Hoje, faz 9 anos que meu avô se foi. Ele era o exemplo de pessoa para mim, quem cuidou de mim desde pequena, me amparando e protegendo. Há exatos 2 anos, meu pai fazia uma cirurgia cardíaca e iria embora 3 dias depois, na madrugada do seu aniversário. O final de setembro/começo de outubro, que já era triste, ficou ainda mais. Os dias que precedem o meu aniversário nunca mais foram os mesmos. Na infância, eu ganhava festas enormes, presentes, era uma época muito feliz. Agora, cada ano a mais que faço, é um ano a menos sem eles. A gente nunca sabe as razões das coisas, mas no final tem que aceitar o que a vida dá. Meu pai e meu avô eram duas pessoas ímpares, nunca foram iguais às outras, nunca tive parâmetros de comparação. Em dias ruins, eu me lembro de uma frase que meu avô sempre dizia quando aconteciam coisas sem explicação: "Tatá, se a gente tiver que morrer de desastre de avião, ele cai na nossa cabeça". Maktub
Não que a gente deva ser passivo e aceitar todas as coisas sem lutar por elas. Mas que a gente tem que aceitar, eventualmente, sem parar de viver, de fazer as coisas, entendendo que, no fim, a gente é sozinho mesmo. O que tiver que ser mesmo, não importa o tempo, vai ser independentemente da nossa vontade e, quando acontecer, todas as forças da natureza irão se unir e trabalhar em sincronia perfeita.
A ansiedade gera medo sim. Gera medo, angústia, preocupação excessiva, estado alerta de 24 horas e isso faz com que percamos muito tempo, sejamos pessimistas, esperemos pelo pior. Posso dizer que eu esperei tanto pelo pior durante tanto tempo, que quando o pior veio, eu não estava necessariamente preparada, mas estava conformada. A palavra do dia é: aceitação. A gente fica o tempo todo "E se? E se? E se?". Se acontecer algo, a gente trabalha nisso e depois aceita. A principal coisa para seguir em frente e evoluir não é perdoar: é aceitar. Perdoar é uma coisa que nem sempre somos capazes, a gente não é obrigado a gostar de ninguém e nem de dar o benefício do perdão a quem nos prejudicou, mas a gente pode aceitar e aprender com as piores situações. Aceitar não só as situações que nos prejudicaram advindas de outras pessoas, aceitar também as coisas ruins que nós fizemos e não fazemos mais e nos ajudaram a crescer. Conviver com diversas facetas, entender que a gente está em processo evolutivo, que a gente não precisa ter sido perfeito no passado, desde que busque mudar isso.
"É necessário serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar, coragem para mudar as coisas que podemos e sabedoria para discerni-las".
Naquela mesa tá faltando eles e a saudade deles tá doendo em mim.