quinta-feira, 28 de março de 2019

Vamos falar sobe o câncer de ovário?

Oi, gente :)



Hesitei muito em postar isso aqui, porque não queria ser gatilho para ansiedade de ninguém. Mas informação nunca é demais e eu quero compartilhar tudo que sei sobre o assunto.

Como muitos sabem, outros ainda não, eu fiz uma cirurgia para retirada de ovário e trompa no ano passado por conta de um tumor potencialmente maligno chamado Tumor Seroso Proliferativo Atípico (o famoso Tumor Seroso Borderline). O que é um Tumor Borderline? É um tumor que não é benigno nem maligno a princípio, o seu comportamento é imprevisível, ele pode tanto se transformar em carcinoma, ter implantes, metástases e afins, como ficar restrito à cápsula e ter o comportamento de um tumor benigno. No meu caso, o comportamento foi benigno, mas isso não significa que não posso ter recidiva, eu vou ter que fazer o acompanhamento durante 5 anos, não posso mais ingerir hormônios e tenho vários protocolos a seguir. Resumindo: tive câncer de ovário.
No meu caso, a cirurgia bastou, pois no caso do Borderline, as chances de metástase são baixas. Porém, os tumores efetivamente cancerígenos são muito agressivos.

Algumas informações:

- O câncer de ovário é uma doença que GERALMENTE atinge mulheres a partir dos 40 anos e a partir da menopausa, mas o Borderline atinge uma grande parte de mulheres jovens. E, mesmo os tumores efetivamente cancerígenos estão cada vez mais atingindo mulheres jovens, inclusive na casa dos 20. 
- O papanicolau não detecta câncer de ovário, é um rastreamento para câncer de colo de útero E SÓ!
- Os exames que detectam uma massa suspeita são ultrassom e ressonância da pelve, pois a confirmação só é dada na biópsia, infelizmente. E não há como fazer biópsia por punção como na mama. Então, quando uma massa tem características suspeitas, o melhor a se fazer é retirá-la e enviá-la para análise anatomopatológica.
- Os sintomas do câncer de ovário são inespecíficos e muitas vezes inexistentes até que o tumor atinja grande proporções. Então atenção para cólicas fora do período menstrual, vontade frequente de urinar, inchaço, gases, sentir-se satisfeita rápido ao fazer uma refeição, aumento ou perda repentina de peso, entre outros.
- O mais importante é fazer acompanhamento com ginecologista e SEMPRE verificar se ele pediu ultrassom transvaginal, exame que deve ser feito periodicamente assim como o papanicolau.
- Cisto é cisto e tumor é tumor, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Cistos que vão e vêm NÃO são câncer. Ovário policístico NÃO é câncer. Cistos simples NÃO são câncer. Então não precisa se desesperar.
- Cistos que devem ser investigados a fundo são aqueles que persistem depois de semanas e meses, mesmo com anticoncepcional, os cistos persistentes.
As características malignas de um cisto podem variar entre um ou mais fatores abaixo:
- Cistos com vegetação ecogênica (ou seja, partes císticas e sólidas) com fluxo detectável ao Doppler colorido;
- Cistos multiloculares (que possuam septos grosseiros);
- Cistos que crescem rápido e não involuem;
- Cistos de conteúdo espesso podem ser tanto endometriomas (tumores benignos geralmente causados por endometriose) como tumores malignos (cistoadenocarcinoma mucinoso, endometrioide e até seroso – o mais comum entre todos);
- Líquido livre na cavidade pélvica deve ser um fator a ser considerado;
- Cistos com paredes espessas e vegetação crescendo pelas paredes (projeções papilares).

Então, como não podemos prevenir (diferentemente do câncer de colo de útero), devemos ao menos fazer acompanhamento. Quando descoberto no início, há 95% de chances de cura.

Peçam o ultrassom transvaginal ao ginecologista!

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