sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Crise de Pânico



Olá, terráqueos!

Vim aqui contar mais uma das minhas peripécias. Só, infelizmente, o assunto é bem sério. Quarta-feira eu marquei um horário no salão para clarear mais um pouco meu ombré. Eu estava tão ansiosa, até porque é raro eu ir a salão, eu não tenho paciência porque tudo demora no meu cabelo. 
Na TV tava passando jornal, a demora é IMENSA, então fiquei entre a internet, a TV e tagarelando com todo mundo no salão. Estava tudo maravilhosamente bem, não havia indícios de que eu iria passar mal. Eu já tinha visto uma notícia de um traficante que havia matado um morador de rua a pedradas no G1, mas resolveram passar essa notícia na TV também, esses jornais da Record, Band, sei lá, esses bagaceira sensacionalistas. Eu vi a notícia e me senti mal, mas continuei lá, afinal, a vida dentro do salão de beleza é fácil e bela. Só que, quem tem crise de ansiedade e panico sabe, eu comecei sentir aqueles sintomas clássicos de que iria ter uma crise. Porque a gente SABE, por incrível que pareça a gente sabe quando vai surtar. Então, meus braços começaram a formigar, visão turva, falta de ar, dor no peito, parecia que estava infartando. A coitada da cabeleireira ficou sem saber o que fazer, terminou correndo o procedimento, peguei um Uber e fui para casa. De casa, acabei tendo que ir ao PS. No PS, aquele procedimento que quem tem crise de ansiedade já conehce bem. O médico olha pra sua cara já te julgando "lá vem a louca", te examina mais ou menos porque já acredita que você não tem nada e te manda pra enfermaria pra tomar Valium ou Rivotril. Sempre me dão Valium, já estou acostumada, ele me dá sono e no outro dia acordo com sensação de ressaca e tudo passa. Mas ontem resolveram me dar Rivotril e DOIS dias de afastamento, imagino como eu deveria estar. O Rivotril não me dá sono, ele me deixa lenta e meio sem noção do que tô fazendo. Fiquei assim o dia inteiro ontem, parecia que estava flutuando. 
Embora saibamos que esses remédios tarja preta viciam, para mim, nas crises, só eles funcionam, o ansiolítico que tomo diariamente previne que eu tenha crises, mas só os benzodiazepínicos tiram a angústia de mim, infelizmente. 
Hoje estou bem melhor, ainda meio lerda, o Rivotril realmente me afeta. Mas com aquele medo de ter outra crise a qualquer momento. Não é algo que a gente controla.

Conto para as pessoas e elas dizem "Ah não vai começar a ter isso de novo, né?" como assim? Não é algo passível de controle, se fosse, não existiriam tantas pessoas tomando drogas controladas e extremamente prejudiciais. "Tenta se controlar!" dizem. "Tenta pensar em coisas boas" dizem. "Tenta descansar, que melhora" dizem. Essas pessoas que dizem isso: ELAS NÃO ENTENDEM NADA. E já que você não entende nada, é melhor ficar quieto mesmo. Antes o silêncio a essas frases prontas, que de nada ajudam, só nos fazem sentir pior.

Essa ansiedade nos leva para um lugar tão escuro, tão longe de tudo e de todos, e ficamos tão sozinhos nesse lugar, que acabamos desistindo de tentar explicar o que sentimos, porque as pessoas simplesmente tratam como um sentimento passageiro, que se conseguirmos conter, tudo ficará bem. 

Entendam: NÃO DÁ PARA CONTER. Não é simples, não é passageiro e muito menos um sentimento. Para alguns, como eu, é uma CRUZ, é um carma, é algo que tento combater, mas já aceitei como parte de mim. Só espero que os outros aceitem também.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Doenças mentalmente transmissíveis




Sempre que eu vejo alguém com uma doença, eu acho que ou eu também tenho ou posso ter. Mesmo que seja a Febre do Nilo Oriental. Quando leio notícias sobre morte, AVC e trombose causados por anticoncepcionais, eu fico neurótica. Passo dias lendo coisas no Google até me acalmar (o que nunca ocorre por completo). 
Notícias de pessoas jovens que morreram de infarto durante a prática de exercícios também me deixam nervosa. Hoje mesmo vi uma notícia de uma moça que morreu fazendo aula de zumba (eu teria que morrer antes para conseguirem me arrastar para uma aula dessas), mas eu também pratico exercícios físicos e já fiquei encucada. Marquei cardiologista, só tinha para dezembro, quase um mês de espera dolorosa, sintomas estranhos (porque eles vão aparecer, eu já fiquei com falta de ar só de ler a notícia).
A gente não quer olhar no Google, mas enquanto a gente não olhar no Google e não pesquisar a internet INTEIRA, a gente não sossega. É como se fosse um alimento à mente.
Claro, que é importante fazer exames de rotina, se prevenir etc., mas cair na neura de que tem tudo quanto é doença já é um indício de ansiedade fora do comum. Algumas pessoas possuem hipocondria, que é o transtorno na sua forma mais grave e precisa de tratamento. Outras são tomadas pelo pânico ou pela ansiedade generalizada, que são igualmente graves e precisam de tratamento específico. 
Tem dias que eu acordo achando que minha perna não responde aos estímulos do corpo, que esta semiparalisada (porque andar consigo, né), mas que está "estranha", acontece às vezes com a direita, às vezes com a esquerda. Quando minha cabeça dói, duas opções passam pela minha mente: ou é AVC ou é um tumor maligno. E nem é proposital, parece que minha mente está condicionada a pensar esse tipo de coisa. Meu otimismo dura alguns segundos e os pensamentos ruins voltam.
A ansiedade nos faz ter sintomas das mais diversas doenças. Como quando vemos uma cena de um filme em um ambiente claustrofóbico e sentimos aflição. Quando vejo alguém com uma determinada doença, no outro dia eu acordo com os sintomas. Quando, certa vez, em um exame meu constou neutropenia (número baixo de neutrófilos), que depois descobri que foi efeito de um medicamento, eu já corri pesquisar o que era, a principal causa era o uso de certas substâncias (uma delas presente em um medicamento que tomei), mas já comecei a pensar várias coisas. Poderia ser um tipo de leucemia. Sem contar que, com a imunidade baixa, eu poderia adquirir diversas outras doenças, como ebola.
Aliás, na época do surto do ebola, eu tinha medo de usar o transporte público, assim como na época do de H1N1. Moscas volantes? Cegueira, esclerose múltipla, alguma outra doença autoimune, já sei, Lúpus! Dor nas costas, tumor maligno ósseo. Dor de dente, câncer bucal. Queda de cabelo, alopecia. Enjoo qualquer, gravidez. Cansaço, leucemia, esclerose múltipla, doenças autoimunes, doenças cardíacas. Manchas roxas, leucemia. Dor na barriga ou estômago, câncer. Dormência, infarto, esclerose múltipla, AVC. A lista é interminável.

E essa preocupação excessiva está presente em todas as áreas. 
Se alguém não atende telefone: algo muito ruim aconteceu.
Se alguém demora a responder uma mensagem: algo muito ruim aconteceu. 
Se alguém sai e demora a chegar: algo muito ruim aconteceu.
Se alguém vai viajar, penso no pior na estrada/ no voo.

E o pessimismo e a preocupação excessivos são infinitos, possuem vertentes, suas próprias filosofias e me acompanham em todos os lugares, de todas as formas, em todos os assuntos.

Minha vó disse "minha filha, o dia que você tiver que morrer, não vai estar nem pensando nisso". E é por isso que eu penso nisso todos os dias.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O limite da paciência


O psiquiatra receitou mais 4 meses de escitalopram + buspirona (dose máxima). Eu melhorei em relação a algumas coisas, outras continuam intactas, meu desespero é o mesmo diante das coisas que eu tenho para fazer, por exemplo. Mas eu fico me perguntando quando esse pesadelo irá acabar se é que vai. O remédio me ajuda, não queria precisar tomar, mas o medo de parar acarreta ainda mais crises de ansiedade.
Semana passada melhorei um pouco, mas voltei ao estresse no limite, porque eu simplesmente não aguento as cobranças e, quando as pessoas para de me cobrar coisas, eu acho que a cobrança fica implícita e eu me cobro. Isso me desgasta muito. 
Eu ando na rua querendo trucidar as pessoas na minha frente, jogá-las na linha do trem, eu não aguento lerdeza e parece que o mundo é lerdo: para andar, para fazer um trabalho, para responder a uma pergunta simples, para registrar um pedido no caixa, entre outras coisas que eu poderia ficar infinitamente citando. Elevadores me irritam, quando vejo que tenho companhia, sinto vontade de subir 9 andares de escada. No prédio onde moro, dá para ver as pessoas que chegam da rua de lá da área do elevador e é educado esperá-las quando o elevador chega, não tenho muita escolha, minha vontade é de subir correndo e deixar a pessoa lá embaixo, fingir que não vi, mas ainda tenho um pouco de bom senso, tento respirar fundo e pensar "não custa nada atrasar 30 segundos", mas eu subo desgostosa se a pessoa vai descer um andar antes de mim, porque, claro, vai demorar mais se o elevador fizer uma parada antes do meu andar. Eu estou sempre acelerada, como se não fosse dar tempo de fazer nada, com raiva de gente preguiçosa, que dorme demais, que tá sempre cansada, sempre querendo dormir, acha que andar 5 metros cansa, eu até tento ter empatia, porque né, eu preciso dela, mas não consigo, eu simplesmente não consigo!
A academia é um estresse à parte. Eu chego querendo matar as pessoas e saio de lá com um plano de eliminação em massa. Eu só cumprimento algumas pessoas por obrigação, para, sei lá, não acharem que eu me acho melhor que elas, porque na verdade não é isso, eu só não suporto pessoas e, em lugares com dezenas delas, eu fico mais acuada, querendo sumir, principalmente quando tenho que interagir. A academia tem 3 andares nos quais você pode malhar, sendo que dois deles possuem os mesmos aparelhos, mas, como eu me acostumei a malhar no último andar, eu não consigo simplesmente mudar, se tivesse que fazer isso, seria um processo e talvez não teria volta. Eu preciso dessas rotinas para sobreviver na sociedade, preciso ter algumas certezas, controlar algumas coisas, ser metódica. E aí, quando alguém senta no aparelho que eu queria usar, eu fico desolada, porque as pessoas, ELAS SÃO LERDAS, não sei se já disse isso (tsc). Sem contar que elas suam e eu tenho nojo até de passar o álcool gel para limpar os aparelhos antes de usar, porque, sério, aquele paninho, urgh!
O mercado é um teste de paciência. As pessoas para os carrinhos NO MEIO do corredor, eu tenho vontade de tomar distância e acertar correndo o carrinho delas com o meu, pra ver se capota, causa um estrago. Derrubar umas latas na cabeça delas pra ver se acordam e o cérebro funciona. A fila é um espetáculo isolado, eu entro em transe de tanto ódio de gente tirando muita dúvida inútil, batendo papo, sendo lerda para procurar cartão, embalar as compras! Olha, não é fácil.
Mas o metrô é o lugar diário onde mais tento relevar, porque aquela terra de ninguém é uma ameaça à saúde cardíaca. As pessoas são muito mal educadas e com a má educação vem a lerdeza. Sabe? A LERDEZA! Elas deixam para procurar o bilhete na catraca. Elas param na porta sendo que não vão descer. Elas entram no metrô LENTAMENTE enquanto tem um monte de gente atrás querendo entrar também. Eu quero matar essas pessoas. Às vezes alguns pensamentos agressivos passam pela minha mente, olho praquela pessoa estacionada deliberadamente no meio da porta, interrompendo a passagem, com espaços dentro do trem, sendo que não vai descer e me imagino puxando cabelo, socando a cara, entre outras coisas.
Eu queria mesmo ser uma pessoa melhor, mas eu não consigo. Não consigo porque tudo que preciso fazer envolve algum tipo de interação humana e isso me dá nos nervos. A única coisa que me acalma é quando encontro algum animal na rua, brinco, converso, passo a mão, que infelizmente onde moro não é permitido ter animais, mas as minhas plantas também me acalmam. Mas é só. SÓ ISSO. Até para ver série tenho me estressado, com os personagens, inclusive, até sonho com eles.
Não faço nada por mal ou tenho uma implicância gratuita com o mundo. Eu sou muito ANSIOSA e as pessoas me parecem todas tranquilas demais e eu começo a odiar essa tranquilidade, porque eu não consigo imaginar como ela existe. "Mas você não tem empatia e quer empatia?", olha, empatia, no momento, é uma coisa que não tá dando pra ter. 
E, por fim, em relação aos amigos, eu simplesmente não aguento mais. Assim, estou esgotada, não quero sair, não quero que venham em casa, não tenho vontade de ouvir seus problemas, nem de contar os meus, porque eu não tenho vontade de conversar com eles. Acho que se eu não morasse com meu namorado, existiriam momentos assim também na hora da comunicação. É muito complicado, as pessoas ficam chateadas, mas eu não consigo, eu começo a ficar com raiva delas quando elas são insistentes, egocêntricas e começam a falar da vida delas (que na verdade é uma coisa normal que as pessoas fazem, é o que estou fazendo aqui), mas eu não consigo ouvir/ ler "eu fui", "eu fiz", "eu tô assim", "eu tô assado", que eu começo a sentir pontadas, ficar com falta de ar, me dá nervoso, eu não aguento as pessoas, eu tento repelir, mas parece que atraio mais!

Fica aqui esse desabafo de uma ansiosa dominada por sua ansiedade que não consegue aceitar a vida em sociedade e o fato de que, infelizmente, tenho que (con)viver no mesmo espaço que outras pessoas.