segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A imposição dos padrões da sociedade como agravantes de ansiedade e depressão



Olá, terráqueos!

Estive ouvindo histórias de diversas pessoas, dentro e fora do meu convívio, sobre como seus familiares, amigos e até seus terapeutas lidam com ansiedade e depressão e notei um certo padrão, um padrão ridículo e uma imposição na maioria das vezes escancarada da sociedade, que causa mais pressão e funciona como um retrocesso na melhora.

Quem já teve depressão provavelmente sabe do que estou falando. As pessoas, além de diminuir seu sofrimento, colocando em questão bombardeios na Síria, fome na África e pessoas com câncer ou deficientes, atribuem o transtorno a causas tão esdrúxulas e sem sentido que, muitas vezes, mesmo não sendo a causa, a pessoa que está com depressão se sente tão pressionada e tão mal por estar nessa situação, que acaba também associando.

Compreendem do que eu estou falando? Da pressão da sociedade. Se a pessoa está sozinha, atribuem a depressão à falta de um(a) companheiro(a). Se a pessoa está casada, atribuem à falta de um filho. Se a pessoa está desempregada, atribuem à falta de um emprego. E assim sucessivamente. "Mas, Natália, então só é feliz quem é casado, tem filhos e um emprego?" Bom, em tese, esse seria o modelo. E quem tiver todas essas coisas (mais saúde, saúde física, porque a saúde mental que se foda) não pode reclamar de nada, porque, oras, na Etiópia as crianças morrem de fome e na Síria são bombardeadas. 

As pessoas, muitas vezes, estão bem resolvidas sozinhas, mas sentem-se pressionadas por outras a arranjar alguém e acabam ficando piores do que já estavam quando transformam o fato de estarem sozinhas porque querem ou porque não encontraram alguém que fizessem ter vontade de não estarem mais sozinhas em simplesmente "Estou sozinho(a) porque ninguém me quer e assim morrerei". E transformam isso em uma necessidade. A necessidade de ter uma companhia, jogando o peso da responsabilidade em uma possibilidade e se decepcionando mais e mais cada vez que algo der errado.

Ouvi relatos de pessoas que ouviram de seus psicólogos em sessões de terapia que o que falta em suas vidas é um(a) namorado(a). Quão absurdo é isso? Não é qualquer pessoa que está falando isso, é o psicólogo. A pessoa que deveria supostamente AJUDAR. E as mulheres que sofrem pressão para ser mães? "Um filho irá salvar seu casamento!" Oi? E se ela não consegue engravidar, como fica? Não fica. Só piora.

A sociedade, por si só, já impõe padrões, já nos faz sentir como um quebra-cabeça com peças faltando. Imagina para quem tem um transtorno? A tendência é só afundar mais e mais. 

Portanto, aqui vai um conselho: não imponha o que você considera bom para você a outra pessoa. Por mais que o conselho tenha boas intenções, dizer a uma pessoa com depressão que ela PRECISA arranjar alguém para tirá-la desse estado é condicionar sua doença a uma possibilidade que você não sabe quando vai existir e provavelmente não será a cura para os problemas. Isso é muito mais perigoso do que parece. Mesmo porque, ninguém precisa de ninguém para ser feliz. E fazer alguém pensar isso, influenciar de alguma forma, é aumentar um transtorno e torná-lo dependente de algo que não irá necessariamente melhorá-lo.

Tenha consciência, tenha respeito e, principalmente, TENHA EMPATIA: coloque-se no lugar do outro.

Um comentário:

  1. Bacana Demais! Adoro seus textos, compartilhamos muitas ideias semelhantes, e as que nao sao semelhantes eu sempre tiro algo de bom!

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