Tive uma série de problemas familiares, juntou faculdade e trabalho.
Comecei a passar mal no emprego: falta de ar, taquicardia, suor excessivo.
Pânico.
Estava instaurada a minha guerra contra o desconhecido.
Hospital diariamente..
Meus exames estavam ótimos...!
Me perguntava:
Deus, o que eu tenho? Acho que prefiro morrer...
Exames atrás de exames, amizade até com a mocinha da limpeza do hospital Le Forte no morumbi.
Os médicos, já meus íntimos, aparentemente cansados de ver meu rosto, disseram:
S., você tem pânico associado à grave depressão.
Eu imediatamente esbravejei, num tom incrédulo e de certa forma rude:
Vocês estão loucos?? Eu não tenho isso! Eu estou doente fisicamente!
Por pouco eu não disse:
EU NÃO SOU LOUCA, VOCÊS SÃO INCOMPETENTES, CEGOS OU O QUÊ??
Revolta.
Pensei: Eu não vou voltar naquele hospital.. Onde já se viu..?
Baixa hospital no dia seguinte e nas semanas seguintes e no mês seguinte...
Parei com hospital.
Parei com higiene pessoal.
Parei de comer.
Não levantava da cama, sentia meu corpo atrofiando lentamente.
Já não tinha forças...
Certo dia pensei:
- Quer saber? Acho que pode ser que eu tenha isso.. Mas o que é isso?
Eu não entendia...
Volta ao hospital.
- Doutor, como resolve?
- Você precisa de um psiquiatra.
Silêncio....
- Entendi... Vou ter que tomar "remédio de cabeça"?
- Dependendo do diagnóstico do médico, será necessário tomar.. Provavelmente você tem uma falha em algum neurotransmissor ou falta de serotonina.
- Ah, tudo bem. Obrigada Doutor.
Vai ao psiquiatra.
Toma um remédio, não fez bem.
Testa o próximo, não funciona.
O seguinte, efeito reverso.
Piora no quadro.
E outro, outro, outro...
Suicídio.
Três tentativas mal sucedidas. Sempre o salvador da pátria aparecia...
Será que sou um fracasso até para me matar? Nem pra isso sirvo.! Meu Deus, por favor, me leva...
Frustração, outra tentativa... Eu precisava sair daquilo.
Tomo cinquenta comprimidos diversos.
Agora vai.
Não deu.
O salvador chegou.
Hospital.
Enfermeiro sem paciência, mas, a médica que me conhecia chegou, me abraçou e aguardou o procedimento.
Cinco horas de lavagem.
Parei com os remédios, nenhum adiantou.
Ainda luto contra a mente, hoje estou bem melhor, mas, ainda dói.
A gente vai andando, continua aos trancos e barrancos... Finge sorriso, finge paz, finge vida...
Mas, quem sabe se eu continuar fingindo aquilo não vira real?
Continua...
S.R., sexo feminino, 27 anos.
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