quinta-feira, 28 de março de 2019

Vamos falar sobe o câncer de ovário?

Oi, gente :)



Hesitei muito em postar isso aqui, porque não queria ser gatilho para ansiedade de ninguém. Mas informação nunca é demais e eu quero compartilhar tudo que sei sobre o assunto.

Como muitos sabem, outros ainda não, eu fiz uma cirurgia para retirada de ovário e trompa no ano passado por conta de um tumor potencialmente maligno chamado Tumor Seroso Proliferativo Atípico (o famoso Tumor Seroso Borderline). O que é um Tumor Borderline? É um tumor que não é benigno nem maligno a princípio, o seu comportamento é imprevisível, ele pode tanto se transformar em carcinoma, ter implantes, metástases e afins, como ficar restrito à cápsula e ter o comportamento de um tumor benigno. No meu caso, o comportamento foi benigno, mas isso não significa que não posso ter recidiva, eu vou ter que fazer o acompanhamento durante 5 anos, não posso mais ingerir hormônios e tenho vários protocolos a seguir. Resumindo: tive câncer de ovário.
No meu caso, a cirurgia bastou, pois no caso do Borderline, as chances de metástase são baixas. Porém, os tumores efetivamente cancerígenos são muito agressivos.

Algumas informações:

- O câncer de ovário é uma doença que GERALMENTE atinge mulheres a partir dos 40 anos e a partir da menopausa, mas o Borderline atinge uma grande parte de mulheres jovens. E, mesmo os tumores efetivamente cancerígenos estão cada vez mais atingindo mulheres jovens, inclusive na casa dos 20. 
- O papanicolau não detecta câncer de ovário, é um rastreamento para câncer de colo de útero E SÓ!
- Os exames que detectam uma massa suspeita são ultrassom e ressonância da pelve, pois a confirmação só é dada na biópsia, infelizmente. E não há como fazer biópsia por punção como na mama. Então, quando uma massa tem características suspeitas, o melhor a se fazer é retirá-la e enviá-la para análise anatomopatológica.
- Os sintomas do câncer de ovário são inespecíficos e muitas vezes inexistentes até que o tumor atinja grande proporções. Então atenção para cólicas fora do período menstrual, vontade frequente de urinar, inchaço, gases, sentir-se satisfeita rápido ao fazer uma refeição, aumento ou perda repentina de peso, entre outros.
- O mais importante é fazer acompanhamento com ginecologista e SEMPRE verificar se ele pediu ultrassom transvaginal, exame que deve ser feito periodicamente assim como o papanicolau.
- Cisto é cisto e tumor é tumor, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Cistos que vão e vêm NÃO são câncer. Ovário policístico NÃO é câncer. Cistos simples NÃO são câncer. Então não precisa se desesperar.
- Cistos que devem ser investigados a fundo são aqueles que persistem depois de semanas e meses, mesmo com anticoncepcional, os cistos persistentes.
As características malignas de um cisto podem variar entre um ou mais fatores abaixo:
- Cistos com vegetação ecogênica (ou seja, partes císticas e sólidas) com fluxo detectável ao Doppler colorido;
- Cistos multiloculares (que possuam septos grosseiros);
- Cistos que crescem rápido e não involuem;
- Cistos de conteúdo espesso podem ser tanto endometriomas (tumores benignos geralmente causados por endometriose) como tumores malignos (cistoadenocarcinoma mucinoso, endometrioide e até seroso – o mais comum entre todos);
- Líquido livre na cavidade pélvica deve ser um fator a ser considerado;
- Cistos com paredes espessas e vegetação crescendo pelas paredes (projeções papilares).

Então, como não podemos prevenir (diferentemente do câncer de colo de útero), devemos ao menos fazer acompanhamento. Quando descoberto no início, há 95% de chances de cura.

Peçam o ultrassom transvaginal ao ginecologista!

terça-feira, 5 de março de 2019

É hora de voltar



Olá, ansiosos. Demorei, mas voltei. 

Voltei porque achei que devia, são tantas pessoas que continuam entrando em contato comigo por aqui, que seria até deselegante da minha parte sumir de vez. Mas é que, como eu disse, é muito difícil escrever quando estou em crise ou com muita ansiedade. E o ano de 2018 e o começo de 2019, para mim, foram muito difíceis. É muito difícil reunir forças para dizer o que sente e escrever sobre quando existe um misto de sentimentos inexplicáveis. Eu não sou boa com emoções. 

Era hora de voltar.

Vou escrever isso hoje (27/02), mas não sei quando terei vontade de postar. 

Em resumo: Minha vó, a pessoa da minha vida, faleceu na virada de 2017 para 2018. E, quando eu estava quase entrando nos eixos, descobri que tinha um tumor no ovário potencialmente maligno, tive que tirar (junto com ovário e trompa), não precisei de quimioterapia porque não tinha se espalhado. Depois desse ano intenso e pesado, perdi a Cherzinha (minha cachorrinha tão especial) no segundo dia de 2019. Como se não bastasse tudo que aconteceu, decidi por um ponto final em uma relação de cinco anos por incompatibilidade de ideias e mais outras coisinhas que nem cabem ser explanadas aqui. Fiquei, por fim, sozinha, como gosto, como quero, como sempre quis. Mas, nesse caso, não é um sozinha tão feliz, porque perdi as pessoas da pior forma. No entanto, de qualquer forma, como sempre, eu me basto, eu me autocompleto, eu e meu ego, às vezes gigante.

Estou tendo crises constantes desde o início de janeiro, depois que Cherzinha morreu. Até então, não achei que isso fosse me afetar de alguma forma, já que sempre tive crises, sempre consegui superar, sempre passei pelos momentos difíceis da vida ressurgindo das cinzas como uma fênix.

Mas dessa vez precisei de ajuda. Precisei voltar ao Psiquiatra e recorrer a outros remédios. Precisei reequilibrar meu lado espiritual, precisei de rituais de energização e limpeza. Eu acredito muito em energias negativas e positivas e sou supersticiosa. Não vou dizer que tudo isso melhorou meu estado, mas tem reduzido minhas crises. Agora, além do Escitalopram e da Buspirona, eu tomo também Zolpidem para dormir e Desvenlafaxina. O Zolpidem me faz cócegas, disseram que eu ia delirar, capotar de sono. Tomo e parece que tomei uma dose de energético. Eu não durmo uma noite inteira em paz há anos, mas agora eu acordo de hora em hora, às vezes fico durante horas acordada e vejo o Sol nascer. É lindo, por sinal, mas só aparece para lembrar que, mais uma vez, não dormi.

Eu magoei muitas pessoas estando nesse estado e tenho consciência de que, uma vez ditas, as palavras não podem ser retiradas. Mas eu não vou desdizer nada, não vou retirar nada do que disse porque se eu disse, ainda que na raiva ou em crise, significam algo, mesmo que pesado ou duro demais. Mesmo que refletindo todas as coisas ruins que habitam meu interior. Apesar de tudo, eu não sou uma pessoa totalmente negativa e fico feliz com as pequenas coisas, coisas ridículas do dia a dia. Coisas como comprar um produto novo de limpeza, ajudar alguém na rua, comprar almoço a alguém que precisa, ver o sol se por, comer um doce que gosto muito. Eu sou dessas pessoas fáceis de agradar e que gosta de agradar as pessoas com coisas simples. E esse é um dos prazeres que a ansiedade me tira: eu perco a vontade ajudar, eu perco o ânimo que tenho com as coisas pequeninas que tanto me fazem feliz. 

É uma luta diária, não vou mentir. Mas só posso dar um passo de cada vez. Alguns dias são mais difíceis do que outros e fico sem perspectiva. Eu sei que o azul do céu tá lá, mas eu não consigo enxergar, eu não consigo apreciar, eu não consigo ver. E, em dias bons, mesmo o céu estando cinza, eu penso "puxa, que dia bonito, cinza, eu adoro cinza".

Mas, assim como os dias bons correm, os dias ruins também passam. Então, é hora de voltar. Então eu revivo, ressuscito e renasço, das cinzas, como uma fênix, mais forte, mais intensa, mais sábia e as pancadas ficam cada vez mais indolores. Amadurecimento. Aprendizado. Não me arrependo de nada. De nenhuma loucura que fiz nos meus momentos de impulsividade. Lamento, contudo, as pessoas que magoei com minha inconstância e minha falta de pulso firme para resolver situações. Porque a verdade é que eu não sei, queria saber, mas não sei. Eu não consegui decifrar nem metade do que sou, quem dirá entender o que sinto. Eu me desdobro para que minha energia ruim não passe para as pessoas, então, mesmo nos meus piores dias, não deixo transparecer e, se deixo, é porque realmente é um dia muito, muito ruim ou é uma pessoa que, por algum motivo que não sei explicar, me faz sentir à vontade para soltar meus demônios. Depois de voltar das cinzas, mais uma vez, nada mais pode me parar.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Relato da Talitta


Meu nome é Talitta, tenho 30 anos por pouco menos de 40 dias e sou ansiosa. Atualmente, não tomo nenhum remédio com propósito de controlar a ansiedade, faço apenas a terapia, e mudei completamente meus hábitos de vida, trocando São Paulo por Jericoacoara. Conheci a Natália no Cemitério da Consolação, fomos unidas pelo sarcasmo, a preguiça de encontros pessoais, e a falta de fé na raça humana. Atualmente, somos sócias nos negócios e nos dramas hipocondríacos da vida.

Assumir algumas coisas dói tanto que a gente passa anos a fio em negação absoluta.
Eu neguei internamente a ansiedade, pois ela me tirava a possibilidade de chegar no patamar de perfeição que fui construindo do decorrer da vida. Mas um dia ela se sobrepôs e passou a ser quem eu era e a definir o que eu podia ou não fazer, e eu tive que parar para entender e lidar com isso.
Faz tempo que eu quero escrever nesse espaço, mas nada nunca parecia bom o bastante.
Na minha vida nada nunca parece.
Eu fiz uma faculdade particular de ponta com bolsa, sempre achei que era o mínimo que eu tinha que conseguir.
Apesar de todos os reveses da vida, da ausência de professor de português durante dois dos três anos do ensino médio, eu uso nosso idioma adequadamente, e falo espanhol (de um curso gratuito que consegui na época da escola), e inglês (que estudei de todo jeito que deu, em aulas, cursos, gratuitos ou pagos com os estágios, empregos e ajuda do meu pai), mas eu sempre sinto como se não fosse o bastante, eu tinha que saber mais a essa altura da vida.
Eu tive alguns empregos, e sempre fui uma funcionária boa, não me contentava em estar na média, e sempre dei um jeito de me destacar de alguma maneira, mesmo que isso custasse a minha saúde e sanidade.
Eu estou nesse projeto, com dois sócios investidores, administrando sozinha uma pousada, faço de reservas ao almoço dos funcionários, e o resultado tem sido positivo, financeiramente e pessoalmente. Os clientes, os sócios e funcionários parecem felizes. Mas todo dia eu sinto que não fiz o bastante.
Pode parecer apenas uma pessoa em busca de ser melhor, mas não é isso. É uma insatisfação comigo mesma, uma eterna sensação de inadequação, um grilinho que diz na maior das realizações "não fez mais que a sua obrigação!", que faz com que eu nunca fique feliz e reconheça o que alcancei. Isso interfere nos meus relacionamentos pessoais, gerando uma frustração eterna, eu nunca me acho boa o bastante e que a outra pessoa também nunca é, pois esse patamar de perfeição é inatingível, a máxima "errar é humano" é a verdade mais sábia nesse caso.

Eu tenho feito terapia há cerca de um ano e meio, e só nessa semana consegui falar sobre isso, sobre esse sentimento que permeia todos os aspectos da minha vida, inclusive a ansiedade, que deriva muito dessa necessidade autoimposta de ser 'perfeita". Fiquei cerca de um mês sem falar com a minha terapeuta, e tive muito tempo pensando sobre isso, que eu nunca tinha a dito em voz alta porque me soa patético e longe dessa ideologia de pessoa-perfeita. 
Eu me sinto inferiorizada.
Parte da estrutura dessa questão vem da minha infância, eu tive muita gente maravilhosa me acompanhando na vida, meus pais, meus avós, minha irmã, a família da minha mãe de um modo geral, transbordavam amor e suporte do jeito que eles sabiam dar.
Mas na família do meu pai, que é uma pessoa incrivelmente iluminada, eu sofri uma rejeição velada, ninguém nunca disse que sou feia ou que não era inteligente, mas sempre disseram para todas as crianças ao meu redor como eram lindas e espertas acima da média, e para mim não diziam nada. Sempre ganhei presentes inferiores, sempre fui preterida, apesar de inserida na vida deles de algum modo. Ouvi reclamações sobre a minha mãe descaradamente, antes mesmo dos cinco anos de idade. Vale ressaltar que sempre houve uma questão por parte da família por minha mãe ter engravidado solteira, veja aí o machismo, nunca por meu pai tê-la engravidado.
Tudo isso veio a tona a alguns dias atrás, quando apareceu uma foto de infância nas memórias do Facebook, e começaram os comentários e rasgações de seda, de como um dos meus primos sempre foi fofo e ainda é, e eu me peguei vendo que em nenhum comentário disseram nada positivo, ou elogiando, fui eu quem postou a foto, meus amigos, mães de amigos, todos naquele tipico comportamento elogiativo do Facebook, mas minhas tias acharam um espaço em algo que era meu para enaltecer outra pessoa, e eu, no auge dos meus trinta anos, voltei a ser a menininha que ganhou a boneca com a cabeça quebrada, me perguntando o que faltava em mim, a menina de nove anos, com uma crise absurda de choro, pois tirou C+ em ciências, se achando um lixo.

Tive uma sessão produtiva de reconhecimento na terapia nessa semana. Entender isso me faz poder mudar, porque eu quero mudar. Mudar minhas atuais e novas relações, me deixar relaxar, entender que nada nem ninguém é perfeito, e está tudo bem. Só espero conseguir aplicar essa compreensão na prática.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ansiedade e vontade de ficar sozinha



É muito difícil explicar às pessoas que você gosta que você quer ficar sozinha e o problema não é, necessariamente, com elas. Eu sinto uma necessidade extrema de ficar sozinha, fazer as coisas sozinha, estar em paz no meu lar sozinha. Eu moro com meu namorado, mas ele não me atrapalhar em nada, ele é bem compreensivo. Nesse sentido então, o meu ficar sozinha se refere a todo o resto. Tirando minha família que convivi a maior parte da minha vida na mesma casa (minha mãe, minha vó e meu irmão), o restante faz parte dessa estatística de ansiedade. Eu morro de medo de alguém se convidar para ir à minha casa. Não tem nada de especial em casa, mas é meu lar, meu refúgio. Eu não gosto de receber visitas e não é por frescura ou maldade. Receber visitas aumenta minha ansiedade, eu fico com falta de ar, nervosa, inquieta, não durmo. Não importa se é alguém próximo ou não, eu não sei lidar. Exceto quando EU convido, porque há todo um preparo psicológico, se eu estou convidando, é porque sei que posso lidar e que não será oneroso. Em todas as outras situações, pesa. É pesado, doloroso, sofrido. Eu sinto dores físicas.
Aliás, eu fico nervosa e ansiosa com qualquer pedido alheio. Eu detesto que me peçam as coisas. Eu adoro fazer as coisas para ajudar as pessoas, desde que elas não me peçam. Quando elas me pedem, eu perco instantaneamente a vontade de ajudá-las. Minha vontade reside em fazer algo que eu possa controlar, do meu jeito de acordo com a minha cabeça. Eu não sou mesquinha para dividir comida, mas se alguém vem e me pede um pedaço sem que eu tenha oferecido, eu fico frustradíssima. Quando compro um doce e ofereço é porque eu estou de coração aberto, querendo dividir com alguém. Mas se alguém vem e me pede um pedaço sem que eu tenha oferecido, eu fico sem chão, com raiva, me sentindo invadida. 
Mesma coisa quando alguém dá palpite em qualquer que seja a área da minha vida. "Faça dessa forma". Pronto. É suficiente para despertar o monstro que vive em mim. Porque eu gosto de ter controle de todas as situações e, mesmo que isso não seja possível, eu gosto de alimentar essa ilusão. De não ter alguém dizendo o que e como eu devo fazer, de seguir meus instintos, minha cabeça, errando sozinha, sempre. 
Eu sou muito individualista e não gosto do meu espaço invadido por ninguém. Então se a pessoa sugere que eu faça algo de uma certa maneira, ainda que de bom grado, eu fico irritada. Se a pessoa me pede algo, mesmo que eu esteja disposta a dar e não tenha oferecido antes, eu fico irritada. Se a pessoa invade minha privacidade de alguma forma, sem que eu tenha dado abertura, eu fico irritada. Se a pessoa se convida para ir à minha casa sem que eu tenha convidado, eu fico irritada. Se a pessoa dá uma opinião não pedida sobre qualquer assunto, que diga respeito à minha vida OU NÃO, eu fico irritada. Porque eu quero o controle das coisas e detesto gente que se sente à vontade comigo. Eu não quero que as pessoas se sintam à vontade, eu quero que elas mantenham uma distância segura e tenham receio de me falar ou perguntar as coisas, a não ser quando eu dou abertura para isso, o que é raro e acontece apenas com pessoas extremamente próximas ou em determinadas situações. E as pessoas já agem assim comigo, cheia de dedos e medos, o que prefiro, porque assim eu consigo respirar. Mas sempre tem alguém que acha que esse meu jeito é uma máscara, ou que finjo ser assim, que não vou achar ruim se ela resolver deixar de exercitar o bom senso e se meter onde não é chamada. Eu, por exemplo, detesto emprestar qualquer coisa minha, mas quando eu me desfaço, eu me desfaço de vez. Eu não tenho dó de doar roupas e sapatos, ainda que novos. Não tenho pena de mandar embora tudo que não uso. Mas não encosta nas coisas que ainda são minhas, elas são sagradas. Quando esqueço algo na casa de alguém e a pessoa usa é como se eu tivesse levando uma facada no meio das costas. Eu às vezes até prefiro me desfazer da coisa do que recuperá-la. Embora eu não seja uma pessoa tímida, ao menos não mais, eu sou uma pessoa fechada, eu não deixo as pessoas entrarem e sentirem-se à vontade. Eu gosto que elas respeitem esse meu espaço, que cheguem perto, mas nem tanto. Não é medo de se magoar ou nada assim, eu só fico sufocada, irritada, agressiva. Sempre foi assim, desde criança. O que alguns acham que é birra e simplesmente egoísmo, grande parte é ansiedade. Ansiedade não tem cura definitiva, o tratamento é eterno, seja ele medicamentoso ou por meio de terapia psicológica. Há melhoras, sim há, mas algumas barreiras não podem ser ultrapassadas. 
Eu só gostaria que as pessoas entendessem esse meu lado. Entendessem que eu não faço porque eu odeio elas. Mas, sim, porque me faz muito mal. Eu sinto dores no estômago, náusea, dor de cabeça, tremor nas pernas, pontadas pelo corpo toda vez que tenho que lidar com alguma situação que envolve a invasão que mencionei acima. E cansa, sabe? Cansa só você ter que engolir seus sentimentos porque "ah, tem que ter empatia, se sua sinceridade machuca, não fale", mas ninguém pensa que essa invasão toda pode machucar também, né? Vou engolindo seco, quando explodo, o estrago é pior. Então todos ficam indignados "que exagero, imagina, como pode". COMO PODE, né? Eu não quero dar abertura às pessoas, eu gosto de viver fechada no meu mundo. Eu gosto. Esse é o problema, eu gosto de ser assim e não quero mudar. Mas é muito trabalhoso para as pessoas me deixar em paz, é muito difícil cuidar da própria vida, deve ser por isso que todo mundo tá com a vida mais bagunçada que a minha. 

Eu não saio do meu conforto para invadir o conforto alheio. N U N C A. Se alguém lembrar alguma vez que fiz isso, pode colocar aqui. Mas isso acontece comigo TODO SANTO DIA. Haja psicoterapia e tarja preta. Porque a humanidade não consegue respeitar um simples pedido de sossego.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Biopsia, Outubro Rosa e mais Ansiedade

Olá, terráqueos.



Fazia muito tempo que não aparecia aqui e o motivo é a ansiedade. Quando estou muito ansiosa, não consigo escrever.

Como já contei aqui, tenho um endometrioma, cisto de conteúdo espesso relacionado à endometriose (que ainda não tenho, propriamente dita) e estou tomando dienogeste 2mg (no momento, estou tomando Alurax, que é semelhante ao Allurene, mesma fórmula, preço menor). É um tipo de progesterona sintética que causa diversas reações. Acne piora: sim, piora, mas no meu caso, aparece uma ou outra isolada, mas cística, interna, sabe aquelas espinhas internas que demoram a sumir? Então. Pelos no rosto, retenção de líquido, dor nos seios, enfim, isso tudo que a gente tem com anticoncepcional mas só que pior (!!!). O meu cisto diminuiu de tamanho, foi de 50cm³ para 25. Considerável. 

Mas (sempre tem o mas).

Tive alterações na tireoide. E um nódulo no seio que tive que fazer biopsia (aquela core-biopsy com agulha grossa). Era benigno. Mas vocês imaginem o que é para um ansioso esperar UMA SEMANA para receber o resultado. O que me tranquilizou foi que o médio que fez a biopsia (que é guiada por ultrassom) foi muito gentil e calmo, dizendo que eu não deveria perder meu sono e deveria ficar tranquila. A postura do médico ajuda muito os ansiosos, porque tem médico que não diz nada, faz tudo em silêncio e fica muito sério, o que já é suficiente para bitolar os hipocondríacos (como eu!). Fiz meus exames todos no Femme, que é um excelente laboratório, assim como o Cura. São os dois melhores em termos de imagenologia ginecológica, obstetrícia e mamária.

Bom, como não fiz post nenhum sobre outubro rosa, vou falar um pouco sobre sobre os RESULTADOS da mamografia e da ultrassom de mama.

É comum ter alterações nos exames de mama, principalmente quando o resultado é Birads II e III. E o que é Birads? É uma classificação padrão utilizada para os exames de mama (mamografia e ultrassom - caso você tenha menos de 35 anos, a ultrassom é indicada, pois as mamas são muito densas antes desse período, prejudicando a visualização através da mamografia). 
Portanto se o resultado foi Birads I, o que é raro, significa que não há alterações nas mamas.
Se foi Birads II, há alterações, mas certamente benignas (podem ser nódulos ou cistos que são comprovadamente benignos, ou seja, foi descartada qualquer outra possibilidade).
Se for Birads III, não se desespere. (Eu me desesperei) Mas nessa categoria, há menos de 2% de chance de malignidade. Explico:
Nessa categoria estão inclusos basicamente todos os nódulos benignos que ainda não puderam ser investigados. Geralmente, é feito um acompanhamento de 6/12 e 24 meses antes da lesão se tornar Birads II. Às vezes pode mudar de tamanho, às vezes pode até sumir. A conduta quem dirá é o mastologista. Ah, IMPORTANTE: não consulte apenas um ginecologista, consulte um especialista em mamas sempre. Ele vai tirar suas principais dúvidas. A possibilidade de um nódulo circunscrito (margens definidas), oval ou redondo, hipoecoico, de orientação paralela à pele, ser maligno é praticamente NULA. E era esse o tipo de nódulo que eu tinha. Só que ele necessita de acompanhamento, caso ocorra alguma mudança, é bom estar atento. No meu caso, optei pela biopsia para não sofrer esperando meses até ficar tranquila. O resultado foi: alterações fibrocísticas - cisto, fibrose estromal. Então não tive o fibroadenoma em si (que é um nódulo benigno comum em mulheres jovens de até 35/40 anos, mas tive alterações fibrocísticas benignas (provavelmente resultantes da bomba de hormônios).
A classificação Birads IV engloba os níveis a, b e c. Cada um com uma porcentagem de VPP (valor preditivo positivo para malignidade). Sendo crescente de a para c. No entanto, muitos nódulos e cistos podem ter aparência suspeita durante os exames de imagem, o que não significa que são malignos, porque a mama é complexa e calcificações e outras alterações podem imitar tumores. Por isso, no caso de Birads IV, é necessária a biopsia, que pode ser core ou pode ser feita de forma tradicional, invasiva, caso o médico julgue necessário, dependendo do tamanho e da localização da lesão.
O Birads V é uma lesão altamente suspeita, 95% de chances de malignidade e quanto antes for feita a retirada, melhor.

O Birads 0 nada mais é uma lesão difícil de discernir, não é possível dizer se é cística, calcificada, nodular. Por vezes, a localização impede essa classficação. Por isso, não se desespere e faça novamente o exame ou até mesmo outro exame, como ressonância.
Quanto à categoria Birads VI, esta serve apenas para quem já possui o câncer e acompanha através de exames de imagem.

É importante fazer os exames anualmente, mesmo que antes da idade padrão. A ultrassom não causa nenhum dano e é um exame de rastreio muito importante, principalmente para mulheres jovens. Eu fiquei um anos sem fazer e o cisto apareceu, felizmente era benigno, mas e se não fosse e eu tivesse seguido o padrão de 24 meses? E se eu decidisse chegar aos 35 para fazer o primeiro exame? Por isso, meninas, cuidem-se! Quanto antes, melhor. 

Coisas que todas devem saber:

1. Ter alguém na família com câncer de mama não é uma sentença. Vários fatores englobam os riscos e, caso você não tenha o gene da mutação, que ocorre em uma porcentagem pequena, você corre o mesmo risco do que quem não tem ninguém com câncer na família.
2. Cigarro aumenta o risco de câncer de mama.
3. Álcool, se ingerido regularmente, aumenta o risco de câncer de mama.
4. Soja, dependendo de como é consumida, aumenta o risco de câncer de mama.
5. Praticar exercícios reduz o risco de câncer de mama.
6. Alimentar-se corretamente reduz o risco de câncer de mama.
7. Próteses mamárias NÃO aumentam o risco de câncer de mama.
8. Ter sido mãe antes dos 30 reduz o risco do câncer de mama.

Portanto, bora se cuidar?

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Nuvem pesada

Faz tempo que não escrevo aqui. Quando estou em crise constante, eu tenho imensa dificuldade de escrever. 

Se o assunto é saúde, posso afirmar que a ansiedade é 100%. Ainda estou por conta do cisto e dos miomas, tomando progesterona (dienogeste 2mg). Mas a cada dorzinha diferente que aparece, cada mal estar que sinto (de vez em nunca), eu já associo a uma doença mortal. Fui tirar uma pinta e estava preocupada com outra pinta que tinha na mão. Diagnostiquei, óbvio: melanoma. Melanoma metastático. Porque, afinal, eu já estava com dores em várias partes do corpo. E o pior: nem sol eu tomo. A minha sala nem janela pra rua tem. Era azar demais. Chegando ao consultório, o médico olhou e disse "não é uma pinta, é um machucado cicatrizando" e arrancou de uma vez a casca. Ufa, menos uma coisa, pensei. 
Todo dia. Todo santo dia tem uma coisa pra me atormentar. Pra me fazer perder horas no Google e horas de sono. Tem dias que cismo que minha perna tá estranha, que não sei andar. Que tô com os dentes moles e tenho alguma coisa na minha barriga. Na cabeça, então!

A ansiedade é um tormento constante e infinito. O remédio me ajuda a colocar as ideias no lugar, mas não em crise. Quando estou em crise, só melhora quando consigo pegar no sono. Quando acordo, volta o tormento. É uma luta diária para não sucumbir. Para não afundar e ali permanecer. 

Sabe aqueles sonhos que não conseguimos enxergar? Que parece que a visão está turva e escura? Ansiedade é isso. Mas estando acordado. Parece uma nuvem escura na vista, acompanhada de um peso que a gente arrasta sem saber como. 

Às vezes sinto vontade de ficar fechada em um cubículo sem janelas e sem contato com o mundo. Pra ver se eu melhoro. Se nada me abate. Se a ansiedade vai embora. Mas quando eu penso que ela tá quase indo, vem uma avalanche. "Pensa positivo", "você é muito paranoica", "você sabe que é da sua cabeça, então relaxa". R E L A X A, as pessoas dizem. Difícil quando você não consegue sequer compreender o estado em que se encontra pra poder evoluir, migrar, melhorar. Sigo na busca do autoconhecimento, na teoria é bem fácil.

Bem fácil mesmo. Qualquer leigo diz "calma" e tudo melhora assim, em um estalar de dedos.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Endometriose de ovário e útero miomatoso


Olá, terráqueos.

Demorei porque não estava conseguindo me concentrar e escrever nada, porque passei por umas situações que me deixaram mais ansiosa e não pude ter equilíbrio para me expressar.
Bom, eu tinha descoberto aquele cisto, certo? Certo. Porém, na ultrassom de acompanhamento, deu que eu tinha um endometrioma. Quando voltei à médica, ela pediu uma segunda ressonância, com preparo intestinal (coisa mais horrível) para verificar se eu tinha endometriose. Eis que na ressonância não apareceu nenhum foco de endometriose (isso porque foi a segunda ressonância) e o cisto tinha aumentado. A médica receitou o Allurene (dienogeste - progesterona sintética cheia de contraindicações) e eu meio que surtei e fui ver outras opções. Voltei ao Dr. Heraldo, que me recomendou cirurgia. Passei em uma médica chinesa, que, além de recomendar cirurgia, sugeriu que meu cisto poderia ser maligno. Fiquei desesperada. Fiz uma última ultrassom com doppler e deu sem fluxo detectável – para quem não sabe, quando não há fluxo no cisto é porque não há vascularização, então ele é provavelmente um cisto de conteúdo líquido e benigno, menos preocupante. Passei novamente no Dr. Adelino Silva, excelente médico e cirurgião, que me recomendou, assim como a Dra. Maria Ignez, tomar o Allurene, que começo no meu próximo ciclo menstrual. Isso para resumir, porque tenho muito a falar sobre as minhas "doenças".
Foi assim: eu fiz uma ultrassom pélvica para verificar se eu poderia colocar o DIU, se estava tudo em ordem. Apareceu um cisto e um mioma. Porém, conforme eu ia acompanhando para ver se o cisto era apenas funcional (aquele que desaparece após alguns ciclos da menstruação e é inofensivo), apareceram mais miomas. Os miomas são tumores benignos do útero, porém podem causar dor, sangramento, incomodar e dificultar a gravidez (no meu caso, tanto faz, porque não pretendo ter filhos). Eu não tenho nenhum sintoma, então foi uma surpresa para mim. Mas eu não me preocupei com os miomas e sim com meu cisto, que tinha características que não condiziam com um cisto simples funcional. E por quê? Porque um cisto funcional é anecoico geralmente, tem paredes finas e lisas, sem excrescências ou lobulações, septos ou papilas. Anecoico significa que seu conteúdo é totalmente líquido, ou seja, não produz eco na ultrassonografia. Na primeira ultra, deu cisto de conteúdo denso, paredes espessadas e irregulares com componente sólido. Sério, joguem isso no google e tirem suas conclusões. Eu SURTEI. Eu surtei muito. Tanto que agora, de tanto pesquisar, inclusive em outros idiomas, eu sei ler ultrassom pélvica e entender ressonância magnética. Foi um longo caminho percorrido até onde estou. 
Na minha ultrassom feita no Dr. Consulta (aquele dia que eu surtei) dizia que o cisto tinha paredes regulares, porém seu conteúdo era espesso e hipoecoico (ou seja, transmite uma quantidade mínima de ecos) o que pode significar algum componente sólido. O que eu não sabia e a experiência médica me ajudou a compreender é que esse tal componente sólido pode ser sangue. Sim, SANGUE! Sangue coagulado. E, oras, um cisto hemorrágico é composto de quê? Assim como um cisto de corpo lúteo e um endometrioma. Então, um componente sólido pode ser várias coisas: uma massa sólida crescendo dentro do cisto (neoplásica benigna ou maligna mas que necessariamente DEVE ser retirada) ou um coágulo. E, para descobrir, precisei fazer a ressonância, que deu o seguinte resultado: conteúdo hemático/ proteico (sangue!). Se fosse um teratoma (aquele cisto que falei na outra postagem, que é benigno, mas tem cabelo e dente - bizarro), teriam aparecido diferentes tipos de tecido na RM. Se fosse uma neoplasia, o conteúdo não seria somente hemático/proteico - apesar de algumas neoplasias, como um cisto mucinoso, apresentarem conteúdo proteico (muco), não necessariamente hemático. Mas daí o diagnóstico diferencial: tumores mucinosos possuem septações, geralmente espessas, e os serosos (que possuem um líquido ralo em seu interior) possuem excrescências papilares em suas paredes (geralmente espessas e irregulares), esses dois cistos podem ser benignos ou cancerígenos metastáticos, dependendo da velocidade do seu crescimento e de suas características (outras a serem levadas em conta como líquido livre na cavidade pélvica, outros focos no peritônio, útero e bilateralidade do cisto). Bom, meu último exame foi a US com doppler colorido. O que esse Doppler significou? Não há fluxo presente nas paredes do meu cisto, nem nas partes sólidas. Ou seja: é sangue, não existe uma vascularização que signifique o crescimento de uma suposta massa.


Eu vou tomar o medicamento para endometrioma (cisto composto de sangue e tecido do endométrio, característico de quem possui endometriose - doença que causa infertilidade e múltiplos focos em diversos locais do sistema reprodutor e até intestino), porém não temos certeza se meu cisto é realmente um endometrioma ou outro tipo de cisto hemorrágico (benigno), devido às suas características: conteúdo hipoecogênico, espesso, com finos debris em seu interior, paredes irregulares e lobuladas, com reforço acústico posterior (isso significa que seu conteúdo é predominantemente líquido, é algo benigno) e sem fluxo ao doppler. Porém, o remédio serve para ambos, porque regula os hormônios. 
Também desde a ressonância, meu cisto reduziu 0,8cm (isso é coisa pra caralho, viu!) ele estava com 4,5 e foi para 3,7cm. Eu estou tomando suplementação de graviola, chá de uxi amarelo e unha de gato (tem gosto de morte em estado líquido, mas tem me ajudado e acho que meus cisto diminuiu por causa dessa mistura). Agora vou esperar, tomar o remédio que o médico indicou (fazer o quê), passar em um homeopata (pra tratar também a maldita ansiedade que não me deixa viver). E, por enquanto, chega de exames! Não aguento mais. Quero agradecer à Dra. Rachel Khae Len Chen, uma fofa que realizou minha ultra pélvica no Cura Imagem e Diagnóstico e liberou o resultado no mesmo dia. By the way: prefiram o Cura a qualquer outro laboratório no que concerne a imagens. O Femme é ótimo e te trata muito bem, mas a resolução da imagem deixa bem a desejar. 
Enfim, será que estou ansiosa? Tenho um bolo de resultado de exames, ultrassom, ressonância, sangue CA 125 e outras proteínas, uma conta enorme de Uber de tanto andar para lá e para cá e um cansaço imenso, mas mental. 

Sem cirurgia. Vamo que vamo.
Não foi dessa vez, morri por dentro para renascer mais forte e mais viva.