quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O limite da paciência


O psiquiatra receitou mais 4 meses de escitalopram + buspirona (dose máxima). Eu melhorei em relação a algumas coisas, outras continuam intactas, meu desespero é o mesmo diante das coisas que eu tenho para fazer, por exemplo. Mas eu fico me perguntando quando esse pesadelo irá acabar se é que vai. O remédio me ajuda, não queria precisar tomar, mas o medo de parar acarreta ainda mais crises de ansiedade.
Semana passada melhorei um pouco, mas voltei ao estresse no limite, porque eu simplesmente não aguento as cobranças e, quando as pessoas para de me cobrar coisas, eu acho que a cobrança fica implícita e eu me cobro. Isso me desgasta muito. 
Eu ando na rua querendo trucidar as pessoas na minha frente, jogá-las na linha do trem, eu não aguento lerdeza e parece que o mundo é lerdo: para andar, para fazer um trabalho, para responder a uma pergunta simples, para registrar um pedido no caixa, entre outras coisas que eu poderia ficar infinitamente citando. Elevadores me irritam, quando vejo que tenho companhia, sinto vontade de subir 9 andares de escada. No prédio onde moro, dá para ver as pessoas que chegam da rua de lá da área do elevador e é educado esperá-las quando o elevador chega, não tenho muita escolha, minha vontade é de subir correndo e deixar a pessoa lá embaixo, fingir que não vi, mas ainda tenho um pouco de bom senso, tento respirar fundo e pensar "não custa nada atrasar 30 segundos", mas eu subo desgostosa se a pessoa vai descer um andar antes de mim, porque, claro, vai demorar mais se o elevador fizer uma parada antes do meu andar. Eu estou sempre acelerada, como se não fosse dar tempo de fazer nada, com raiva de gente preguiçosa, que dorme demais, que tá sempre cansada, sempre querendo dormir, acha que andar 5 metros cansa, eu até tento ter empatia, porque né, eu preciso dela, mas não consigo, eu simplesmente não consigo!
A academia é um estresse à parte. Eu chego querendo matar as pessoas e saio de lá com um plano de eliminação em massa. Eu só cumprimento algumas pessoas por obrigação, para, sei lá, não acharem que eu me acho melhor que elas, porque na verdade não é isso, eu só não suporto pessoas e, em lugares com dezenas delas, eu fico mais acuada, querendo sumir, principalmente quando tenho que interagir. A academia tem 3 andares nos quais você pode malhar, sendo que dois deles possuem os mesmos aparelhos, mas, como eu me acostumei a malhar no último andar, eu não consigo simplesmente mudar, se tivesse que fazer isso, seria um processo e talvez não teria volta. Eu preciso dessas rotinas para sobreviver na sociedade, preciso ter algumas certezas, controlar algumas coisas, ser metódica. E aí, quando alguém senta no aparelho que eu queria usar, eu fico desolada, porque as pessoas, ELAS SÃO LERDAS, não sei se já disse isso (tsc). Sem contar que elas suam e eu tenho nojo até de passar o álcool gel para limpar os aparelhos antes de usar, porque, sério, aquele paninho, urgh!
O mercado é um teste de paciência. As pessoas para os carrinhos NO MEIO do corredor, eu tenho vontade de tomar distância e acertar correndo o carrinho delas com o meu, pra ver se capota, causa um estrago. Derrubar umas latas na cabeça delas pra ver se acordam e o cérebro funciona. A fila é um espetáculo isolado, eu entro em transe de tanto ódio de gente tirando muita dúvida inútil, batendo papo, sendo lerda para procurar cartão, embalar as compras! Olha, não é fácil.
Mas o metrô é o lugar diário onde mais tento relevar, porque aquela terra de ninguém é uma ameaça à saúde cardíaca. As pessoas são muito mal educadas e com a má educação vem a lerdeza. Sabe? A LERDEZA! Elas deixam para procurar o bilhete na catraca. Elas param na porta sendo que não vão descer. Elas entram no metrô LENTAMENTE enquanto tem um monte de gente atrás querendo entrar também. Eu quero matar essas pessoas. Às vezes alguns pensamentos agressivos passam pela minha mente, olho praquela pessoa estacionada deliberadamente no meio da porta, interrompendo a passagem, com espaços dentro do trem, sendo que não vai descer e me imagino puxando cabelo, socando a cara, entre outras coisas.
Eu queria mesmo ser uma pessoa melhor, mas eu não consigo. Não consigo porque tudo que preciso fazer envolve algum tipo de interação humana e isso me dá nos nervos. A única coisa que me acalma é quando encontro algum animal na rua, brinco, converso, passo a mão, que infelizmente onde moro não é permitido ter animais, mas as minhas plantas também me acalmam. Mas é só. SÓ ISSO. Até para ver série tenho me estressado, com os personagens, inclusive, até sonho com eles.
Não faço nada por mal ou tenho uma implicância gratuita com o mundo. Eu sou muito ANSIOSA e as pessoas me parecem todas tranquilas demais e eu começo a odiar essa tranquilidade, porque eu não consigo imaginar como ela existe. "Mas você não tem empatia e quer empatia?", olha, empatia, no momento, é uma coisa que não tá dando pra ter. 
E, por fim, em relação aos amigos, eu simplesmente não aguento mais. Assim, estou esgotada, não quero sair, não quero que venham em casa, não tenho vontade de ouvir seus problemas, nem de contar os meus, porque eu não tenho vontade de conversar com eles. Acho que se eu não morasse com meu namorado, existiriam momentos assim também na hora da comunicação. É muito complicado, as pessoas ficam chateadas, mas eu não consigo, eu começo a ficar com raiva delas quando elas são insistentes, egocêntricas e começam a falar da vida delas (que na verdade é uma coisa normal que as pessoas fazem, é o que estou fazendo aqui), mas eu não consigo ouvir/ ler "eu fui", "eu fiz", "eu tô assim", "eu tô assado", que eu começo a sentir pontadas, ficar com falta de ar, me dá nervoso, eu não aguento as pessoas, eu tento repelir, mas parece que atraio mais!

Fica aqui esse desabafo de uma ansiosa dominada por sua ansiedade que não consegue aceitar a vida em sociedade e o fato de que, infelizmente, tenho que (con)viver no mesmo espaço que outras pessoas. 

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