sábado, 7 de novembro de 2015

O lado bom da vida

Eu sei, é difícil.

As coisas passam tão rápido. A cada dia uma coisa nova. Ruim. Tantas adversidades que a chamamos de lunático quem opta por ver o lado bom das coisas, porque na maioria das vezes não conseguimos enxergar. A quem tem algum transtorno, então, como depressão ou ansiedade (ou os dois) essa prática é dada como impossível. A solidão passa a ser nossa melhor companheira, ainda que tenhamos pessoas nos apoiando, mostrando que estão lá para nós, nos sentimos sozinhos e, muitas vezes, por opção, por desanimarmos quando as pessoas parecem simplesmente não entender que a depressão não depende de coisas extrínsecas, que, apesar de ficarmos piores quando coisas ruins acontecem, não significa que as coisas boas nos trarão à tona.

Mas gostaria de propor algo diferente. Apesar de ser realista de natureza, pessimista de nascença e gostar de causar choques de realidade nas pessoas, para que elas enxerguem que ao final do arco-íris não há potes de ouro, hoje quero fazer outro choque de realidade. Em tempos de tantas tragédias, guerras, fome, injustiça, violência, tristeza, coletiva, individual, é preciso enxergar com olhos especiais. Há pessoas com problemas maiores, há pessoas com problemas menores, mas somente quem veste a situação sabe o que é estar nela, essa é a beleza da relatividade. Somos diferentes. Sofremos. Mas o bom e velho Adoniran já dizia algo que, como incrédula, agnóstica, pego como metáfora: "Deus dá o frio conforme o cobertor". As forças surgem de onde menos esperamos e quando mais precisamos. Caímos e levantamos quantas vezes for preciso. 

Portanto, hoje queria despertar esse enxergar especial em todos que tiveram anos, meses, semanas, dias difíceis. A todos que optaram por tentar ver o lado bom da vida. A todos que não conseguem ver esse lado. 

Helen Keller (deficiente visual e auditiva desde a infância, escritora e advogada) fez um texto dizendo o que faria se pudesse ter três dias para ver. O texto retrata tudo que precisamos. O que fazer se tivéssemos isso ou aquilo? Sonhos. Mas e o que fazemos com o que temos agora? Escrevemos nossa história e deixamos essa parte, da Helen Keller, para a hora que deitamos no travesseiro antes de dormir. E, se for algo palpável, possível, lutamos por essa coisa, mas sem, claro, nos desviarmos do nosso objetivo, que não chamo de conformista, chamo de otimista: que é simplesmente ver o lado bom de cada coisa que temos.



Toalhas quentinhas, recém passadas, com cheiro de amaciante.
Um passeio no parque, ao final da tarde.
Cachorros correndo e brincando.
Crianças sorrindo pra você.


Crianças curadas do câncer.
Quando compramos uma roupa nova que cai bem.
Um filme que você já viu tantas vezes que decorou todo o roteiro.


Abraço de vó.
Pegar o elevador vazio.
Chegar cedo em casa e pegar um pedaço de um programa que você adora.
Comida quentinha, fresca, quando você está com fome.
Ajudar alguém que precisa muito.
Lembranças da infância.



A lembrança de um momento bom, que ressurge com uma música, um cheiro, um lugar.
Rir até doer a barriga.
Dançar até não sentir as pernas.
A satisfação de terminar um trabalho.
Conversar com velhos amigos.
Uma cena engraçada de um filme que você ri sempre.


Destravar o celular e ver que tem mensagem de quem você gosta.
Sexta-feira.
Sábados ensolarados.
Sábados chuvosos.
Sábados.
Desenhos da infância.


Ganhar um presente.
Surpreender-se de uma maneira boa com alguém que você não esperava.
Água, quando você está com muita sede.
Um doce depois do almoço.
Brigadeiro.


Matar a saudade de alguém.
Ter alguém que se importa com você.
Ouvir sua música favorita tocar na rádio.
Tirar os sapatos ao chegar em casa, após uma noite badalada.
Cheiro de chuva.



Olhar as luzes acesas das casas e imaginar como a casa é por dentro.
Viajar à noite, pela estrada só ouvindo o barulho do vento e a lua acompanhando o carro.
Assistir suas séries preferidas.
Enfeites de Natal.



A ligação que você tem com personagens ao acabar um filme, um livro, uma série.
Reencontrar amigos após muito tempo e tudo parecer igual.
Quando você vê que alguém passou por um período muito ruim e superou.
Quando você vê que passou por um momento muito difícil e superou.

E, apesar de todas as adversidades, sabe que pode sempre contar com alguém.
Sabe que pode contar sempre comigo.

I don't believe in many things, but in you I do. <3





3 comentários:

  1. Tanta coisa boa que nem depende exclusivamente de ter dinheiro.
    A maioria precisa apenas tempo para fazer e viver... Linda pastagem! Fiquei aqui refletindo sobre quanta coisa boa tenho vivido.
    Uma ótima semana Natália ♡

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    1. Carina,

      Obrigada por participar sempre do blog! Pessoas como você fazem a diferença.
      Uma ótima semana!

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