segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A preocupação excessiva e a distorção da realidade

A ansiedade nada mais é do que uma preocupação excessiva. Quando nos PREocupamos com algo, estamos antecipando problemas que podem ou não acontecer, mas que só poderíamos resolver se fossem concretos, ou seja: ocupando-nos deles e não nos preocupando com. Apesar de tudo isso, é muito difícil deixar as preocupações de lado, principalmente para quem é ansioso. Contudo, quando as preocupações são excessivas e estão tomando conta da sua vida pessoal, do seu trabalho, tirando seu sono e sua concentração: é hora de buscar ajuda profissional. Está com os exames em dia? Se não, faça-os. Não houve nenhuma alteração significativa? Então o mais correto é buscar ajuda de um psicólogo, um terapeuta ou um psiquiatra – e até de uma terapia conjunta, que envolva medicamento e sessões. 
Nosso corpo nos manda sinais de que há algo errado, mas muitas vezes, receber esses sinais não significa que tenhamos alguma doença física específica, mas, algum processo mental ocorre. Quando estamos ansiosos, ficamos alerta o tempo todo. A mãe que se preocupa com o filho é uma mãe normal. Já a mãe que tem uma preocupação obsessiva, precisa de ajuda. Preocupar-se com a saúde é normal. Ficar obcecado por doenças é sinal de que algo não vai bem. 
Quando fui ao neurologista, pensando ter alguma doença autoimune ou degenerativa, e expliquei o que eu sentia ao médico, ele logo descartou qualquer doença e disse algo que me fez pensar: "A ansiedade nos faz ter consciência de tudo que ocorre no nosso corpo e isso é um problema. Por exemplo, se ficarmos prestando atenção na nossa respiração, ela vai acabar ficando forçada ou irregular em algum momento. Se prestarmos atenção na maneira como nos locomovemos, começaremos a sentir algo estranho nas pernas. Assim como a visão e demais sentidos do corpo humano". E essa, amigos ansiosos, é uma verdade absoluta. Desde que tive os primeiros sinais de que a ansiedade havia passado dos limites, comecei a prestar atenção excessiva em cada sinal do meu corpo. Tato, visão, respiração. Não estava enxergando direito, não estava respirando, tinha a sensação que havia desaprendido a andar. Que minha perna esquerda estava pior que a direita, puxando, como se estivesse endurecendo. Mas eu conseguia fazer todos os exercícios na academia sem nenhum esforço. Ué? Então qual a explicação para o fenômeno da perna, que só ocorria quando eu estava andando sozinha e pensando na morte da bezerra? Aí é que está: o problema estava na minha cabeça. 
A ansiedade gera o medo. Medo das mais diversas coisas. Esse medo distorce a realidade. Assim como eu distorci pensando ter alguma doença grave, as pessoas distorcem pelos mais diversos motivos. Algumas pessoas ficam excessivamente preocupadas de que algo vá acontecer com elas caso saiam de casa. Um atropelamento. Um assalto. Um estupro. Um mal súbito sem ninguém para socorrer. E os mais diversos pensamentos alimentados pelo medo. Outras têm preocupação excessiva com entes familiares. Não conseguem dormir à noite pensando que vão perder as pessoas que amam, que se saírem de casa vão ser assaltadas, mortas, desaparecer. O excesso de preocupação transforma a realidade aumentando de maneira progressiva as possibilidades das coisas ocorrerem. Coisas que têm estatística de 0,01% passam a ser prováveis. 
Eu também tinha medo de sair de casa. Passava longe dos carros estacionados, temendo que alguém estivesse dentro deles e me sequestrasse. Medo exacerbado é diferente de cautela. Cautela é tomar cuidado, ter medo é sentir-se apavorado em situações comuns do dia a dia. É preciso saber essa diferença.
A preocupação esdrúxula nos leva ao nosso limite. Tirando nossa paz, nosso sossego, nossas noites de sono e até as tarefas simples que realizamos normalmente. Diria que é uma hiperconsciência, um aumento mórbido de sensações, o nosso alerta máximo a qualquer mínima coisa diferente, uma desconfiança constante. 

Por isso, não tenha vergonha de assumir para si mesmo que se sente assim. Não tenha medo de cogitar essa possibilidade. Não tenha receio de buscar qualquer tipo de ajuda. Nós é que devemos tomar conta das preocupações, na verdade, ocupando-nos dos reais problemas e não nos preocupando com problemas inexistentes ou potenciais, deixando que a preocupação nos tome. Morrendo, sempre, na véspera, sem viver os momentos em seu tempo certo.

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