isso? Não é qualquer pessoa que está falando isso, é o psicólogo. A pessoa que deveria supostamente AJUDAR. E as mulheres que sofrem pressão para ser mães? "Um filho irá salvar seu casamento!" Oi? E se ela não consegue engravidar, como fica? Não fica. Só piora.

A sociedade, por si só, já impõe padrões, já nos faz sentir como um quebra-cabeça com peças faltando. Imagina para quem tem um transtorno? A tendência é só afundar mais e mais. 

Portanto, aqui vai um conselho: não imponha o que você considera bom para você a outra pessoa. Por mais que o conselho tenha boas intenções, dizer a uma pessoa com depressão que ela PRECISA arranjar alguém para tirá-la desse estado é condicionar sua doença a uma possibilidade que você não sabe quando vai existir e provavelmente não será a cura para os problemas. Isso é muito mais perigoso do que parece. Mesmo porque, ninguém precisa de ninguém para ser feliz. E fazer alguém pensar isso, influenciar de alguma forma, é aumentar um transtorno e torná-lo dependente de algo que não irá necessariamente melhorá-lo.

Tenha consciência, tenha respeito e, principalmente, TENHA EMPATIA: coloque-se no lugar do outro.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Como uma ideia que existe na cabeça e não... NÃO SAI NEM COM REZA BRAVA!



Todo mundo já teve uma obsessão na vida. Obsessões não são saudáveis, mas todo mundo já teve vez ou outra aquela fixação por alguma coisa. Parece que o cérebro necessita desse alimento para que você sobreviva. Quanto eu tinha 8 anos, fiquei obcecada por uma Barbie Ginasta, eu só pensava na maldita Barbie dia e noite. Depois que ganhei a Barbie, passaram-se uns dias, depois daquela sensação surreal de ter conseguido, ela perdeu a graça, como se meu cérebro tivesse sido alimentado e agora não estivesse mais com fome, ao menos da Barbie. 
A gente cresce e as obsessões mudam. Para o ansioso, as obsessões são infinitas. Acaba uma, começa outra. É uma preocupação constante que martela na cabeça, seja com doença, seja com a família, o namorado(a), as finanças e mais uma infinidade de assuntos. A gente precisa cavucar até o fundo um mesmo assunto desgastado, até alimentar o cérebro obsessivo. 
E é assim que eu me sinto em relação às doenças. Eu preciso me alimentar disso, eu preciso pesquisar, eu preciso saber mais e ficar em paz, mesmo que essa paz dure poucos minutos e outras coisas impactantes surjam na minha mente. 
Só esse ano, já achei que tinha problema no olho (várias vezes, problemas diferentes), tava tendo AVC, câncer no lábio, no colo do útero, na mama e estava ficando careca. 

Em maio, meu lábio começou a rachar por conta do frio intenso que vinha fazendo. Mesmo após hidratação e diversos cosméticos diferentes, receitas caseiras e afins, o rachado continuava, meu lábio estava áspero. Fui buscar no Goolge, lógico, porque eu precisava me alimentar disso. "Lábio áspero". Nos resultados, achei câncer bucal, câncer labial, que poderia ocorrer por exposição ao Sol. Agora, vamos ver alguns fatores:
- Minha sala não tem janelas onde bata absolutamente nenhum Sol.
- Meus batons têm protetor solar.
- Estou com a vitamina D baixa, ou seja, falta Sol MESMO.

Mas quem disse que tudo isso fez sentido? Eu tinha um melanoma sim. Certeza que aquilo era um melanoma. Depois ainda li que a incidência havia aumentado no Brasil. PRONTO. "Mas predomina em homens acima de 50 anos e fumantes". Eu era um homem acima de 50 anos fumante. Tive um surto. 

Depois de ida ao dermatologista e ao dentista, descobri que era uma alergia, alergia ridícula. 

Meu último surto foi porque fui à ginecologista para ver se podia colocar DIU e ela achou uma ferida. COMO ASSIM FERIDA, tenho CÂNCER? Fiz um montão de exames. Se não tenho câncer, tenho alguma doença grave. Esperei UMA SEMANA os exames ficarem prontos. Isso pra mim é como uma tortura medieval, um castigo de Zeus, como Prometeu que tinha seu fígado devorado e regenerado todos os dias. Pesquisei tanta coisa, mais tanta coisa. Em português, inglês e espanhol. Nunca tinha feito colposcopia e, minha nossa, BIOPSIA? Acontece que a ginecologista não me explicou direito. Não era uma ferida, mas uma troca de tecido comum em quem usa anticoncepcional, que precisava de biopsia para ver se estava contaminada. Eu recebi o resultado e fiquei em paz. Por alguns segundos. Mas "e se", "e se"... E SE? Mas o exame tá exemplar, não tem nada. MAS E SE? É desesperador. Eu me pego pesquisando doenças raras, coisas inimagináveis, porque eu preciso manter essa obsessão, eu preciso continuar pesquisando para satisfazer meu cérebro. Eu preciso ter esses pensamentos, eles são como uma substância química e eu a abstinente. 

O medo de adoecer bateu à minha porta pela primeira vez quando eu era muito pequena, após uma palestra sobre higiene bucal. Eu não dormia achando que meus dentes iriam todos cair. Às vezes ainda sonho que eles caem. 

Acontece que não é uma coisa que exige somente autocontrole, é algo que vai além do que nós podemos fazer.

Ser ansioso é um eterno masoquismo. É ver seu corpo necessitando aquilo que te prejudica. Não preciso sair, não preciso me distrair, não preciso mudar de emprego, não preeciso mudar de ares. Não é nenhum fator externo que vai mudar o que sinto. Eu não preciso de ninguém me dizendo que tenho que fazer isso ou aquilo. O que eu tenho para resolver é comigo mesma, nenhum pseudo-psicólogo (e até mesmo os psicólogos) pode me dizer. 

Como diria Oscar Wilde: No mundo, há somente duas tragédias. Uma é não ter o que se quer e a outra é ter.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Desgoogleie


Quando a gente é adolescente, a gente acha que vai morrer de amor. E que essa seria a pior morte possível. Que não existe nenhuma dor física capaz de superar a dor incurável da alma em se tratando de coração partido.

Bobagem.

A gente cresce, começa a enxergar a proporção das coisas de maneira diferente. Não digo melhor, mas só diferente. Algumas coisas perdem o encanto, a doçura, outras ganham maior importância.
A ansiedade muda. Se antes, sentíamos ansiedades circunstanciais dependendo de acontecimentos, hoje, a ansiedade é um estar, um sentimento sempre presente. Se a ansiedade antes consistia em expectativas e frio na barriga, hoje vai bem além disso.
Crescendo, a gente descobre que não se morre de amor. Mas se morre de diversas outras doenças (de acordo com o Google). Cutícula mal tirada, gripe mal curada e gente mal preparada.
QUALQUER SINTOMA, estou dizendo, simplesmente QUALQUER sintoma que você tiver e jogar no Google, ele vai te trazer como uma das respostas possíveis, pelo menos, uma das três doenças a seguir: câncer, esclerose múltipla e AIDS.
Primeiro, o ansioso acha que sofre de problemas cardíacos ou neurológicos. Porque o sintoma mais característico é a palpitação, a taquicardia. Se não é infarto, é AVC (certeza, já tive vários). Passada essa fase, começa a procurar outros sintomas e é aí que ele chega nas três doenças-chave que o Google adora empurrar goela abaixo.

De manhã: AIDS. Não, AIDS não tenho, absurdo pensar isso. Nada a ver. Dor no dedo não é um sintoma de AIDS.
De tarde: A manicure nem esteriliza direito aqueles alicates. Doei sangue ano passado. E o maníaco da agulha, hein?
De noite: Meu Deus, vou morrer. Tenho AIDS.

E o ciclo recomeça no outro dia.

Amigos, vou dizer a vocês: não está fácil ser ansioso nos dias atuais. Na Idade Média, o ansioso não tinha o Google como tortura prévia de doenças. Não tinha esse leque de possibilidades.

Portanto, vou lançar aqui: desgoogleie. Vá ler um livro, ver TV, aquela série atrasada. Não é câncer. Não é AIDS. Não é esclerose e nem infarto.

Como diria meu avô “Se a gente tiver que morrer de desastre de avião, ele cai na nossa cabeça.”


Até!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Amostra não reagente



Olá, terráqueos!

Como havia dito anteriormente, fui à ginecologista. Ela pediu um milhão de exames, o que já me deixa tensa, porque, muitos deles, eu julguei desnecessários na hora. Mas, depois que fui fazer, fiquei pensando mil coisas. Da última vez que fui ao Endócrino, ele também pediu tudo quanto é exame de hormônio, que me fez questionar se eu tinha problemas na tireoide, se eu tinha bócio ou qualquer distúrbio provocado pela ausência de vitamina D (incluindo esclerose múltipla). Pois bem, quando você solicita ao seu médico "exames de rotina", ele entende que deve examinar tudo que diz respeito à sua área. No caso da ginecologista, ela pediu exames de sangue de tudo quanto é DST, incluindo HIV (teste que já fiz algumas vezes antes de cirurgias – já operei o nariz, depois conto aqui) e tinha dado negativo. 
Porém, com essa lista imensa de exames para fazer, começo a pensar: "pelo menos uma dessas coisas eu devo ter, não é possível". Foi aquele procedimento padrão, peguei a senha da internet após o exame do laboratório e cheguei em casa correndo ver o resultado. Lógico que não estaria pronto. Mas fiquei entrando no site até os resultados saírem aos poucos: HIV, Hepatite B e C, Sífilis etc. todos deram negativo "Não Reagente". Não era possível ter uma dessas doenças, mas eu fiquei questionando as agulhas que me furaram no último ano (e foram muitas, principalmente durante os meus surtos ano passado) e até a pinça que usaram para tirar minha sobrancelha, os alicates que usaram para fazer minhas unhas, enfim, uma infinidade de coisas. 
Vejam como é a cabeça de um ansioso, fui dormir pensando "Posso ter HIV"? Posso ter HIV? Quão absurdo isso soa? Eu não pego nem gripe. Há anos. Mas a ansiedade nos faz pensar coisas que nem nós mesmos entendemos. 

Eu tenho mais exames para fazer amanhã, entre eles ultrassom. Sempre acho que vão encontrar um monstro escondido dentro de mim em um desses exames. Uma doença rara incurável. Qualquer coisa (desde que seja bem ruim). Por mais que eu esteja medicada, me alimentando bem, tentando dormir na medida do possível, ainda fico atormentada com a ansiedade.

A ansiedade nos faz pensar em coisas horríveis, nos faz cavar até o fundo do poço, com a consciência de que sim, estamos cavando mais e mais. É como uma droga, preciso desses pensamentos, preciso dessa obsessão, não posso ficar em paz, porque, se eu ficar em paz e tiver alguma coisa, nunca irei me perdoar. Não posso deixar tudo de lado, cada sintoma – porque cada sintoma é real – e simplesmente seguir com a minha vida. E se um sintoma mínimo, como um soluço, um tremor nas pálpebras, um espasmo, uma pontada, uma leve dor for um daqueles casos que saem no Discovery Channel, de doenças raras que os médicos não conseguiam encontrar em exames de rotina? E se... Os pensamentos nos consomem. Ansiosos são esponjas para negatividade, doenças, tragédias.

Mas sabe como é, né? Um dia após o outro. Com calma. Calma? Parece até piada pedir calma a um ansioso. Hoje senti dor nas costas. Já pesquisei de pulmão a rins. De útero a medula espinhal. Estou virando uma especialista? Talvez especialista em coisas inúteis que atrasam a minha evolução mental.

Queria, ao menos uma vez, me desvencilhar desses pensamentos autodestrutivos, mas eles são tão viciantes quanto o crack. Com a desvantagem de que o crack é necessário algum esforço para conseguir. Sair de casa, gastar dinheiro, perambular pela crackolândia. A ansiedade é gratuita. E não é necessário que movamos um só dedo para que apareça. Afeta nosso sistema nervoso central. Afeta músculos, cabeça, órgãos, alimentação, sono. A reabilitação nunca é definitiva e para ter uma recaída basta pensar.

Risco um fósforo. Está escuro aqui embaixo. Parece uma fase complexa do videogame, na qual tentamos subir e as armadilhas aparecem para nos derrubar e, com isso, vamos perdendo vida. Pouco a pouco, a cada tentativa.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Anticoncepcional: tomar ou não tomar, eis a questão.



Todos nós sabemos, pelo menos agora depois de tantos casos de trombose, AVC e embolia pulmonar, que as pílulas anticoncepcionais são um risco para a saúde da mulher. Além de diversos efeitos colaterais, inibição da libido, celulite, retenção de líquido, ainda temos que lidar com o fato de que poderemos, a qualquer momento, sofrer algo realmente grave.

Mas e como a ansiosa lida com isso?

Não lida. Surta, pensa em parar, vai ao ginecologista, que não aconselha e vira um ciclo vicioso. Acontece que ultimamente andei pesquisando mais e também fui a uma ginecologista diferente e tenho alguns pontos a ressaltar.

1. Não tomar nenhum remédio é melhor para o seu corpo? É! Mesmo porque qualquer coisa artificial não faz bem ao corpo, independentemente de qualquer substância.
2. O DIU é uma opção? Nem sempre. Eu, por exemplo, tenho ferida no útero, não posso usar DIU. E se for para usar o DIU com hormônio (que é mais seguro) de que adianta? É hormônio do mesmo jeito. Já é a segunda ginecologista que me fala que o DIU de cobre é algo incerto, além de aumentar o fluxo (a quem tinha sérios problemas de cólica e fluxo intenso, não é aconselhável).
3. O risco de trombose é maior em uma mulher grávida do que em uma mulher que toma anticoncepcional. Um fato científico, não uma coincidência.
4. Tem que existir predisposição? Na verdade, não. Se você tiver predisposição, certamente sofrerá uma trombose cedo ou tarde. Mas, se você não tiver predisposição, pode, mesmo assim, sofrer trombose ou AVC. Mesmo levando uma vida saudável e mesmo não fumando.
5. Fumar é um fator que quadriplica o risco de trombose. Fumar, em si, já é um risco sem a interação com os hormônios artificiais dos anticoncepcionais.
6. Muitas mulheres encontraram no anticoncepcional a cura para seus problemas: fluxo intenso, cólica, ovário policístico, hirsutismo, acne, endometriose etc.
7. "Ah mas para a acne tem o Roacutan" vou dedicar uma postagem desse blog ao Roacutan, remédio que quase destruiu minha vida. O remédio é tão forte, que você tem que fazer exames periódicos, porque ele é capaz de alterar enzimas do seu fígado, colesterol, tireoide e até os glóbulos brancos (meu caso). A prova disso é que se tomado na gravidez, o bebê nasce com severas deformações caso sobreviva.

Mas e então? Então cada organismo é um organismo. Eu, felizmente, não tenho nenhum efeito colateral do anticoncepcional. Cheguei a ter muita retenção de líquido, o que curei com aumento da ingestão de água diária e melhora na dieta. Talvez a retenção não fosse problema exclusivo do anticoncepcional, mas de uma mistura de fatores. Se você sente muita dor de cabeça, algo está errado. Melhor procurar o médico, fazer exames, trocar o remédio e ir testando. 

Outra coisa que não é aconselhável é tomar o remédio errado, na hora que quiser, dia sim, dia não, pular ciclos e voltar. Isso desregula o organismo.

Ressaltando que TODA PÍLULA pode causar trombose, estudos mostram que as pílulas que contém drospirenona são mais perigosas. Veja isso aqui: Drospirenona. Esse hormônio está presente nas pílulas Yaz, Elani Ciclo e Yasmin. As pílulas mais antigas, que contém levonorgestrel, por exemplo, são menos nocivas, mas, ainda assim acarretam algum risco. 

Minha pílula é a Diane 35. Há 10 anos. É polêmica e já causou até mortes. Isso me preocupa. Mas eu tenho verdadeiro pavor de engravidar. Tabela não é opção, desculpa. Mas as naturebas que vêm com discurso de "saúde em primeiro lugar" talvez nunca devam ter experimentado esse pavor de ter filhos, problemas hormonais graves, fluxo intenso, cólicas, cistos etc. É complicado jogar nas costas das mulheres essa responsabilidade, porque a culpa é da indústria farmacêutica. Lutar por melhorias sim, condenar quem usa porque "sabia dos efeitos" jamais.

A escolha é individual, os riscos estão aí. Resta colocar na balança.

Mas, Natália, e a ansiedade? Bom, vocês imaginam como fica a cabeça de uma pessoa que ansiosa em um caso como esse. Eu, que tenho pavor de maternidade, gravidez, qualquer coisa que envolva filho, tanto que quando me imagino grávida, tenho uma sensação horrível de enjoo no estômago, é a mesma sensação quando imagino algo ruim acontecendo na minha vida, sei lá, alguém morrendo. Conviver com esse risco de ter trombose também apavora e muito! Qualquer coisa diferente no corpo já me deixa alerta normalmente, imagina com tudo isso? É surto atrás de surto. Eu não condeno quem tenta ajudar, mas quem demoniza, faz alarde, alarma causando histeria coletiva eu condeno sim. Nem todo mundo tem condições de largar a pílula então não dá para generalizar. 

Vamos ter um pouco de empatia e pensar antes de desesperar todo mundo.









segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Ansiedade e AVC imaginário




Antigamente, eu achava que iria infartar. Achava que morreria dormindo ou estaria andando pela rua e puf, iria cair dura infartando. Bom, isso não aconteceu e, como não aconteceu, eu fui me acalmando e minhas dores no peito sumiram.
Mas, como nem tudo são flores e, depois de ter esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, insuficiência respiratória, lúpus, bócio, uveíte, distúrbio na tireoide, tumor maligno no cérebro, leucemia e câncer de mama, a doença da vez é o AVC. Na verdade, o AVC é a doença número 1, depois do câncer (tudo é câncer).
Já estava encafifada com minhas pálpebras tremendo. Elas decidiram reduzir o ritmo, eu estava mais satisfeita, então fui dormir com um pouco de dor de cabeça. Mas dor de cabeça é normal, ainda mais quando não é tão forte, todo mundo tem. Bom, eu sequer tenho dores de cabeça. É raro, na verdade, eu pegar até gripe. Eu não tenho uma gripe forte há anos. Mas, né, caso eu tenha, com certeza na minha cabeça será H1N1.
Bom, voltando ao AVC, a dor não passou, acordei de manhã com dor de cabeça ainda. Pronto. Era AVC. Só poderia ser AVC. Sentei na cama e fiz os movimentos obrigatórios, levantei e abaixei os braços, testei as pernas, olhei no espelho e mexi a boca, tava tudo ali, nada torto, nada paralisado. Subi a rua para o metrô, senti a perna repuxar. É hoje, pensei. Tomei uma dipirona, a dor melhorou. Mas aí meu braço direito começou a formigar, fazia sentido, dor no lado esquerdo da cabeça e braço direito formigando, tudo fazia sentido!
Foi quando a minha querida auxiliar, que só chega à tarde, apareceu e fui me acalmando, me distraindo e puf, assim como veio, sumiu.

Sabe aquele filme do Hitchcock "Vertigo"? Pois é. Eu sinto como se tivesse um medo terrível de altura, mas não conseguisse nem enfrentar o medo e subir as escadas e nem olhar para baixo.

A ansiedade faz com que busquemos respostas incessantemente, mas algumas respostas são internas e só podemos respondê-las quando conseguirmos nos enfrentar e praticar o autoconhecimento.

Nós procuramos no Google, mas ele mesmo não tem as respostas. O Google é uma forma de sossegar aquela obsessão com qualquer doença que muito improvavelmente não temos, mas que não conseguimos nos desvencilhar, desligar o pensamento.

Não era uveíte, era olho seco. Não era esclerose, era ansiedade. Não era infarto, era pânico. Não era AVC, era uma noite mal dormida.

Mas vai dizer isso pra nossa cabeça? Ela não entende não.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Tremor nas pálpebras e meus minutos terminais

Olá, terráqueos.



Semana passada tava tudo tranquilo e favorável, mas trabalhei domingo, ando num cansaço desgraçado de quase 2 anos sem férias, correria e eu que não desacelero nunca, nem quando posso (não façam isso em casa) e essa semana bateu o bode e bad.
Desde segunda comecei a sentir tremor na pálpebra inferior do olho esquerdo. O tremor vai e volta, dura segundos e para. Isso começou a me incomodar (como qualquer coisa que acontece no meu corpo que não é minimamente habitual). Coisa de Lua em Capricórnio. Mentira, coisa de ansioso mesmo. Aí, É ÓBVIO que eu fui olhar no Google.

Nos resultados mais prováveis, encontrei "A causa mais importante, e mais comum vista nos consultórios, é o estresse mental, o cansaço, o sono, a ansiedade e o uso excessivo de bebidas com cafeína." No seguinte link: Saúde Ocular e em muitos outros com a mesma ocorrência. Olhos secos também podem ser uma causa.

Quer dizer: tenho olho seco, tenho ansiedade, estou acelerada, estou cansada, tomo cápsulas de cafeína, ando dormido pouco, tenho estado estressada. Tudo deu certinho. Tudo bem, fiquei satisfeita, voltei a trabalhar e viver a vida normalmente ignorando o tremor e seguindo a vida? MAS É ÓBVIO QUE NÃO.

Eu decidi fuçar até o cu da internet. Até descobrir que existem outras causas raras como doenças degenerativas, desmielinizantes, tumores e afins. 

Mas o diagnóstico estava claro: eu tinha um tumor. Óbvio, o que mais seria? As causas óbvias eram muito óbvias, não poderiam ser. 

Desde hoje à tarde, então, concluí: ou é tumor ou é AVC. Pode ser Esclerose Múltipla também. Não se pode descartar uma doença que atinge 18 pessoas a cada 100.000.

Aí, meus amigos, pra ajudar, cliquei naquela notícia da menina que teve trombose cerebral por causa do anticoncepcional. Lógico que não consegui mais me concentrar em nada, já marquei ginecologista amanhã e quero parar de tomar esse veneno. Amarra minhas trompa, coloca uma rolha no meu útero que não quero engravidar, tampouco ter trombose, AVC ou infarto. 

Foi olhar a notícia e tudo começou a formigar. Mas de um lado só né, porque AVC é unilateral. 

Agora cheguei em casa, dei uma melhorada nos sintomas. Não era um tumor. Não era AVC. 

Era minha mente me pregando peças e fazendo eu voltar 10 casas na minha evolução. 


Ansiedade, ansiedade, ansiedade! A gente dá 3 passos para frente e 10 para trás. São dias e dias. Alguns são melhores. Mas já tive piores.


E vocês, como estão?

Lembrem-se da dica preciosa: o que quer que aconteça NÃO PESQUISEM DOENÇAS NO GOOGLE.

Até!

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Surtos, repercussão e agradecimentos

Olá, terráqueos. 

Faz um tempo que não passo por aqui, então resolvi fazer um resumão do que aconteceu nesses últimos tempos.

Tive dois grandes surtos.

1. Um belo dia, acordei com a boca descascando. Tudo bem, tava aquele frio congelante, é normal a pele ficar ressecada. Mas a minha boca não melhorava, passei bepantol, nívea, fiz esfoliação e: nada. Minha boca ficou machucada como resultado. Aí, eu, GÊNIA que sou, decidi procurar no google "machucado no lábio". Claro que ente os milhares de resultados estava CÂNCER. Eu surtei, achei que estava com câncer, tive uma crise de pânico sozinha em casa. Minha mãe e minha vó vieram até aqui e eu me acalmei um pouco, elas trouxeram sopa de feijão (haha). Só melhorei depois que o dermatologista disse que era uma reação alérgica, agora tô passando remédio e tudo está ok.

Quer dizer, much ado about nothing. Como sempre.

2. Outro belo dia, acordei com um dos olhos vermelho. Passaram os dias, ele continuava vermelho. Eu tenho blefarite e olho seco, já pingo colírio. Que caralho poderia ser? Conjuntivite não era (de acordo com minha pesquisa no Google, porque não doía). Então, eu encontrei uma doença chamada uveíte, que pode ser consequência de alguma doença autoimune como artrite reumatoide, lúpus ou esclerose múltipla. Pronto. Mais surtos. Fui ao pronto socorro dos olhos e fui diagnosticada com: OLHO SECO, mudei de colírio e o olho deixou de ficar vermelho no mesmo dia. PS: O olho seco pode ser uma consequência da ansiedade e um efeito colateral do ansiolítico.

Ou seja: ponto para a ansiedade, DE NOVO!

Às vezes acho que estou vivendo no mundo invertido de "Strange Things".



A ansiedade é o monstro e eu deveria ser a Eleven, mas olha, está difícil. Tenho apanhado desse monstro dia após dia.

Sobre a parte dos agradecimentos, só tenho a agradecer todas as pessoas que me aguentam durante meus surtos como meu namorado, minha mãe e minha vó, o pessoal do trabalho. Todo mundo é tão paciente e incrivelmente fofo comigo e eu me sinto tão amparada, que meus surtos têm reduzido em grande parte por causa dessa ajuda. 

O ponto aonde queria chegar: a repercussão. Uma pessoa (que não vou nomear nem falar sexo, idade etc.) me contactou no Facebook falando que lia meu blog, que ajudava e que se identificava. Passei uma boa hora conversando com a pessoa, que, vejam só: sofre de ansiedade e estava passando pelo que passei com o escitalopram (primeira semana, a pior!). Fico feliz em conseguir ajudar outras pessoas com meu blog e meus relatos, mesmo não estando 100% (ninguém está, não é?). Falar sobre também me ajuda um pouco, parece que tiro um peso das costas.

No mais, andem pela sobra, usem filtro solar e o que quer que aconteça NÃO PESQUISEM DOENÇAS NO GOOGLE.

Beijos!


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Moscas Volantes – O retorno!



Lembram-se delas? Pois bem, elas nunca te esquecem. Pelo menos é o que a oftalmologista disse.

Em uma consulta, questionei a oftalmologista, disse que as "moscas volantes" (pontinhos que flutuam, principalmente quando está muito claro ou em paredes brancas) não iam embora. E, pasmem, ela disse que: ELAS NÃO VÃO, você só vai se acostumar com elas.

Mas, Natália, e a ansiedade? Simples. A ansiedade nos deixa alerta o tempo todo. Nós prestamos atenção na respiração, no piscar dos olhos, nas batidas do coração... e por que não nas moscas volantes?

De acordo com a médica, conforme vamos envelhecendo, o vítreo se desloca, fazendo uma sombra na retina. Isso não é grave, a não ser que comecemos a ver flashes de luz mais intensos, o que pode significar algum dano na retina, mas isso é mais raro. No geral, principalmente quem força muito a vista, trabalha em computador e tem miopia é mais propenso a ter as temidas moscas. Parece que com a idade isso só tende a piorar... bom, o jeito é acostumar (difícil para quem é ansioso!), mas posso dizer, por experiência própria, que elas já não me incomodam tanto.

Pois bem, amigos preocupados e hipocondríacos (como eu) ou seria "cybercondríacos", podem ficar sossegados, as moscas são inofensivas!

Até!

sábado, 14 de maio de 2016

Desespero


Uns dias são piores que outros. Nós sabemos que a nossa mente nos prega peças. Nós estamos conscientes de que aumentamos as coisas, que somos ansiosos. Mas, mesmo assim, como já disse anteriormente: não é suficiente apenas saber que somos ansiosos. Lógico que nós sabemos. Mas mesmo assim continuamos encontrando diversas causas para todas as nossas reações desproporcionais. Uma mancha na pele é uma doença sem cura. Uma tosse é estado terminal. 

"Mas você precisa aprender a se controlar!" dizem.

Ora essa, se todos que sofrem de ansiedade soubessem se controlar, coitada da indústria farmacêutica. Dos psiquiatras. E, nossa, que maravilha seria para nós, os protagonistas dessa história toda. Se fosse simples assim, a autora ansiosa desse blog que vos fala sequer teria pensado em criá-lo. 

Desespero. Você luta contra ele. Você quer pensar em outra coisa. Você quer fugir dos seus pensamentos, mas eles são obsessivos. Eles são compulsivos. E você não consegue se desvencilhar. Você sente uma inexplicável vontade de continuar pensando a mesma coisa, é algo autodestrutivo. Você sabe que isso te faz mal, mas você insiste. Insiste porque todo o seu momento depende disso: agarrar-se a esse desespero até chegar ao limite do seu cansaço, ao clímax da ansiedade. 

Com o tempo e o tratamento certo, isso passa a ser mais raro. No entanto, quando ocorre, é como uma avalanche desavisada. Você fica destruído por dentro, não consegue enxergar, respirar, andar, fazer nada além de dedicar-se a essa obsessão. Pudera. É isso que alimenta a ansiedade. E a ansiedade é o que te alimenta.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Persistência da Memória





Como bem ilustrou Salvador Dali, nós somos uma mera distração do tempo, um brinquedo das horas. E, quanto mais insistimos em desafiá-lo, mais perdemos tempo. Quando queremos que o tempo passe logo, ele é um conta-gotas. Quando queremos o oposto, sequer há tempo para notar que passou. 

Mas o tempo é um inimigo do ansioso. Porque o ansioso, ao mesmo tempo que não tem paciência nenhuma, quer que tudo seja para ontem, ele quer que o tempo fique estagnado, para que não tenha que lidar com os problemas que podem surgir. Essa contradição faz parte da ansiedade e da depressão. Ao mesmo tempo que não há gosto pela vida, há um medo obsessivo da morte. 

Insistimos nos mesmos pensamentos, nas mesmas coisas que nos atormentam. Pensar, repensar, lembrar e relembrar são coisas feitas incessantemente pelos ansiosos. Pensar essas coisas que pioram nossa situação é como um alimento ao cérebro, ele pede isso e, se não o alimentamos, parece que falta uma parte de tortura diária à qual nos submetemos grande parte da nossa vida. O corpo pede essa tortura, como se esses pensamentos repetidos fossem uma parte essencial do cérebro, que não consegue funcionar se algumas coisas não forem feitas ou pensadas, ainda que sejam prejudiciais.

A ansiedade é uma droga mais forte do que qualquer ansiolítico. O ansiolítico mexe com a serotonina, com os nervos, estômago, com a nossa percepção, é fato. Mas e a ansiedade faz o quê? Tudo isso sem precisar de um único comprimido. E é mais viciante do que qualquer benzodiazepínico. Porque, muito embora nos faça mal, não conseguimos nos desvencilhar.

Estar ansioso é como colocar os dois pés em uma areia movediça e, à medida que está afundando e tenta voltar ao topo, sente um mórbido prazer em se afundar mais e sentir a lama cobrindo os pés, o corpo e, muito em breve, a cabeça.

Por isso, não basta unicamente estar ciente de que se é ansioso. Porque a ansiedade é um vício. Ela nos toma por completo e controla todas as nossas ações. Ela existe e persiste, como o tempo. É algo que achamos que controlamos, mas não poderíamos estar mais enganados, não é mesmo?

Estar ciente é o primeiro passo. O segundo é fazer algo a respeito. Psicólogo? Terapeuta? Psiquiatra? Todos eles? Quem sabe, o que ajudar melhor. O que não pode é ceder ao vício da ansiedade. Parar de tomar o remédio antes de melhorar, ceder à ansiedade e não à voz do Psicólogo, apegar-se a essa substância viciante obsessiva, agarrar-se à areia que cobre seu corpo, em vez de buscar a superfície. 

A ansiedade nos domina não só porque é algo sobre o qual não temos controle. Ela é algo sobre o qual não temos controle porque está dentro de nós e nós nos apegamos a ela, nós necessitamos dela, nós fazemos dela parte essencial, nós damos a atenção que não merece.

Para emergir não é necessário apenas consciência. É necessário consciência em movimento. Eu sei que tenho que subir. Eu sei que tenho que subir e vou fazer algo a respeito: vou subir, mas sem olhar para baixo.