quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Aceitação


Hoje, faz 9 anos que meu avô se foi. Ele era o exemplo de pessoa para mim, quem cuidou de mim desde pequena, me amparando e protegendo. Há exatos 2 anos, meu pai fazia uma cirurgia cardíaca e iria embora 3 dias depois, na madrugada do seu aniversário. O final de setembro/começo de outubro, que já era triste, ficou ainda mais. Os dias que precedem o meu aniversário nunca mais foram os mesmos. Na infância, eu ganhava festas enormes, presentes, era uma época muito feliz. Agora, cada ano a mais que faço, é um ano a menos sem eles. A gente nunca sabe as razões das coisas, mas no final tem que aceitar o que a vida dá. Meu pai e meu avô eram duas pessoas ímpares, nunca foram iguais às outras, nunca tive parâmetros de comparação. Em dias ruins, eu me lembro de uma frase que meu avô sempre dizia quando aconteciam coisas sem explicação: "Tatá, se a gente tiver que morrer de desastre de avião, ele cai na nossa cabeça". Maktub

Não que a gente deva ser passivo e aceitar todas as coisas sem lutar por elas. Mas que a gente tem que aceitar, eventualmente, sem parar de viver, de fazer as coisas, entendendo que, no fim, a gente é sozinho mesmo. O que tiver que ser mesmo, não importa o tempo, vai ser independentemente da nossa vontade e, quando acontecer, todas as forças da natureza irão se unir e trabalhar em sincronia perfeita.

A ansiedade gera medo sim. Gera medo, angústia, preocupação excessiva, estado alerta de 24 horas e isso faz com que percamos muito tempo, sejamos pessimistas, esperemos pelo pior. Posso dizer que eu esperei tanto pelo pior durante tanto tempo, que quando o pior veio, eu não estava necessariamente preparada, mas estava conformada. A palavra do dia é: aceitação. A gente fica o tempo todo "E se? E se? E se?". Se acontecer algo, a gente trabalha nisso e depois aceita. A principal coisa para seguir em frente e evoluir não é perdoar: é aceitar. Perdoar é uma coisa que nem sempre somos capazes, a gente não é obrigado a gostar de ninguém e nem de dar o benefício do perdão a quem nos prejudicou, mas a gente pode aceitar e aprender com as piores situações. Aceitar não só as situações que nos prejudicaram advindas de outras pessoas, aceitar também as coisas ruins que nós fizemos e não fazemos mais e nos ajudaram a crescer. Conviver com diversas facetas, entender que a gente está em processo evolutivo, que a gente não precisa ter sido perfeito no passado, desde que busque mudar isso.

"É necessário serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar, coragem para mudar as coisas que podemos e sabedoria para discerni-las".


Naquela mesa tá faltando eles e a saudade deles tá doendo em mim.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A ansiedade depois de um ano de Escitalopram e Buspirona


No dia 14 de setembro de 2015, tomei meu primeiro ansiolítico, uma dose manipulada composta de 15mg de escitalopram e 15mg de buspirona. O primeiro efeito colateral foi a dilatação das pupilas. Fui ao banheiro e, ao me olhar no espelho, logo notei algo estranho com meus olhos. Como ansiosa, a tendência é reparar em cada mínimo detalhe, cada mudança quase imperceptível do corpo. Com isso, fiquei preocupada.
Em seguida, vieram mais sintomas. Tontura, enjoo, formigamento, queimação nos membros inferiores e nas mãos, tremores, boca seca. Na mesma noite, acordei com uma crise de pânico e fui parar no hospital. Bom, o resto vocês já sabem, contei por aqui. 

Mas queria fazer um balanço desse primeiro ano tomando ansiolítico.

Obviamente, o início foi o mais difícil. Noites sem dormir, efeitos colaterais severos. Acentuação da ansiedade. Eu tive uma melhora drástica no primeiro mês. Depois de cerca de 40 dias tomando o remédio, eu era outra pessoa. Tinha parado de pesquisar doenças, estava menos ansiosa, mas mais acelerada. Sempre fui acelerada, mas eu adquiri uma inquietude que não é normal. Eu simplesmente não consigo ficar parada. Se deito, quero levantar, se levanto, fico para lá e para cá, sem conseguir parar de fazer serviço. Adquiri, também, uma estranha obsessão por limpeza. Limpar me torna plena, parece que as coisas só vão para o lugar depois de fazer algum tipo de arrumação ou limpeza. 

Tive dias muito difíceis, cismas, pensamentos ruins, nos primeiros meses muitos pesadelos estranhíssimos, surreais. A desconfiança com doenças não passou. Melhorou, mas não passou. Dei a mim o benefício da dúvida, resolvendo checar antes as informações sem ficar tão paranoica. Lógico que fiquei paranoica muitas vezes sim, sem dormir e achando que iria morrer. Mas são dias e dias e a gente vai vivendo um por vez. Confesso que tenho um certo medo de parar de tomar o remédio e voltar à estaca zero, àqueles dias de terror e angústia.

Mas, no geral, eu melhorei sim. Apesar das manias adquiridas, eu estou menos obcecada. Não posso dizer preocupada, porque preocupada eu estou sempre. Os pensamentos pessimistas não desocupam a minha mente. Eu imagino as piores tragédias com as pessoas que gosto, os piores acontecimentos comigo em situações diversas do cotidiano e, claro, as piores doenças. 

Notei também que tenho picos de paciência e impaciência. Consigo me controlar em algumas situações, coisa que não ocorria antes. Contudo, eu explodo de maneira muito pior, descontrolada, como se o mundo estivesse desabando ao meu redor, é horrível. É um impulso que não sei dizer de onde vem nem como controlar, eu só preciso explodir, gritar, xingar, qualquer coisa. Eu até tento trabalhar na ideia de "ser um ser humano melhor", mas é um esforço que não consigo fazer no momento.

Eu estou há dois anos sem férias, vou tirar férias em outubro (agora). Confesso que estou muito cansada, mais mentalmente. Contudo, já estou preocupada com o que vou fazer, porque eu simplesmente desaprendi a descansar. Eu ando tão acelerada quanto uma criança hiperativa sem ritalina. Espero que eu consiga dormir pelo menos 8 horas, deitar e assistir televisão sem pensar nas mil coisas que assombram a minha mente.

A ansiedade é como uma sombra e, algumas vezes, está à nossa frente. Não conseguimos nos livrar porque, para nos livrar, é necessário andar na direção oposta. Mas quem consegue? Quem está disposto a andar na direção oposta de forma drástica? A ansiedade é tão implacável que, quando decidimos fazer algo a respeito, ela já tomou conta de todas as horas do dia, até aquelas poucas de sono. 

Ser ansioso é como estar em um pesadelo em que as pernas não correspondem. É como ficar submerso, sem ar e, ao tentar retornar à superfície, encontrar uma camada de gelo espessa. Você até conseguiria quebrar, mas não tem forças porque ficou muito tempo sem ar.

De todas as coisas, a pior é ficar sem ar. Visão turva, pápebras tremendo, moscas volantes, tontura, dores nas pernas, formigamento, tudo isso é muito ruim. Mas quando o ar não vem, eu só fico tentando desesperadamente respirar fundo, mas só piora. E, até ter consciência de que na verdade é minha cabeça que precisa de ajuda, eu já estou sufocada. 

Literalmente e metaforicamente.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Preciso de paz



Eu preciso falar uma coisa pra vocês. 
Ansioso não reconhece equilíbrio. Ou é oito ou é oitenta. Ou ele não se importa nem um pouco com o que está acontecendo ou ele fica desesperado. Ansioso tem preocupações seletivas. 

Por isso, se tem uma coisa que eu tenho quando estou mais ansiosa, essa coisa é AVERSÃO A PESSOAS. Eu me sinto plena quando estou só, sou individualista, sozinha e adoro estar comigo mesma. É um misto de sensações. Alguns ansiosos são extremamente carentes, precisam de constante atenção. Eu preciso que me deixem de lado, me esqueçam por um minuto, deixem a paz fluir, correr pelas minhas veias e adentrar ao meu sistema circulatório. Deixem o silêncio falar para mim. Deixem as páginas em branco. Deixem-me sentir o vento bater no rosto sem ser interrompida por um pedido, um causo, uma anedota, que seja. Deixem que eu sinta o vazio existencial, que me faz plena, me completa, me sustenta.

Não despejem suas preocupações nos ansiosos. Eles podem entender o que os outros passam melhor do que ninguém: mas eles já têm os seu próprios problemas.

Eu preciso estar nesse lugar. Não porque eu não goste das pessoas, porque, realmente, existem pessoas das quais eu gosto muito e com as quais eu me importo. Mas as pessoas precisam ter um jeito diferente de se importar comigo, menos egoísta. "Se ama, deixe livre". Deixando que eu aproveite meu sossego, sem insistir nessa coisa de amizade. Nessa coisa de ter que marcar, de ter que se ver, de ter que dar satisfações. Eu guardo cada pessoa que me importa comigo, só não quero movimentos bruscos. 

Eu quero sentar em uma sala vazia, com uma poltrona confortável e uma parede lisa, sem quadros, sem cores. Sem ouvir o barulho das pessoas lá fora. Sem ninguém me cobrar nem pedir nada, sem ninguém precisando de mim. 

Porque, nesse momento, agora, eu preciso de mim.

sábado, 3 de setembro de 2016

Setembro amarelo: mês de prevenção do suicídio




O mês de setembro foi escolhido pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina como o mês de prevenção do suicídio. 

Um dado triste e alarmante é o aumento de suicídio de adolescentes nos últimos anos. Até porque, sendo conhecido como "rebelde" alguns dos seus atos são tratados como simples "rebeldia" e não com a seriedade com que deveriam. Os psiquiatras alertam para a importância de notar os sinais, isso no círculo familiar, de amizades, na escola e no trabalho. Comportamentos não usuais, se a pessoa possui algum transtorno psiquiátrico ou psicológico é um agravante e também se algum fato recente tem afetado o desempenho da pessoa em tarefas corriqueiras, como a morte de um ente querido, uma perda amorosa e afins são coisas a serem levadas em consideração.

O importante é estar alerta, principalmente se a pessoa já sofreu anteriormente quadros maníaco depressivos, tem depressão, transtorno bipolar, entre outros. Para as pessoas que sofrem com quadros como esses, é mais difícil lidar com tudo. É como se o peso de cada coisa fosse colocado em dobro nos ombros. 

Portanto, respeite. Se conhece alguém que passa ou passou por situações difíceis, se notou comportamentos diferentes, se sabe que a pessoa sofre de depressão, toma medicamentos e já confessou que teve ou tem pensamentos suicidas: esteja alerta, esteja presente, aconselhe, se a situação se agravar, converse com a família. Suicídio não é brincadeira e a melhor medida é a prevenção através da conscientização das pessoas que estão em volta de quem sofre com esses pensamentos.

Aqui embaixo tem uma lista de hospitais na cidade de São Paulo que são referência e contrarreferênca em saúde mental.




REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA EM SAÚDE MENTAL
NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

- HOSPITAL MUNICIPAL DO JABAQUARA – DR. ARTHUR RIBEIRO SABOYA
Av. Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro, nº 860 – Jabaquara
Fones: 5011-5111 / 5011-5503 / 5011-5012 / 5011-1059
FAX: 5011-7901 Distritos: Jabaquara /Cidade Ademar
- PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DA LAPA – PROF. JOÃO CATARIN MEZOMO
Av. Queiroz Filho, nº 313 – Lapa
Fones: 3022-4122 / 814-5649
Distritos: Lapa / Pinheiros / Butantã
- PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DA FREGUESIA DO Ó – 21 DE JUNHO
Av. João Paulo I, 1421 – Freguesia do Ó
Fones: 3975-1349 / 3975-5866
Distritos: Freguesia do Ó / Brasilândia / Cachoeirinha
PRONTO SOCORRO MUNICIPAL SANTO AMARO – DR. JOSÉ SILVIO DE CAMARGO
Av. Adolpho Pinheiro, 805 – Santo Amaro
Fones: 5523-1424 / 5523-1788/5523-1777
Distritos: Santo Amaro / Parelheiros / Grajaú
HOSPITAL MUNICIPAL DE PIRITUBA – DR. JOSÉ SOARES HUNGRIA
Av. Menotti Laudísio, nº 100 – Pirituba
Fones: 3974-7000 / 3974-0683
Fax: 3974-0683
Distritos: Pirituba / Perus
- HOSPITAL MUNICIPAL DO TATUAPÉ – DR. CARMINO CARICCHIO
Av. Celso Garcia, nº 4815 – Tatuapé
Fones: 6191-7000 / 6191-5292
Fax: 6191-5605
Distritos: Moóca / Vila Formosa / Vila Maria
- HOSPITAL MUNICIPAL DO JARDIM IVA – DR. BENEDITO MONTENEGRO
Av. Antonio Lázaro, nº 226 Jardim Iva
Fones: 6721-8763
Fax: 6721-8454 Ramal. 102
Distritos: Sapopemba / São Mateus
- HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO MIGUEL PAULISTA – TIDE SETUBAL
Rua Dr. José Guilherme Eiras, nº 123 – São Miguel Paulista
Fones: 6297-0022 / 6297-0216
Fax: 6297-0550 / 6956-8045
Distrito: São Miguel Paulista / Vila Jacui

EMERGÊNCIAS COM ENFERMARIAS PSIQUIÁTRICAS

REFERÊNCIA DE EMERGÊNCIA E ENFERMARIAS PSIQUIÁTRICAS
- HOSPITAL PSIQUIÁTRICO VILA MARIANA

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Rua Major Maragliano, nº 241 – Vila Mariana
Fones: 5087-7000 – 5084-6711
Distritos: Vila Mariana / Sé / Santa Cecília
- COMPLEXO HOSPITALAR DO MANDAQUI
Av. Voluntários da Pátria, nº 4301 – Mandaqui
Fones: 6959-3611 / 6950-1717
Distritos: Santana / Tremembé / Jaçanã
- HOSPITAL SANTA MARCELINA ITAIM PAULISTA
Av. Marechal Tito, nº 6035 – Itaim Paulista
Fone: 6963-1255
Distritos: Itaim Paulista / Vila Curuça
- HOSPITAL GERAL DE GUAIANASES – JESUS TEIXEIRA DA COSTA
Rua Otelo Augusto Ribeiro, nº 899 – Guaianases
Fones: 6557-2010 / 6557-5200
Distritos: Guainazes / Cidade Tiradentes
- HOSPITAL MUNICIPAL DE ERMELINO MATARAZZO – DR. ALÍPIO CORREA NETO
Alameda Rodrigo de Brumn, nº 1989 – Ermelino Matarazzo
Fones: 6943-9944
Fax: 6943-9944 Ramal: 4227
Distritos: Ermelino Matarazzo / Penha / Vila Matilde
- HOSPITAL MUNICIPAL DE ITAQUERA – DR. WALDOMIRO DE PAULA
R. Augusto Carlos Baumam, nº 1074 – Itaquera
Fones: 6944-6355 / 6286-6391 D
Fax: 205-7682
Distritos: Itaquera / Cidade Lider
HOSPITAL MUNICIPAL DE CAMPO LIMPO – DR. FERNANDO MAURO PIRES ROCHA
Estrada de Itapecerica da Serra, nº 1661 – Campo Limpo
Fones: 5512-7650 / 5512-7651 / 5519-5828 D
FAX: 55117220
Distritos: Campo Limpo / Capão Redondo / Jardim São Luiz / Jardim Ângela
- HOSPITAL SÃO PAULO
Rua Napoleão de Barros, nº 715 – Vila Clementino
Fones: 5576-4033 / 5571-2098
Distritos: Ipiranga / Sacomã / Vila Prudente.



Até!