segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A imposição dos padrões da sociedade como agravantes de ansiedade e depressão



Olá, terráqueos!

Estive ouvindo histórias de diversas pessoas, dentro e fora do meu convívio, sobre como seus familiares, amigos e até seus terapeutas lidam com ansiedade e depressão e notei um certo padrão, um padrão ridículo e uma imposição na maioria das vezes escancarada da sociedade, que causa mais pressão e funciona como um retrocesso na melhora.

Quem já teve depressão provavelmente sabe do que estou falando. As pessoas, além de diminuir seu sofrimento, colocando em questão bombardeios na Síria, fome na África e pessoas com câncer ou deficientes, atribuem o transtorno a causas tão esdrúxulas e sem sentido que, muitas vezes, mesmo não sendo a causa, a pessoa que está com depressão se sente tão pressionada e tão mal por estar nessa situação, que acaba também associando.

Compreendem do que eu estou falando? Da pressão da sociedade. Se a pessoa está sozinha, atribuem a depressão à falta de um(a) companheiro(a). Se a pessoa está casada, atribuem à falta de um filho. Se a pessoa está desempregada, atribuem à falta de um emprego. E assim sucessivamente. "Mas, Natália, então só é feliz quem é casado, tem filhos e um emprego?" Bom, em tese, esse seria o modelo. E quem tiver todas essas coisas (mais saúde, saúde física, porque a saúde mental que se foda) não pode reclamar de nada, porque, oras, na Etiópia as crianças morrem de fome e na Síria são bombardeadas. 

As pessoas, muitas vezes, estão bem resolvidas sozinhas, mas sentem-se pressionadas por outras a arranjar alguém e acabam ficando piores do que já estavam quando transformam o fato de estarem sozinhas porque querem ou porque não encontraram alguém que fizessem ter vontade de não estarem mais sozinhas em simplesmente "Estou sozinho(a) porque ninguém me quer e assim morrerei". E transformam isso em uma necessidade. A necessidade de ter uma companhia, jogando o peso da responsabilidade em uma possibilidade e se decepcionando mais e mais cada vez que algo der errado.

Ouvi relatos de pessoas que ouviram de seus psicólogos em sessões de terapia que o que falta em suas vidas é um(a) namorado(a). Quão absurdo é isso? Não é qualquer pessoa que está falando isso, é o psicólogo. A pessoa que deveria supostamente AJUDAR. E as mulheres que sofrem pressão para ser mães? "Um filho irá salvar seu casamento!" Oi? E se ela não consegue engravidar, como fica? Não fica. Só piora.

A sociedade, por si só, já impõe padrões, já nos faz sentir como um quebra-cabeça com peças faltando. Imagina para quem tem um transtorno? A tendência é só afundar mais e mais. 

Portanto, aqui vai um conselho: não imponha o que você considera bom para você a outra pessoa. Por mais que o conselho tenha boas intenções, dizer a uma pessoa com depressão que ela PRECISA arranjar alguém para tirá-la desse estado é condicionar sua doença a uma possibilidade que você não sabe quando vai existir e provavelmente não será a cura para os problemas. Isso é muito mais perigoso do que parece. Mesmo porque, ninguém precisa de ninguém para ser feliz. E fazer alguém pensar isso, influenciar de alguma forma, é aumentar um transtorno e torná-lo dependente de algo que não irá necessariamente melhorá-lo.

Tenha consciência, tenha respeito e, principalmente, TENHA EMPATIA: coloque-se no lugar do outro.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Como uma ideia que existe na cabeça e não... NÃO SAI NEM COM REZA BRAVA!



Todo mundo já teve uma obsessão na vida. Obsessões não são saudáveis, mas todo mundo já teve vez ou outra aquela fixação por alguma coisa. Parece que o cérebro necessita desse alimento para que você sobreviva. Quanto eu tinha 8 anos, fiquei obcecada por uma Barbie Ginasta, eu só pensava na maldita Barbie dia e noite. Depois que ganhei a Barbie, passaram-se uns dias, depois daquela sensação surreal de ter conseguido, ela perdeu a graça, como se meu cérebro tivesse sido alimentado e agora não estivesse mais com fome, ao menos da Barbie. 
A gente cresce e as obsessões mudam. Para o ansioso, as obsessões são infinitas. Acaba uma, começa outra. É uma preocupação constante que martela na cabeça, seja com doença, seja com a família, o namorado(a), as finanças e mais uma infinidade de assuntos. A gente precisa cavucar até o fundo um mesmo assunto desgastado, até alimentar o cérebro obsessivo. 
E é assim que eu me sinto em relação às doenças. Eu preciso me alimentar disso, eu preciso pesquisar, eu preciso saber mais e ficar em paz, mesmo que essa paz dure poucos minutos e outras coisas impactantes surjam na minha mente. 
Só esse ano, já achei que tinha problema no olho (várias vezes, problemas diferentes), tava tendo AVC, câncer no lábio, no colo do útero, na mama e estava ficando careca. 

Em maio, meu lábio começou a rachar por conta do frio intenso que vinha fazendo. Mesmo após hidratação e diversos cosméticos diferentes, receitas caseiras e afins, o rachado continuava, meu lábio estava áspero. Fui buscar no Goolge, lógico, porque eu precisava me alimentar disso. "Lábio áspero". Nos resultados, achei câncer bucal, câncer labial, que poderia ocorrer por exposição ao Sol. Agora, vamos ver alguns fatores:
- Minha sala não tem janelas onde bata absolutamente nenhum Sol.
- Meus batons têm protetor solar.
- Estou com a vitamina D baixa, ou seja, falta Sol MESMO.

Mas quem disse que tudo isso fez sentido? Eu tinha um melanoma sim. Certeza que aquilo era um melanoma. Depois ainda li que a incidência havia aumentado no Brasil. PRONTO. "Mas predomina em homens acima de 50 anos e fumantes". Eu era um homem acima de 50 anos fumante. Tive um surto. 

Depois de ida ao dermatologista e ao dentista, descobri que era uma alergia, alergia ridícula. 

Meu último surto foi porque fui à ginecologista para ver se podia colocar DIU e ela achou uma ferida. COMO ASSIM FERIDA, tenho CÂNCER? Fiz um montão de exames. Se não tenho câncer, tenho alguma doença grave. Esperei UMA SEMANA os exames ficarem prontos. Isso pra mim é como uma tortura medieval, um castigo de Zeus, como Prometeu que tinha seu fígado devorado e regenerado todos os dias. Pesquisei tanta coisa, mais tanta coisa. Em português, inglês e espanhol. Nunca tinha feito colposcopia e, minha nossa, BIOPSIA? Acontece que a ginecologista não me explicou direito. Não era uma ferida, mas uma troca de tecido comum em quem usa anticoncepcional, que precisava de biopsia para ver se estava contaminada. Eu recebi o resultado e fiquei em paz. Por alguns segundos. Mas "e se", "e se"... E SE? Mas o exame tá exemplar, não tem nada. MAS E SE? É desesperador. Eu me pego pesquisando doenças raras, coisas inimagináveis, porque eu preciso manter essa obsessão, eu preciso continuar pesquisando para satisfazer meu cérebro. Eu preciso ter esses pensamentos, eles são como uma substância química e eu a abstinente. 

O medo de adoecer bateu à minha porta pela primeira vez quando eu era muito pequena, após uma palestra sobre higiene bucal. Eu não dormia achando que meus dentes iriam todos cair. Às vezes ainda sonho que eles caem. 

Acontece que não é uma coisa que exige somente autocontrole, é algo que vai além do que nós podemos fazer.

Ser ansioso é um eterno masoquismo. É ver seu corpo necessitando aquilo que te prejudica. Não preciso sair, não preciso me distrair, não preciso mudar de emprego, não preeciso mudar de ares. Não é nenhum fator externo que vai mudar o que sinto. Eu não preciso de ninguém me dizendo que tenho que fazer isso ou aquilo. O que eu tenho para resolver é comigo mesma, nenhum pseudo-psicólogo (e até mesmo os psicólogos) pode me dizer. 

Como diria Oscar Wilde: No mundo, há somente duas tragédias. Uma é não ter o que se quer e a outra é ter.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Desgoogleie


Quando a gente é adolescente, a gente acha que vai morrer de amor. E que essa seria a pior morte possível. Que não existe nenhuma dor física capaz de superar a dor incurável da alma em se tratando de coração partido.

Bobagem.

A gente cresce, começa a enxergar a proporção das coisas de maneira diferente. Não digo melhor, mas só diferente. Algumas coisas perdem o encanto, a doçura, outras ganham maior importância.
A ansiedade muda. Se antes, sentíamos ansiedades circunstanciais dependendo de acontecimentos, hoje, a ansiedade é um estar, um sentimento sempre presente. Se a ansiedade antes consistia em expectativas e frio na barriga, hoje vai bem além disso.
Crescendo, a gente descobre que não se morre de amor. Mas se morre de diversas outras doenças (de acordo com o Google). Cutícula mal tirada, gripe mal curada e gente mal preparada.
QUALQUER SINTOMA, estou dizendo, simplesmente QUALQUER sintoma que você tiver e jogar no Google, ele vai te trazer como uma das respostas possíveis, pelo menos, uma das três doenças a seguir: câncer, esclerose múltipla e AIDS.
Primeiro, o ansioso acha que sofre de problemas cardíacos ou neurológicos. Porque o sintoma mais característico é a palpitação, a taquicardia. Se não é infarto, é AVC (certeza, já tive vários). Passada essa fase, começa a procurar outros sintomas e é aí que ele chega nas três doenças-chave que o Google adora empurrar goela abaixo.

De manhã: AIDS. Não, AIDS não tenho, absurdo pensar isso. Nada a ver. Dor no dedo não é um sintoma de AIDS.
De tarde: A manicure nem esteriliza direito aqueles alicates. Doei sangue ano passado. E o maníaco da agulha, hein?
De noite: Meu Deus, vou morrer. Tenho AIDS.

E o ciclo recomeça no outro dia.

Amigos, vou dizer a vocês: não está fácil ser ansioso nos dias atuais. Na Idade Média, o ansioso não tinha o Google como tortura prévia de doenças. Não tinha esse leque de possibilidades.

Portanto, vou lançar aqui: desgoogleie. Vá ler um livro, ver TV, aquela série atrasada. Não é câncer. Não é AIDS. Não é esclerose e nem infarto.

Como diria meu avô “Se a gente tiver que morrer de desastre de avião, ele cai na nossa cabeça.”


Até!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Amostra não reagente



Olá, terráqueos!

Como havia dito anteriormente, fui à ginecologista. Ela pediu um milhão de exames, o que já me deixa tensa, porque, muitos deles, eu julguei desnecessários na hora. Mas, depois que fui fazer, fiquei pensando mil coisas. Da última vez que fui ao Endócrino, ele também pediu tudo quanto é exame de hormônio, que me fez questionar se eu tinha problemas na tireoide, se eu tinha bócio ou qualquer distúrbio provocado pela ausência de vitamina D (incluindo esclerose múltipla). Pois bem, quando você solicita ao seu médico "exames de rotina", ele entende que deve examinar tudo que diz respeito à sua área. No caso da ginecologista, ela pediu exames de sangue de tudo quanto é DST, incluindo HIV (teste que já fiz algumas vezes antes de cirurgias – já operei o nariz, depois conto aqui) e tinha dado negativo. 
Porém, com essa lista imensa de exames para fazer, começo a pensar: "pelo menos uma dessas coisas eu devo ter, não é possível". Foi aquele procedimento padrão, peguei a senha da internet após o exame do laboratório e cheguei em casa correndo ver o resultado. Lógico que não estaria pronto. Mas fiquei entrando no site até os resultados saírem aos poucos: HIV, Hepatite B e C, Sífilis etc. todos deram negativo "Não Reagente". Não era possível ter uma dessas doenças, mas eu fiquei questionando as agulhas que me furaram no último ano (e foram muitas, principalmente durante os meus surtos ano passado) e até a pinça que usaram para tirar minha sobrancelha, os alicates que usaram para fazer minhas unhas, enfim, uma infinidade de coisas. 
Vejam como é a cabeça de um ansioso, fui dormir pensando "Posso ter HIV"? Posso ter HIV? Quão absurdo isso soa? Eu não pego nem gripe. Há anos. Mas a ansiedade nos faz pensar coisas que nem nós mesmos entendemos. 

Eu tenho mais exames para fazer amanhã, entre eles ultrassom. Sempre acho que vão encontrar um monstro escondido dentro de mim em um desses exames. Uma doença rara incurável. Qualquer coisa (desde que seja bem ruim). Por mais que eu esteja medicada, me alimentando bem, tentando dormir na medida do possível, ainda fico atormentada com a ansiedade.

A ansiedade nos faz pensar em coisas horríveis, nos faz cavar até o fundo do poço, com a consciência de que sim, estamos cavando mais e mais. É como uma droga, preciso desses pensamentos, preciso dessa obsessão, não posso ficar em paz, porque, se eu ficar em paz e tiver alguma coisa, nunca irei me perdoar. Não posso deixar tudo de lado, cada sintoma – porque cada sintoma é real – e simplesmente seguir com a minha vida. E se um sintoma mínimo, como um soluço, um tremor nas pálpebras, um espasmo, uma pontada, uma leve dor for um daqueles casos que saem no Discovery Channel, de doenças raras que os médicos não conseguiam encontrar em exames de rotina? E se... Os pensamentos nos consomem. Ansiosos são esponjas para negatividade, doenças, tragédias.

Mas sabe como é, né? Um dia após o outro. Com calma. Calma? Parece até piada pedir calma a um ansioso. Hoje senti dor nas costas. Já pesquisei de pulmão a rins. De útero a medula espinhal. Estou virando uma especialista? Talvez especialista em coisas inúteis que atrasam a minha evolução mental.

Queria, ao menos uma vez, me desvencilhar desses pensamentos autodestrutivos, mas eles são tão viciantes quanto o crack. Com a desvantagem de que o crack é necessário algum esforço para conseguir. Sair de casa, gastar dinheiro, perambular pela crackolândia. A ansiedade é gratuita. E não é necessário que movamos um só dedo para que apareça. Afeta nosso sistema nervoso central. Afeta músculos, cabeça, órgãos, alimentação, sono. A reabilitação nunca é definitiva e para ter uma recaída basta pensar.

Risco um fósforo. Está escuro aqui embaixo. Parece uma fase complexa do videogame, na qual tentamos subir e as armadilhas aparecem para nos derrubar e, com isso, vamos perdendo vida. Pouco a pouco, a cada tentativa.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Anticoncepcional: tomar ou não tomar, eis a questão.



Todos nós sabemos, pelo menos agora depois de tantos casos de trombose, AVC e embolia pulmonar, que as pílulas anticoncepcionais são um risco para a saúde da mulher. Além de diversos efeitos colaterais, inibição da libido, celulite, retenção de líquido, ainda temos que lidar com o fato de que poderemos, a qualquer momento, sofrer algo realmente grave.

Mas e como a ansiosa lida com isso?

Não lida. Surta, pensa em parar, vai ao ginecologista, que não aconselha e vira um ciclo vicioso. Acontece que ultimamente andei pesquisando mais e também fui a uma ginecologista diferente e tenho alguns pontos a ressaltar.

1. Não tomar nenhum remédio é melhor para o seu corpo? É! Mesmo porque qualquer coisa artificial não faz bem ao corpo, independentemente de qualquer substância.
2. O DIU é uma opção? Nem sempre. Eu, por exemplo, tenho ferida no útero, não posso usar DIU. E se for para usar o DIU com hormônio (que é mais seguro) de que adianta? É hormônio do mesmo jeito. Já é a segunda ginecologista que me fala que o DIU de cobre é algo incerto, além de aumentar o fluxo (a quem tinha sérios problemas de cólica e fluxo intenso, não é aconselhável).
3. O risco de trombose é maior em uma mulher grávida do que em uma mulher que toma anticoncepcional. Um fato científico, não uma coincidência.
4. Tem que existir predisposição? Na verdade, não. Se você tiver predisposição, certamente sofrerá uma trombose cedo ou tarde. Mas, se você não tiver predisposição, pode, mesmo assim, sofrer trombose ou AVC. Mesmo levando uma vida saudável e mesmo não fumando.
5. Fumar é um fator que quadriplica o risco de trombose. Fumar, em si, já é um risco sem a interação com os hormônios artificiais dos anticoncepcionais.
6. Muitas mulheres encontraram no anticoncepcional a cura para seus problemas: fluxo intenso, cólica, ovário policístico, hirsutismo, acne, endometriose etc.
7. "Ah mas para a acne tem o Roacutan" vou dedicar uma postagem desse blog ao Roacutan, remédio que quase destruiu minha vida. O remédio é tão forte, que você tem que fazer exames periódicos, porque ele é capaz de alterar enzimas do seu fígado, colesterol, tireoide e até os glóbulos brancos (meu caso). A prova disso é que se tomado na gravidez, o bebê nasce com severas deformações caso sobreviva.

Mas e então? Então cada organismo é um organismo. Eu, felizmente, não tenho nenhum efeito colateral do anticoncepcional. Cheguei a ter muita retenção de líquido, o que curei com aumento da ingestão de água diária e melhora na dieta. Talvez a retenção não fosse problema exclusivo do anticoncepcional, mas de uma mistura de fatores. Se você sente muita dor de cabeça, algo está errado. Melhor procurar o médico, fazer exames, trocar o remédio e ir testando. 

Outra coisa que não é aconselhável é tomar o remédio errado, na hora que quiser, dia sim, dia não, pular ciclos e voltar. Isso desregula o organismo.

Ressaltando que TODA PÍLULA pode causar trombose, estudos mostram que as pílulas que contém drospirenona são mais perigosas. Veja isso aqui: Drospirenona. Esse hormônio está presente nas pílulas Yaz, Elani Ciclo e Yasmin. As pílulas mais antigas, que contém levonorgestrel, por exemplo, são menos nocivas, mas, ainda assim acarretam algum risco. 

Minha pílula é a Diane 35. Há 10 anos. É polêmica e já causou até mortes. Isso me preocupa. Mas eu tenho verdadeiro pavor de engravidar. Tabela não é opção, desculpa. Mas as naturebas que vêm com discurso de "saúde em primeiro lugar" talvez nunca devam ter experimentado esse pavor de ter filhos, problemas hormonais graves, fluxo intenso, cólicas, cistos etc. É complicado jogar nas costas das mulheres essa responsabilidade, porque a culpa é da indústria farmacêutica. Lutar por melhorias sim, condenar quem usa porque "sabia dos efeitos" jamais.

A escolha é individual, os riscos estão aí. Resta colocar na balança.

Mas, Natália, e a ansiedade? Bom, vocês imaginam como fica a cabeça de uma pessoa que ansiosa em um caso como esse. Eu, que tenho pavor de maternidade, gravidez, qualquer coisa que envolva filho, tanto que quando me imagino grávida, tenho uma sensação horrível de enjoo no estômago, é a mesma sensação quando imagino algo ruim acontecendo na minha vida, sei lá, alguém morrendo. Conviver com esse risco de ter trombose também apavora e muito! Qualquer coisa diferente no corpo já me deixa alerta normalmente, imagina com tudo isso? É surto atrás de surto. Eu não condeno quem tenta ajudar, mas quem demoniza, faz alarde, alarma causando histeria coletiva eu condeno sim. Nem todo mundo tem condições de largar a pílula então não dá para generalizar. 

Vamos ter um pouco de empatia e pensar antes de desesperar todo mundo.









segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Ansiedade e AVC imaginário




Antigamente, eu achava que iria infartar. Achava que morreria dormindo ou estaria andando pela rua e puf, iria cair dura infartando. Bom, isso não aconteceu e, como não aconteceu, eu fui me acalmando e minhas dores no peito sumiram.
Mas, como nem tudo são flores e, depois de ter esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, insuficiência respiratória, lúpus, bócio, uveíte, distúrbio na tireoide, tumor maligno no cérebro, leucemia e câncer de mama, a doença da vez é o AVC. Na verdade, o AVC é a doença número 1, depois do câncer (tudo é câncer).
Já estava encafifada com minhas pálpebras tremendo. Elas decidiram reduzir o ritmo, eu estava mais satisfeita, então fui dormir com um pouco de dor de cabeça. Mas dor de cabeça é normal, ainda mais quando não é tão forte, todo mundo tem. Bom, eu sequer tenho dores de cabeça. É raro, na verdade, eu pegar até gripe. Eu não tenho uma gripe forte há anos. Mas, né, caso eu tenha, com certeza na minha cabeça será H1N1.
Bom, voltando ao AVC, a dor não passou, acordei de manhã com dor de cabeça ainda. Pronto. Era AVC. Só poderia ser AVC. Sentei na cama e fiz os movimentos obrigatórios, levantei e abaixei os braços, testei as pernas, olhei no espelho e mexi a boca, tava tudo ali, nada torto, nada paralisado. Subi a rua para o metrô, senti a perna repuxar. É hoje, pensei. Tomei uma dipirona, a dor melhorou. Mas aí meu braço direito começou a formigar, fazia sentido, dor no lado esquerdo da cabeça e braço direito formigando, tudo fazia sentido!
Foi quando a minha querida auxiliar, que só chega à tarde, apareceu e fui me acalmando, me distraindo e puf, assim como veio, sumiu.

Sabe aquele filme do Hitchcock "Vertigo"? Pois é. Eu sinto como se tivesse um medo terrível de altura, mas não conseguisse nem enfrentar o medo e subir as escadas e nem olhar para baixo.

A ansiedade faz com que busquemos respostas incessantemente, mas algumas respostas são internas e só podemos respondê-las quando conseguirmos nos enfrentar e praticar o autoconhecimento.

Nós procuramos no Google, mas ele mesmo não tem as respostas. O Google é uma forma de sossegar aquela obsessão com qualquer doença que muito improvavelmente não temos, mas que não conseguimos nos desvencilhar, desligar o pensamento.

Não era uveíte, era olho seco. Não era esclerose, era ansiedade. Não era infarto, era pânico. Não era AVC, era uma noite mal dormida.

Mas vai dizer isso pra nossa cabeça? Ela não entende não.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Tremor nas pálpebras e meus minutos terminais

Olá, terráqueos.



Semana passada tava tudo tranquilo e favorável, mas trabalhei domingo, ando num cansaço desgraçado de quase 2 anos sem férias, correria e eu que não desacelero nunca, nem quando posso (não façam isso em casa) e essa semana bateu o bode e bad.
Desde segunda comecei a sentir tremor na pálpebra inferior do olho esquerdo. O tremor vai e volta, dura segundos e para. Isso começou a me incomodar (como qualquer coisa que acontece no meu corpo que não é minimamente habitual). Coisa de Lua em Capricórnio. Mentira, coisa de ansioso mesmo. Aí, É ÓBVIO que eu fui olhar no Google.

Nos resultados mais prováveis, encontrei "A causa mais importante, e mais comum vista nos consultórios, é o estresse mental, o cansaço, o sono, a ansiedade e o uso excessivo de bebidas com cafeína." No seguinte link: Saúde Ocular e em muitos outros com a mesma ocorrência. Olhos secos também podem ser uma causa.

Quer dizer: tenho olho seco, tenho ansiedade, estou acelerada, estou cansada, tomo cápsulas de cafeína, ando dormido pouco, tenho estado estressada. Tudo deu certinho. Tudo bem, fiquei satisfeita, voltei a trabalhar e viver a vida normalmente ignorando o tremor e seguindo a vida? MAS É ÓBVIO QUE NÃO.

Eu decidi fuçar até o cu da internet. Até descobrir que existem outras causas raras como doenças degenerativas, desmielinizantes, tumores e afins. 

Mas o diagnóstico estava claro: eu tinha um tumor. Óbvio, o que mais seria? As causas óbvias eram muito óbvias, não poderiam ser. 

Desde hoje à tarde, então, concluí: ou é tumor ou é AVC. Pode ser Esclerose Múltipla também. Não se pode descartar uma doença que atinge 18 pessoas a cada 100.000.

Aí, meus amigos, pra ajudar, cliquei naquela notícia da menina que teve trombose cerebral por causa do anticoncepcional. Lógico que não consegui mais me concentrar em nada, já marquei ginecologista amanhã e quero parar de tomar esse veneno. Amarra minhas trompa, coloca uma rolha no meu útero que não quero engravidar, tampouco ter trombose, AVC ou infarto. 

Foi olhar a notícia e tudo começou a formigar. Mas de um lado só né, porque AVC é unilateral. 

Agora cheguei em casa, dei uma melhorada nos sintomas. Não era um tumor. Não era AVC. 

Era minha mente me pregando peças e fazendo eu voltar 10 casas na minha evolução. 


Ansiedade, ansiedade, ansiedade! A gente dá 3 passos para frente e 10 para trás. São dias e dias. Alguns são melhores. Mas já tive piores.


E vocês, como estão?

Lembrem-se da dica preciosa: o que quer que aconteça NÃO PESQUISEM DOENÇAS NO GOOGLE.

Até!