quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Depressão não é "frescura"


Muitas pessoas tratam as patologias psiquiátricas e psicológicas como "frescura". Mas, claro, para elas, algo que não aparenta ser físico só pode ser uma invenção da cabeça.

Mas não é bem assim.

Depressão não é "frescura". Não é uma tristeza momentânea por um determinado acontecimento. Não é aquele vazio que normalmente sentimos em finais de tarde, a preguiça de levantar cedo na segunda-feira ou a falta de dinheiro no final do mês. A depressão não tem necessariamente uma causa específica, pode ser agravada por acontecimentos, palavras e até pelo descaso das outras pessoas, mas esses fatores podem ou não ser determinantes e isso varia de pessoa para pessoa. A depressão não atinge só quem passa por momentos de dificuldade financeira, morte de entes queridos, animais, decepções amorosas ou no trabalho, como todo mundo pensa que é. A depressão pode atingir qualquer pessoa e não precisa existir um motivo concreto. Assim como diversas doenças.

Portanto, para você que não tem depressão, vai aqui uma lista de coisas que você precisa saber.

1. A depressão não é algo que pode ser controlado por vontade própria

Não adianta falar para alguém que tem depressão que ela deve "pensar positivo", "parar de ser triste", "sair e se distrair". A depressão é um lugar escuro. E a luz está longe de ser alguma dessas frases prontas que se diz a alguém que terminou com o namorado ou perdeu o emprego. Tome muito cuidado com as palavras.

2. A depressão atinge qualquer faixa etária ou classe social

Não é porque a pessoa tem uma vida aparentemente "boa" que ela está livre de ter depressão. Primeiro, porque sabemos que a visão que temos da vida alheia é bem diferente do que ela realmente é. Segundo, porque problemas são subjetivos, somente quem passa por eles sabe a dimensão. Então não faça comparações esdrúxulas, como: "Tantas crianças passando fome na África e você que tem o que comer não levanta da cama", "Veja, ela não tem um braço e é feliz. Você com os dois fica nessa depressão". Isso é um retrocesso para a pessoa que está em depressão, em vez de ajudá-la, você pode até prejudicar e fazê-la regredir no tratamento.

3. Não se deve minimizar a dor de quem tem depressão

Complementando o tópico anterior, tratar a depressão como algo que 1. pode ser controlado; 2. sem importância, pois crianças na África têm fome; 3. que tem uma causa específica e a pessoa está exagerando é algo que pode prejudicar quem passa por esse processo. A pessoa, que não consegue entender por que está naquele lugar, começa a achar que nunca sairá de lá, pois ela mesma não compreende o que a levou até lá e se as pessoas à sua volta não conseguem compreender o mínimo, ela sentirá que está sozinha, isolando-se ainda mais de tudo.

4. A depressão não tem uma causa específica, mas pode ter agravantes

A pessoa pode estar em depressão por diversas causas, conjuntas, por uma causa específica, por um assunto mal terminado ou simplesmente sem nenhuma causa. Por isso, é imprescindível que quem deseja ajudar quem está deprimido saiba algumas coisas:

a.) não se deve julgar quem está em depressão (principalmente minimizando a dor e fazendo comparações esdrúxulas).
b.) deve-se evitar dar conselhos, conselhos só vão atrapalhar e fazer com que a pessoa se sinta ainda mais sozinha.
c.) não meça ninguém com a própria régua, se alguém com depressão pode não conseguir compreender outra pessoa no mesmo estado, você, que não se encontra nesse estado, pode, menos ainda, compreender a dor do outro. Apenas respeite.
d.) não empurre religião em alguém que não tem costume de ser religioso. Se a pessoa está aberta a isso, tudo bem fazer orações. Mas se a pessoa não tem esse costume, tentar empurrar rezas goela abaixo só vai fazer com que ela se sinta pior ainda, primeiro por não conseguir melhorar efetivamente com isso, segundo por não se sentir bem e terceiro porque cada ser é distinto do outro, então respeite a escolha de cada um. Falar em Deus não ajuda quem não quer ouvir, é um conceito básico.

5. Coisas que podem ser feitas para ajudar alguém próximo com depressão

a.) Ser paciente. Tenha paciência. Vão existira altos e baixos, dias ruins e dias ruins e, quem sabe, dias melhores. Mas nenhum deles será regra, não é algo que se pode prever. Então, tenha cautela e muita paciência.
b.) Estar presente. Mostrar-se presente, com gestos e atitudes, não apenas com palavras. As palavras entram e saem pelo ouvido de quem tem depressão e, acredite, alguém com depressão pode transformar qualquer conselho em algo ruim. Trata-se de algo intrínseco, que distorce a visão externa.
c.) Ouvir mais do que falar. Muitas vezes, as pessoas querem tentar expor o que sentem, mas têm vergonha ou receio de julgamentos precipitados, discursos prontos de como elas deveriam sair e distrair, ver coisas alegres, acreditar em Deus etc. Cansadas das mesmas coisas, acabam se isolando e se calando.
d.) Respeitar a dor alheia. Respeito é bom e todo mundo gosta. Cada um tem seu infinito particular, seu pedaço de mundo. Por isso, é importante não invadir esse espaço. Se a pessoa quiser falar, ouça. Se não quiser, não insista a ponto de piorar as coisas.
e.) Perguntar se está tudo bem ou se a pessoa precisa de algo. Tentar ajudar de uma forma honesta, sem precipitações, vendo primeiro o que a pessoa quer antes de qualquer coisa.
f.) Aprender sobre a depressão. Ler e procurar saber sobre antes de soltar qualquer frase pronta, clichê e absurdos do senso comum que só fazem piorar o estado de quem está depressivo.

6. Não banalize o transtorno

Muitas pessoas banalizam os transtornos, como se fossem estados de humor que podem ser mudados com um sorvete de chocolate. "Ai, hoje tô deprê", "Eu sou muito bipolar, de manhã tô brava e de tarde tô alegre", "Eu tenho TOC com isso".

BIPOLAR é um tipo de transtorno. É um transtorno GRAVE. Não é porque você tem modificações do seu humor mimado que você é bipolar. Se você tá bravinha de manhã e feliz à tarde não significa que você tem um transtorno. Seja responsável e não transforme a dor do outro em mais uma futilidade sua.

DEPRESSÃO é um transtorno. Não é porque você tá triste porque sua série foi cancelada que você está "deprê". Depressão tem tratamento e só é tratada como frescura por conta de banalizações como essa.

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC) atrapalha a vida de muitas pessoas. Não é porque você gosta de linhas simétricas que você tem TOC. TOC precisa de tratamento, acompanhamento e é um TRANSTORNO, não uma brincadeira da internet.

Ficou claro?

DEPRESSÃO NÃO É FRESCURA.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A preocupação excessiva e a distorção da realidade

A ansiedade nada mais é do que uma preocupação excessiva. Quando nos PREocupamos com algo, estamos antecipando problemas que podem ou não acontecer, mas que só poderíamos resolver se fossem concretos, ou seja: ocupando-nos deles e não nos preocupando com. Apesar de tudo isso, é muito difícil deixar as preocupações de lado, principalmente para quem é ansioso. Contudo, quando as preocupações são excessivas e estão tomando conta da sua vida pessoal, do seu trabalho, tirando seu sono e sua concentração: é hora de buscar ajuda profissional. Está com os exames em dia? Se não, faça-os. Não houve nenhuma alteração significativa? Então o mais correto é buscar ajuda de um psicólogo, um terapeuta ou um psiquiatra – e até de uma terapia conjunta, que envolva medicamento e sessões. 
Nosso corpo nos manda sinais de que há algo errado, mas muitas vezes, receber esses sinais não significa que tenhamos alguma doença física específica, mas, algum processo mental ocorre. Quando estamos ansiosos, ficamos alerta o tempo todo. A mãe que se preocupa com o filho é uma mãe normal. Já a mãe que tem uma preocupação obsessiva, precisa de ajuda. Preocupar-se com a saúde é normal. Ficar obcecado por doenças é sinal de que algo não vai bem. 
Quando fui ao neurologista, pensando ter alguma doença autoimune ou degenerativa, e expliquei o que eu sentia ao médico, ele logo descartou qualquer doença e disse algo que me fez pensar: "A ansiedade nos faz ter consciência de tudo que ocorre no nosso corpo e isso é um problema. Por exemplo, se ficarmos prestando atenção na nossa respiração, ela vai acabar ficando forçada ou irregular em algum momento. Se prestarmos atenção na maneira como nos locomovemos, começaremos a sentir algo estranho nas pernas. Assim como a visão e demais sentidos do corpo humano". E essa, amigos ansiosos, é uma verdade absoluta. Desde que tive os primeiros sinais de que a ansiedade havia passado dos limites, comecei a prestar atenção excessiva em cada sinal do meu corpo. Tato, visão, respiração. Não estava enxergando direito, não estava respirando, tinha a sensação que havia desaprendido a andar. Que minha perna esquerda estava pior que a direita, puxando, como se estivesse endurecendo. Mas eu conseguia fazer todos os exercícios na academia sem nenhum esforço. Ué? Então qual a explicação para o fenômeno da perna, que só ocorria quando eu estava andando sozinha e pensando na morte da bezerra? Aí é que está: o problema estava na minha cabeça. 
A ansiedade gera o medo. Medo das mais diversas coisas. Esse medo distorce a realidade. Assim como eu distorci pensando ter alguma doença grave, as pessoas distorcem pelos mais diversos motivos. Algumas pessoas ficam excessivamente preocupadas de que algo vá acontecer com elas caso saiam de casa. Um atropelamento. Um assalto. Um estupro. Um mal súbito sem ninguém para socorrer. E os mais diversos pensamentos alimentados pelo medo. Outras têm preocupação excessiva com entes familiares. Não conseguem dormir à noite pensando que vão perder as pessoas que amam, que se saírem de casa vão ser assaltadas, mortas, desaparecer. O excesso de preocupação transforma a realidade aumentando de maneira progressiva as possibilidades das coisas ocorrerem. Coisas que têm estatística de 0,01% passam a ser prováveis. 
Eu também tinha medo de sair de casa. Passava longe dos carros estacionados, temendo que alguém estivesse dentro deles e me sequestrasse. Medo exacerbado é diferente de cautela. Cautela é tomar cuidado, ter medo é sentir-se apavorado em situações comuns do dia a dia. É preciso saber essa diferença.
A preocupação esdrúxula nos leva ao nosso limite. Tirando nossa paz, nosso sossego, nossas noites de sono e até as tarefas simples que realizamos normalmente. Diria que é uma hiperconsciência, um aumento mórbido de sensações, o nosso alerta máximo a qualquer mínima coisa diferente, uma desconfiança constante. 

Por isso, não tenha vergonha de assumir para si mesmo que se sente assim. Não tenha medo de cogitar essa possibilidade. Não tenha receio de buscar qualquer tipo de ajuda. Nós é que devemos tomar conta das preocupações, na verdade, ocupando-nos dos reais problemas e não nos preocupando com problemas inexistentes ou potenciais, deixando que a preocupação nos tome. Morrendo, sempre, na véspera, sem viver os momentos em seu tempo certo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O retorno ao Psiquiatra

Eu já tinha ido duas vezes ao psiquiatra. Na segunda vez, foi porque me desesperei com os efeitos colaterais do remédio e achava que iria morrer. 

Não morri.

E hoje fez um mês de escitalopram e buspirona. Fiquei o dia inteiro apreensiva. Vai que eu chego lá e tem uma camisa de força me esperando. Ou que eu sou atropelada no caminho. Ou roubam minha bolsa. Ou pior: eu tenho um colapso e morro na calçada com meu celular destravado.

Esses pensamentos maravilhosos de quem é ansioso. E pessimista.

Cheguei lá, tinha um paciente na portaria do prédio que ia para o mesmo andar. Quando falei o nome do médico, ele virou e disse "Você também é bancária? Ele atende muito bancários que ficaram loucos."

Quê? Já me deu um calafrio. Respondi: "Não sou não". "É professora, então?" É tão óbvio assim?
Respondi que era só revisora. Céus, dez andares intermináveis.

Cheguei lá, consultório vazio. Será que eu teria que ficar na sala com aquele bancário (sei lá) estranho que não calava a boca? 

Ele assinou a ficha e logo foi chamado. Eu, distraída, assinei no lugar errado para variar. Só para variar.

Entrei apreensiva esperando o pior. Só de olhar para a minha cara ele poderia decretar uma sentença de morte ou sei lá. O fato é que do caminho do trabalho até o consultório, que não dá meia hora, eu pensei em tudo isso e mais um pouco.

"E aí, dona Natália?" Gelei. Respondi que estava melhor, mas que ainda tinha alguns sintomas. Ele brincou. Fez umas perguntas, conversou um pouco. Fiquei mais calma. Receitou remédio para mais dois meses.

Estou visivelmente melhor, mas ainda bate o desespero, a ansiedade, os pensamentos compulsivos pessimistas que não vão embora. Já tem dias que não pesquiso doenças. E nem sinto vontade. O remédio me ajudou bastante, a não ficar ansiosa 24 horas por dia, por exemplo. Mas algumas situações ainda me levam ao extremo.

É um caminho longo. Mas não tenho outra escolha senão percorrê-lo. 

"Tá tomando remédio de louco, é?" Disseram. 

Achei de mau gosto. Mas respondi que sim.

Ser normal é muito chato.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Síndrome do Pensamento Acelerado

Já ouviu falar da "Síndrome do Pensamento Acelerado"? Pois é.

É um dos males do nosso século. As pessoas têm mais de um emprego, estudam, cuidam da casa, dos filhos, dos animais de estimação, procuram interagir nas redes, participar de eventos, encontrar amigos... ufa! Tudo isso cansa. Mesmo as coisas prazerosas. Isso porque fazemos tudo em um ritmo frenético e acelerado, para ganhar tempo, mas a verdade é que não aproveitamos nosso tempo com sabedoria.

Seria o pensamento acelerado causado pela ansiedade ou seria a ansiedade causada pelo pensamento acelerado?

Não conseguimos viver um dia de cada vez, sem nos preocuparmos com o "amanhã", o "depois de amanhã", o "mês que vem". E, acabamos por perder o "hoje". Excesso de preocupação que, quando extrapola um limite, é mais um degrau para um possível transtorno de ansiedade.

O ideal é tentar relaxar. Mas quem consegue? Não existe uma receita certa, mas fazer o que gosta, com calma, sem acelerar as coisas, colocando tudo em seu devido lugar, é algo que ajuda a desligar um pouco, reduzir a tensão.

Afinal, o amanhã ninguém sabe. Vamos aproveitar o que temos hoje e cuidar da nossa saúde mental!

Boa noite, ansiosos!

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O poder das palavras

A palavra tem um poder imensurável.

Pelo menos na cabeça das pessoas. Dizer que não se importa todo mundo diz, mas no fundo é bem diferente.

As palavras afetam sim, principalmente, pessoas que estão vulneráveis, em guerra com a depressão, ansiedade e inseguras. E pior: as pessoas maltratam as outras a troco de nada. Nada mesmo. Porque não gostaram do jeito, do cabelo, da roupa e até de uma coisa que outra falou em um determinado momento e jamais foi confrontada. Não faça isso. Você não sabe pelo que a pessoa está passando. Você não sabe o quanto pode influenciar uma pessoa que tem tendência a ficar deprimida, a entrar em modo de autodestruição, que tem baixa autoestima. E esse é um dos motivos pelos quais as pessoas que estão nessas situações permanecem nelas por muitos anos, mesmo com terapia, mesmo com medicação, mesmo com pessoas que as amam ao seu redor. Porque uma crítica infundada e desnecessária, uma palavra mal utilizada, em tom de deboche, tem um peso muito maior do que mil elogios.

Os transtornos que envolvem a mente não são levados a sério como deveriam. São tratados como frescura, falta do que fazer, falta de um namorado, falta de um emprego ou qualquer coisa que justifique o abismo que a pessoa está prestes a pular, o fundo do poço no qual se encontra, sem nem ela mesma entender por quê. Mas a verdade é que não são necessários motivos concretos. A única coisa que pode desencadear uma crise é nossa mente e os fatores externos são um agravante. Porque cada um é diferente, cada um é afetado de uma forma, por algo, específico ou por um conjunto de coisas que dentro da cabeça faz muito, muito sentido, ao mesmo tempo que não faz nenhum.

As enfermidades psiquiátricas são as que mais crescem, não só no Brasil, mas no mundo. O mal do século XIX era a tuberculose. Enquanto, hoje, não lutamos contra uma bactéria, mas, sim, contra nossa própria mente. 

Então, se pretende usar a palavra, use-a com responsabilidade. Use-a sem julgar. Use-a para ajudar.

Se não for para isso, então o mais sábio é calar-se.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Crises de Pânico

As crises de pânico são bastante frequentes entre as pessoas que procuram serviços médicos gerais, de atenção primária, e também especialistas diversos, como cardiologistas e neurologistas (estes devido às vertigens que muitas vezes acompanham as crises).
As crises de pânico são caracterizadas como ataques agudos de ansiedade intensa, acompanhados por sintomas somáticos proeminentes. Entre os sintomas psíquicos, encontram-se medo intenso (de morrer, perder o controle, enlouquecer) e sensações de irrealidade ou estranheza referidas ao ambiente (desrealização) ou a si mesmo (despersonalização). Para o diagnóstico de crise de pânico, devem estar presentes quatro ou mais desses sintomas e dos que serão expostos mais adiante (de acordo com os critérios da American Psychiatric Association). Os sintomas iniciam-se agudamente e atingem sua intensidade máxima dentro de 10 minutos, esvanecendo-se num período variável de minutos a 1 ou 2 horas.
Quando as crises de pânico ocorrem de forma espontânea e recorrente, levando à intensa preocupação com sua repetição e supostas consequências (medo de morrer, de sofrer um ataque cardíaco ou AVC etc.), fala-se em transtorno do pânico.

Numa crise bem delimitada de intenso medo ou desconforto, 4 ou mais dos seguintes sintomas desenvolvem-se abruptamente e alcançam o máximo de sua intensidade em 10 minutos:

1. Palpitações ou aceleração da frequência cardíaca.
2. Sudorese.
3. Tremores ou abalos.
4. Sensação de falta de ar ou sufocação.
5. Sensação de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico.
7. Náusea ou desconforto abdominal.
8. Sensações de tonturas, instabilidade, vertigem ou desmaio.
9. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (estranheza referida a si mesmo).
10. Medo de morrer.
11. Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento).
12. Medo de perder o controle ou enlouquecer.
13. Calafrios ou ondas de calor.

Durante as crises de pânico, podem ocorrer taquicardia transitórica e elevação moderada da pressão arterial sistólica.

Fonte: MARI, Jair de Jesus, RAZZOUK, Denise, PERES, Maria Fernando Tourinho e DEL PORTO, José Alberto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar Unifesp/ Escola Paulista de Medicina – Psiquiatria. Manole: São Paulo.

domingo, 18 de outubro de 2015

Sinais e Sintomas da Ansiedade

Define-se ansiedade como um estado de humor desconfortável, uma apreensão negativa em relação ao futuro ou uma inquietação interna desagradável. Ela pode ser considerada normal ou patológica, sendo esta uma decisão subjetiva do médico, que deve avaliar a intensidade, a duração, a frequência e o prejuízo causado na vida do paciente.

Seguem abaixo os principais sinais e sintomas da ansiedade:

Somáticos

Autonômicos

Taquicardia
Vasoconstrição
Sudorese
Aumento do peristaltismo
Náusea
Midríase
Piloereção

Musculares

Dores
Contraturas
Tremores

Cinestésicos

Parestesias
Ondas de calor
Calafrios
Adormecimentos

Respiratórios

Sufocação
Sensação de Afogamento
Asfixia
Falta de ar

Visuais

Turvação da visão
Olhos secos

Psíquicos

Tensão
Nervosismo
Apreensão
Mal-estar indefinido
Insegurança
Dificuldade de concentração
Sensação de estranheza
Despersonalização
Desrealização

Fonte: MARI, Jair de Jesus, RAZZOUK, Denise, PERES, Maria Fernando Tourinho e DEL PORTO, José Alberto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar Unifesp/ Escola Paulista de Medicina – Psiquiatria. Manole: São Paulo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Boas vindas da ansiosa criadora deste blog :)

Meu nome é Natália, sou revisora, trabalho em horário comercial, levo muitos freelas para casa e adoro o que faço. 

Criei este blog no intuito de ajudar pessoas que sofrem dos mais diversos transtornos e, principalmente, ansiedade. Ia fazer um post de introdução, mas preferi começar com um relato.
Eu estou em processo de adaptação do meu remédio, ainda, que tomo há 3 semanas. Em vista do jeito que estava, agora estou bem melhor.

Meu primeiro sintoma foi a falta de ar. Já tinha tido diversos episódios de falta de ar, acompanhada de uma "tontura flutuante". Cheguei a fazer teste para labirintite, foi constatada hiperinsulinemia. Mas, com essa constatação, o fato de que eu só deveria me sentir dessa forma caso estivesse com a glicose baixa, o que não era o caso. Eu me sentia assim o tempo todo e a glicose estava normal na maior parte do tempo.
Depois da falta de ar, veio a visão turva. Parecia que eu não enxergava. Mas só que eu enxergava, era uma impressão de estar em outro plano, diferente do das pessoas ao meu redor.
Como estava tomando isotretinoína na época, muita dor nas pernas, que melhorou com o tempo. Mas, como eu estava viciada em buscar sintomas, qualquer dor que eu sentia, era uma terrível constatação.
Estava certa de que tinha alguma doença grave incurável. 
Depois de tanto procurar sintomas, comecei a ter os mais diversos. Pontadas por todo o corpo, o dia todo. Moscas volantes, ah as malditas moscas volantes! Pontinhos flutuando pelos olhos, principalmente o esquerdo. Coincidentemente, o olho que eu achava que estava enxergando menos.
Ferrou. Idas a hospitais e médicos. Exame de fundo de olho. Mapeamento de retina: nada. Dor no peito. Eletrocardiograma, raio-X: nada. Hemograma: nada. Exames hormonais, do fígado, pâncreas, tireoide, doenças infecciosas. Exames para detectar coágulos, doenças autoimunes: nada. Colesterol? Excelente.
Os médicos diziam "Esses sintomas não se encaixam em nenhuma doença, porque são muito diversos". E eu pensava: e se eu tiver ansiedade E A DOENÇA?
Mais horas em frente ao computador pesquisando, pesquisando, pesquisando. Phd em neuro, cardio e oncologia. 
Depois de relutar e perder a essência de viver, achando que, se dormisse, não mais acordaria, decidi ir ao Psiquiatra. O decreto foi: transtorno de ansiedade generalizada e transtorno obsessivo compulsivo. E a pena: 15mg de escitalopram, 15mg de buspirona e, ocasionalmente, 5mg de diazepam (o Valium). 
O começo foi horrível. Os sintomas pioraram. Crises de pânico.
E sabe o que é pior? As pessoas me dizendo "Você tem que se distrair", "Você tem que não pensar nisso", "Você tem que sair para esfriar a cabeça, fazer algo que você goste". Não me entendam mal, sei que querem ajudar: mas se isso está fora do MEU alcance, quem dirá do de vocês? Não existe palavra possível que possa nos arrancar essa angústia, esse gosto amargo na boca, essa preocupação excessiva.
Os passos são pequenos. A cada coisa que acho no meu corpo, penso ainda estar sofrendo de alguma doença. Manchas roxas, quando minhas pernas doem, desconsiderando que pego muito peso na academia sem esforço, eu ainda acho que existe um motivo diferente, que não este, ou o cansaço (porque não paro 24h) para uma dorzinha. 
Mas, estou caminhando para frente. Já consigo passar parte do dia sem pesquisar nada. Já cheguei a ficar 5 horas seguidas pesquisando e lendo sintomas e, como se não bastasse revirar todo o Google em Português, comecei também a pesquisar em Inglês. 

Tenho muitos relatos sobre mim, sobre minha infância, meus traumas (e a ausência deles). Mas vou aos poucos. Primeiro quero dar boas vindas a todos. Esse espaço é para todo mundo e espero que todos aproveitem. Espero também conseguir ajudar, na medida do possível, aqueles que passaram e passam por situações semelhantes. 

Bem-vindos.

Primeiro relato anônimo

Tive uma série de problemas familiares, juntou faculdade e trabalho.
Comecei a passar mal no emprego: falta de ar, taquicardia, suor excessivo.
Pânico.
Estava instaurada a minha guerra contra o desconhecido.
Hospital diariamente..
Meus exames estavam ótimos...!
Me perguntava:
Deus, o que eu tenho? Acho que prefiro morrer...
Exames atrás de exames, amizade até com a mocinha da limpeza do hospital Le Forte no morumbi.
Os médicos, já meus íntimos, aparentemente cansados de ver meu rosto, disseram:
S., você tem pânico associado à grave depressão.
Eu imediatamente esbravejei, num tom incrédulo e de certa forma rude:
Vocês estão loucos?? Eu não tenho isso! Eu estou doente fisicamente!
Por pouco eu não disse:
EU NÃO SOU LOUCA, VOCÊS SÃO INCOMPETENTES, CEGOS OU O QUÊ??
Revolta.
Pensei: Eu não vou voltar naquele hospital.. Onde já se viu..?
Baixa hospital no dia seguinte e nas semanas seguintes e no mês seguinte...
Parei com hospital.
Parei com higiene pessoal.
Parei de comer.
Não levantava da cama, sentia meu corpo atrofiando lentamente.
Já não tinha forças...
Certo dia pensei:
- Quer saber? Acho que pode ser que eu tenha isso.. Mas o que é isso?
Eu não entendia...
Volta ao hospital.
- Doutor, como resolve?
- Você precisa de um psiquiatra.
Silêncio....
- Entendi... Vou ter que tomar "remédio de cabeça"?
- Dependendo do diagnóstico do médico, será necessário tomar.. Provavelmente você tem uma falha em algum neurotransmissor ou falta de serotonina.
- Ah, tudo bem. Obrigada Doutor.
Vai ao psiquiatra.
Toma um remédio, não fez bem.
Testa o próximo, não funciona.
O seguinte, efeito reverso.
Piora no quadro.
E outro, outro, outro...
Suicídio.
Três tentativas mal sucedidas. Sempre o salvador da pátria aparecia...
Será que sou um fracasso até para me matar? Nem pra isso sirvo.! Meu Deus, por favor, me leva...
Frustração, outra tentativa... Eu precisava sair daquilo.
Tomo cinquenta comprimidos diversos.
Agora vai.
Não deu.
O salvador chegou.
Hospital.
Enfermeiro sem paciência, mas, a médica que me conhecia chegou, me abraçou e aguardou o procedimento.
Cinco horas de lavagem.
Parei com os remédios, nenhum adiantou.
Ainda luto contra a mente, hoje estou bem melhor, mas, ainda dói.
A gente vai andando, continua aos trancos e barrancos... Finge sorriso, finge paz, finge vida...
Mas, quem sabe se eu continuar fingindo aquilo não vira real?
Continua...

S.R., sexo feminino, 27 anos.