quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sonhos, pesadelos e paralisia do sono

Não tenho tido tempo de escrever aqui por conta dos trabalhos (não só da pós), como dos freelas que tenho feito à parte. Mas hoje, parei especialmente para falar dos sonhos.


Sonhar com cobra é traição. Com dente, morte. Com água, lágrimas. Sonhar com morte é sorte. E mais diversas outras interpretações e superstições. Salvador Dalí pintava seus sonhos de maneira surreal. Freddie Krueger invadia o sonho de adolescentes para atacá-los durante o sono. 

Mas a verdade é que o sonho mais tem a ver com nosso inconsciente, nosso estado de espírito, do que com premonições, interpretações e afins. 

Um dos efeitos colaterais do Escitalopram é ter sono perturbado, com sonhos vívidos. Mas um dos sintomas da ansiedade é transportar as preocupações para a hora de dormir. Pesadelos e mais pesadelos. De coisas que tememos, de coisas que não fazem o menor sentido. Em sua maioria, surreais. Como os quadros de Dalí.

Sempre fui muito ansiosa e sofri com pesadelos, desses de você ficar mal o dia todo. Mas, nas últimas semanas eles se intensificaram. O sono já estava péssimo, pois só vinha de dia, agora, então, acordando toda hora assustada e passando o dia sob o efeito do pesadelo, piorou. Quando não tenho pesadelos, tenho sonhos extremamente surreais, sem sentido.

Tive, por muitos anos, paralisia do sono. É terrível, é sufocante, é uma sensação inexplicável. Você fica preso no seu corpo, sem conseguir se mover, falar, fazer nada, mas consciente que está ali. Imagino como deva ser a vida dos portadores da síndrome do encarceramento. E, após muitos anos sem sofrer disso, essa semana tive duas vezes. Acordei sem conseguir me mover, com as lembranças muito claras do pesadelo que havia tido. Foi péssimo. 

Não quero tomar remédio para dormir, mas parece que terei que recorrer a métodos naturais, chás e afins. 

O uso de antidepressivos no Brasil cresceu 44% conforme recente matéria publicada no G1. Não quero aumentar ainda mais as estatísticas, tomando, junto com um ISRS (inibidor da recaptura de serotonina), um benzodiazepínico (ansiolítico tipo Rivotril, Valium, Lexotan), que, além de ter efeitos colaterais, são medicamentos que causam dependência.

Como é difícil a vida de um ansioso. E o pior: sem o sono em dia, a gente não vive, sobrevive!

Fiquem com essa cena maravilhosa de "Sonhos", do Kurosawa.



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O sono nosso de cada dia


Há alguns dias, alguns sintomas que tinham amenizado, meio que voltaram em intensidade menor e de maneira inconstante. Tive algumas tonturas, leves, parestesias (pontadas no corpo e sensação de queimação nas pernas e nas mãos), visão levemente turva em algumas situações. Mas estou melhor, apesar de tudo ser muito inconstante, não estou pirando achando que estou morrendo, mesmo porque, alguns dos sintomas só apareceram depois que comecei a tomar o remédio (nem tudo são flores!). 
Mas, um efeito que surgiu há mais ou menos um mês e que não tem me deixado trabalhar direito é: O SONO. Eu costumava dormir poucas horas por noite e passar o dia todo revisando, às vezes batia o sono, mas logo melhorava, não era uma coisa descontrolada. Agora me pego dormindo sem querer, pescando, durmo sentada, de pé no metrô, só me falta dormir andando. "Ah, mas é porque você toma o remédio de manhã". Engraçado que, quando tomo à noite, ele me tira o sono. Fico virando de um lado para o outro e tendo sonhos esquisitíssimos e mais surreais do que nunca. Pior: mesmo passando a maior parte do dia com sono, ainda não consigo dormir a noite inteira. Fico acordando com qualquer mínimo ruído e não durmo mais (vide pássaros também).
Não posso chamar de insônia, porque eu tenho sono, só não consigo dormir tranquilamente, me viro de um lado para o outro, as pernas ficam inquietas, parece um acúmulo de energia que não gastei, mas isso me intriga porque eu não paro o dia inteiro! Não como carboidratos muito tarde e muito menos açúcares (esses eu praticamente cortei). 

E agora, José? 

E aí, como está o sono de vocês?

terça-feira, 10 de novembro de 2015

A prescrição inconsequente de ansiolíticos e antidepressivos

"Segundo a Anvisa, o consumo brasileiro do princípio ativo do Rivotril, o clonazepam, em 2007 era de 29 mil caixas por ano. Em 2015, este número atingiu os 23 milhões, de acordo com a IMS Health. O crescimento significativo em pouco tempo desperta as suspeitas de uso excessivo e desnecessário por parte de especialistas."

Carta Capital, novembro/2015

Sabe-se que o índice de pessoas que apresentam transtornos como o de ansiedade ou o depressivo aumentou progressivamente ao longo dos anos, principalmente nas grandes cidades. O que consequentemente aumentou o uso de ansiolíticos, especialmente benzodiazepínicos, como Clonazepam (Rivotril®), Diazepam (Valium®), Alprazolam (Frontal®), Bromazepam (Lexotan®) entre outros. Esses tranquilizantes são conhecidos por causarem dependência. Hoje, existem no mercado drogas eficazes para o tratamento dos mesmos tipos de transtorno com menos efeitos colaterais e resultados satisfatórios e com pouca ou quase nenhuma dependência. Ainda assim, é preciso ficar alerta e, muitas vezes, procurar mais de um especialista até se ter certeza de que é realmente necessário o uso de antidepressivos, ansiolíticos e afins. 
Como hoje se tornou comum ver pessoas ansiosas, com transtornos de ansiedade ou não, profissionais de saúde têm receitado indeliberadamente remédios controlados, que, se forem prescritos sem uma análise mais profunda do caso, podem até prejudicar o paciente. 
Psicólogos defendem que muitos desses transtornos podem ser tratados, embora a longo prazo, com a correta terapia. Mas, em entrevista com uma psicóloga, ela disse garantir resultados, ainda que amenos, no primeiro mês de tratamento. Contudo, a terapia, sozinha, parece não se mostrar eficaz em algumas pessoas, principalmente naquelas em que o transtorno já persiste há muito tempo. A indicação, para esses casos, é unir ambas terapias, tendo cautela com a terapia medicamentosa.
Um dos medicamentos mais prescritos para ansiedade é a Fluoxetina (Prozac®), que causa dependência moderada, ficando o paciente sujeito a sintomas desagradáveis no desmame. Um concorrente, a Sertralina (Zoloft®), causa menos dependência, e efeitos semelhantes. Drogas mais recentes no mercado como Citalopram (Procimax®) e Escitalopram (Lexapro®) são conhecidas por causarem menos efeitos colaterais e dependência mínima, contudo, muitos pacientes têm experiência de diversos sintomas colaterais, principalmente no início do tratamento e quando o tratamento é interrompido.
Portanto, não existe droga 100% segura. É necessário testar as diversas abordagens antes de partir para a terapia medicamentosa, que é recomendada em último caso, quando mais nada pareceu fazer algum efeito. A terapia medicamentosa mostra-se muitas vezes eficiente, promovendo a cura definitiva e melhora de qualidade de vida do paciente durante e após o final do tratamento. Contudo, em se tratando de drogas que afetam o sistema nervoso, é preciso ter cuidado ao utilizá-las indeliberadamente.
Não deixe que profissionais que não tratam de saúde mental prescrevam medicamentos ou deem diagnósticos de transtornos, como o de ansiedade. Clínicos Gerais, Plantonistas e Emergencistas NÃO podem dar diagnósticos definitivos sobre a sua saúde mental. Endocrinologistas tratam de transtornos HORMONAIS e não podem dar diagnósticos definitivos. Assim que profissionais de outras áreas sugerirem que você tem ansiedade ou depressão procure um PSICÓLOGO e um PSIQUIATRA. E o mais importante: NÃO SE AUTOMEDIQUE. Se um medicamento não funcionar (é necessário esperar, ao menos, 20 dias para que faça algum efeito), o profissional adequado escolherá outra terapia ou outro medicamento mais condizente com o seu problema. NÃO PARE DE TOMAR POR CONTA PRÓPRIA. Medicamentos para saúde mental podem causar efeitos colaterais por todo o corpo, crises de pânico, ansiedade, parestesias, tremores e tonturas. 

sábado, 7 de novembro de 2015

O lado bom da vida

Eu sei, é difícil.

As coisas passam tão rápido. A cada dia uma coisa nova. Ruim. Tantas adversidades que a chamamos de lunático quem opta por ver o lado bom das coisas, porque na maioria das vezes não conseguimos enxergar. A quem tem algum transtorno, então, como depressão ou ansiedade (ou os dois) essa prática é dada como impossível. A solidão passa a ser nossa melhor companheira, ainda que tenhamos pessoas nos apoiando, mostrando que estão lá para nós, nos sentimos sozinhos e, muitas vezes, por opção, por desanimarmos quando as pessoas parecem simplesmente não entender que a depressão não depende de coisas extrínsecas, que, apesar de ficarmos piores quando coisas ruins acontecem, não significa que as coisas boas nos trarão à tona.

Mas gostaria de propor algo diferente. Apesar de ser realista de natureza, pessimista de nascença e gostar de causar choques de realidade nas pessoas, para que elas enxerguem que ao final do arco-íris não há potes de ouro, hoje quero fazer outro choque de realidade. Em tempos de tantas tragédias, guerras, fome, injustiça, violência, tristeza, coletiva, individual, é preciso enxergar com olhos especiais. Há pessoas com problemas maiores, há pessoas com problemas menores, mas somente quem veste a situação sabe o que é estar nela, essa é a beleza da relatividade. Somos diferentes. Sofremos. Mas o bom e velho Adoniran já dizia algo que, como incrédula, agnóstica, pego como metáfora: "Deus dá o frio conforme o cobertor". As forças surgem de onde menos esperamos e quando mais precisamos. Caímos e levantamos quantas vezes for preciso. 

Portanto, hoje queria despertar esse enxergar especial em todos que tiveram anos, meses, semanas, dias difíceis. A todos que optaram por tentar ver o lado bom da vida. A todos que não conseguem ver esse lado. 

Helen Keller (deficiente visual e auditiva desde a infância, escritora e advogada) fez um texto dizendo o que faria se pudesse ter três dias para ver. O texto retrata tudo que precisamos. O que fazer se tivéssemos isso ou aquilo? Sonhos. Mas e o que fazemos com o que temos agora? Escrevemos nossa história e deixamos essa parte, da Helen Keller, para a hora que deitamos no travesseiro antes de dormir. E, se for algo palpável, possível, lutamos por essa coisa, mas sem, claro, nos desviarmos do nosso objetivo, que não chamo de conformista, chamo de otimista: que é simplesmente ver o lado bom de cada coisa que temos.



Toalhas quentinhas, recém passadas, com cheiro de amaciante.
Um passeio no parque, ao final da tarde.
Cachorros correndo e brincando.
Crianças sorrindo pra você.


Crianças curadas do câncer.
Quando compramos uma roupa nova que cai bem.
Um filme que você já viu tantas vezes que decorou todo o roteiro.


Abraço de vó.
Pegar o elevador vazio.
Chegar cedo em casa e pegar um pedaço de um programa que você adora.
Comida quentinha, fresca, quando você está com fome.
Ajudar alguém que precisa muito.
Lembranças da infância.



A lembrança de um momento bom, que ressurge com uma música, um cheiro, um lugar.
Rir até doer a barriga.
Dançar até não sentir as pernas.
A satisfação de terminar um trabalho.
Conversar com velhos amigos.
Uma cena engraçada de um filme que você ri sempre.


Destravar o celular e ver que tem mensagem de quem você gosta.
Sexta-feira.
Sábados ensolarados.
Sábados chuvosos.
Sábados.
Desenhos da infância.


Ganhar um presente.
Surpreender-se de uma maneira boa com alguém que você não esperava.
Água, quando você está com muita sede.
Um doce depois do almoço.
Brigadeiro.


Matar a saudade de alguém.
Ter alguém que se importa com você.
Ouvir sua música favorita tocar na rádio.
Tirar os sapatos ao chegar em casa, após uma noite badalada.
Cheiro de chuva.



Olhar as luzes acesas das casas e imaginar como a casa é por dentro.
Viajar à noite, pela estrada só ouvindo o barulho do vento e a lua acompanhando o carro.
Assistir suas séries preferidas.
Enfeites de Natal.



A ligação que você tem com personagens ao acabar um filme, um livro, uma série.
Reencontrar amigos após muito tempo e tudo parecer igual.
Quando você vê que alguém passou por um período muito ruim e superou.
Quando você vê que passou por um momento muito difícil e superou.

E, apesar de todas as adversidades, sabe que pode sempre contar com alguém.
Sabe que pode contar sempre comigo.

I don't believe in many things, but in you I do. <3





sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Segundo relato anônimo


Depressão A tristeza é um sentimento que se faz presente na vida de todos, mas comigo começou a ficar cada vez mais frequente e ela trouxe sua amiga angústia pra me apresentar. Lembro que tudo começou em um período de tempo que eu acumulava tarefas e as pessoas cobravam bastante de mim porque acreditavam na minha capacidade. Então tive problemas na família e tudo convergiu de tal modo que não pude suportar. Lembro do medo estampado na cara dos meus pais quando disse que não aguentava mais e, em prantos, afirmei que não iria conseguir sozinha. O início do tratamento foi difícil. Sentia muito sono e não conseguia me concentrar. Parei o hábito da leitura, não via mais filmes e nem seriados e não tinha muitos recursos para me distrair com meus amigos. Tive uma reação assustadora ao meu primeiro remédio, meu pescoço e rosto entortaram de tal modo que mal conseguia falar. Hoje, depois de ter parado a medicação e a terapia e ficado bem, sinto que piorei novamente e a dificuldade de me concentrar veio com força. O último ano da graduação foi tão complicado que criei uma imensa barreira com relação aos estudos futuros que luto para quebrar. Mesmo assim acredito que o segredo para a melhora é assumir que, quando enfrentar a vida é difícil demais, existe um problema e não é possível vencê-lo sozinho e que, se acontecer mais de uma vez, não é vergonha nenhuma pedir ajuda novamente. Terapia é muito benéfica e medicamentos, por mais que tenham efeitos negativos, muitas vezes se fazem necessários, mas acima de tudo, todos aqueles que amamos farão de tudo para não nos deixar cair e, caso a gente insista em desabar, estarão sempre ali para nos amparar e mostrar o valor que a depressão não nos deixa enxergar. Troquei de medicamento e tudo foi melhorando aos poucos, porém até hoje tento digerir meu último ano de faculdade e rostos e vozes dos docentes mais queridos me perguntando o que tinha acontecido comigo e o motivo do meu rendimento ter caído tanto.

L.S., sexo feminino.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Diário dos 40 dias de Escitalopram e Buspirona

Olá, terráqueos!

Ontem fui buscar mais 60 cápsulas de Buspirona (15mg) e Escitalopram (15mg). Acabei de tomar 40 cápsulas. Parece que o período mais difícil já passou. Mas vou contar aqui um pouco do que ocorreu nesses 40 dias de remédio. 

Na semana que antecedeu a consulta ao psiquiatra

Estava passando muito mal, pernas duras, pontadas pelo corpo, moscas volantes, visão embaçada, tonturas, falta de ar. Para chegar à consulta foi um martírio, andava e parecia que estava flutuando. Consulta feita e o veredito: antidepressivo e ansiolítico. Oxalato de Escitalopram, 15mg, dose relativamente alta para quem nunca usou esse tipo de medicação. 

Primeira Semana

A primeira semana foi, certamente, a mais difícil. Muitos, muitos efeitos colaterais. Conheci pessoas que tomavam a mesma medicação sem ter tido nenhum dos efeitos que eu tinha e também muita gente que teve efeitos iguais ou até mais severos. Os sintomas, que combinados com os que eu já tinha, ficaram mais intensos. Muita tontura, visão turva, tremores nas mãos, fome nenhuma, não conseguia dormir, se deitava na cama, queria levantar, se levantava não sabia o que fazer, se deitava, se andava de um lado para o outro, era uma sensação de impotência, estava perdida e não sabia o que fazer. Tive crises de pânico, boca muito seca, pupilas dilatadas, tremores e mais tremores, muita falta de ar, fui parar no Pronto Socorro mais de uma vez. Pensei em parar de tomar o remédio.

Segunda Semana

Na segunda semana, os sintomas continuaram, mas menos intensos. Não tive mais crises de pânico. Ainda tinha a sensação de estar flutuando, com muitas dores nas articulações e sensações de queimação na pele. Muito enjoo e nada de sentir fome. A depressão também melhorou, já não sentia constantemente aquela angústia sufocante. Ao final da segunda semana, tudo começou a melhorar.

Terceira Semana

A terceira semana começou melhor, parei de ir ao PS. Os sintomas amenizaram, fui a uma consulta no neurologista, que só me fez crer que tudo que eu tinha era mesmo ansiedade. Foi quando decidi criar o blog. As pontadas no corpo diminuíram significativamente e a tontura simplesmente sumiu. As dores nas pernas ainda surgiam de vez em quando, mas começaram a reduzir também. As moscas volantes continuavam incomodando, mas, após ir ao oftalmologista, fazer diversos exames acabei descobrindo que era um problema mais comum do que eu imaginava, que poderia se tornar incômodo a quem sofre de estresse, depressão ou ansiedade. 

Quarta Semana

Quase nenhum sintoma, algumas cismas. Parei de pesquisar na internet. Pontadas raramente, uns dias melhores que os outros. Visão melhorou. Tontura não apareceu mais. Porém, notei um pouco de hiperatividade. Não conseguia desligar. Ficar parada assistindo a um programa ou sentar para fazer algo mais monótono. Muita, muita energia, mesmo quando estava moída de cansaço. Porém, o humor estava melhor, não chorei, nem me senti tão angustiada. Alguns pensamentos pessimistas, mas não constantemente e durante o dia MUITO SONO, muito sono mesmo que tivesse dormido a noite toda.

Quinta Semana

Praticamente nenhum sintoma. Nunca mais pesquisei nada. Moscas volantes reduziram um pouco. Pontadas também. Aparecem alguns sintomas nos dias que estou mais ansiosa. Tontura não senti mais, falta de ar praticamente sumiu. Dores nas pernas melhoraram muito, agora só dói quando faço exercícios pesados, como qualquer pessoa normal. Muito ânimo e humor melhor. Não choro ou me desespero há pelo menos 3 semanas. Ainda tenho pesadelos e sensações ruins, mas não posso querer tudo de uma vez.

Hoje

Hoje começo mais 60 cápsulas. Mais 60 passos. Um atrás do outro, sem me precipitar. Vivendo um dia de cada vez. O processo é lento, mas o resultado é inexplicável. Lembro-me de algo que o psiquiatra disse na minha primeira consulta, eu não conseguia parar de tremer as pernas e suava muito. "Você só vai entender quando fizer efeito e você começar a melhorar, mas isso só acontece, pelo menos, depois de 20 dias". 

Aqui estou compartilhando mais uma etapa com vocês. Levei anos com sintomas indo e vindo e seis meses de uma sensação horrível inexplicável para procurar um profissional que trata de saúde mental. Não devemos deixar de lado só porque "é coisa da nossa cabeça", porque o cérebro é algo maravilhoso, mas muitas vezes difícil de lidar, pois comanda todo nosso corpo e nos prega muitas peças. O importante é não sentir vergonha do que sente, buscar ajuda onde conseguir, amigos, familiares, namorado(a), trabalho, animais de estimação, mas, principalmente, quando fugir do controle, ajuda profissional. 

Estou à disposição para quem quiser contar o relato, anonimamente, reservadamente, ou quiser apenas conversar sobre.

Mais um dia.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Moscas Volantes



A percepção de pequenas manchas ou nuvens movimentando-se dentro do campo de visão constituem as chamadas “moscas volantes”. Geralmente são vistas quando se olha para um fundo claro, como uma parede branca ou um céu azul. Na realidade, as moscas volantes são minúsculos grumos de gel ou células dentro do corpo vítreo, o fluido gelatinoso, que preenche o interior do olho.
Estes objetos dão a impressão de estar diante do olho, mas de fato estão flutuando lá dentro. O que se vê são as sombras projetadas sobre a retina, a camada do fundo de olho que percebe a luz e envia o estímulo luminoso até o cérebro. As moscas volantes podem assumir formas diversas, como pequenos pontos, círculos, linhas, nuvens ou teias de aranha.

O que causa as moscas volantes?

Uma causa comum de moscas volantes é o descolamento do vítreo posterior, o qual pode ocorrer como um processo degenerativo relacionado ao envelhecimento.O processo resulta do espessamento ou contração do gel vítreo, formando grumos ou filamentos dentro do olho. Ao se afastar da parede posterior do olho, o gel vítreo provoca o que conhecemos como descolamento do vítreo posterior.
O descolamento do vítreo posterior ocorre com maior frequência nas pessoas míopes, nos pacientes submetidos à cirurgia de catarata ou à aplicação de laser YAG após cirurgia de catarata, e naqueles que sofreram algum tipo de inflamação ocular.

As moscas volantes são graves?

As “moscas volantes” tornam-se mais frequentes à medida que envelhecemos. O aparecimento de moscas volantes pode causar uma certa apreensão, sobretudo se surgem de repente, entretanto nem todas as moscas volantes são graves. Se o processo se limitar ao vítreo, as moscas volantes podem atrapalhar a clareza da visão, o que pode ser bastante desconfortável, especialmente quando se está lendo, mas não ocasionarão nenhum problema de maior gravidade. Nestes casos, movimentar os olhos, olhando para cima e para baixo, pode ajudar a afastar as moscas volantes do campo de visão que, com o passar do tempo, deixarão de ser tão perceptíveis.
O que preocupa no aparecimento das moscas volantes é a possibilidade de ocorrer uma rasgadura da retina.  Em muitos casos a rasgadura da retina é acompanhada de sangramento para dentro da cavidade vítrea, perceptível sob a forma de moscas volantes ou turvação da visão.
Um buraco na retina é uma condição extremamente grave, já que pode evoluir para um descolamento de retina. A percepção de mosca volante, mesmo que única, de clarões no campo de visão ou a perda da visão lateral devem ser investigadas o mais rápido possível através de um exame com o oftalmologista.

Descolamento vítreo posterior (DVP)Ultrassom- opacidades vítreas e DVP

Este exame, chamado de mapeamento de retina,  requer a  dilatação da pupila, o que poderá dificultar ou impedir as atividades cotidianas por algumas horas. O oftalmologista observará com cuidado o vítreo, a retina e principalmente a parte mais periférica da retina, procurando eventuais lesões que o descolamento do vítreo posterior (DVP), possa ter causado à retina.
Além do mapeamento de retina, a avaliação do vítreo e da retina poderá ser complementada por meio da ultrassonografia ocular, um exame não invasivo, de grande importância no estudo desta condição.

Rasgadura da retinaDescolamento de retina

O que causa clarões de luz?

Clarões de luz ou relâmpagos podem ser vistos quando o gel vítreo traciona a retina. É a mesma sensação de “ver estrelas”, experimentada quando se aperta o olho. O aparecimento súbito de clarões de luz é um sintoma que deve ser investigado imediatamente, devido ao risco de que alguma lesão da retina possa ocorrer.

O que pode ser feito com as moscas volantes?

Em geral, as moscas volantes não necessitam tratamento. Algumas delas podem permanecer no campo de visão, porém muitas diminuem ou desaparecem com o tempo, deixando de incomodar. Nos casos de opacidades densas, causando grande desconforto ou comprometimento da visão, a remoção das opacidades vítreas por meio de procedimento cirúrgico (vitrectomia via pars plana), pode ser considerada.
Também, nos casos em que o descolamento do vítreo vier a causar alguma lesão da retina, o oftalmologista orientará o tratamento que poderá consistir na aplicação de laser para bloqueio da lesão. Nas situações de maior gravidade, que tenham evoluído para um descolamento de retina, o tratamento possivelmente será uma cirurgia a ser realizada o mais rápido possível para evitar um maior comprometimento da visão.

Enxaqueca

Algumas pessoas observam clarões de luz na forma de linhas recortadas ou “ondas de calor” em ambos os olhos, que podem durar de 10 a 20 minutos. Este tipo de clarão é habitualmente causado por um espasmo ou uma contração dos vasos sanguíneos do cérebro, não sendo portanto de origem ocular.
Se os clarões forem acompanhados por dor de cabeça, tem-se uma condição conhecida como enxaqueca. Porém, linhas recortadas ou “ondas de calor” podem ocorrer sem dor de cabeça. Neste caso, os clarões de luz são chamados de enxaqueca oftálmica, ou enxaqueca sem dor de cabeça.

Moscas Volantes e Ansiedade

Assim como diversos outros sintomas que surgem quando estamos ansiosos, os nossos olhos também apresentam alterações. As moscas volantes são mais comuns em pessoas míopes e podem fazer parte da visão sem que percebamos. Contudo, quando ficamos ansiosos, as moscas podem se tornar mais visíveis, justamente por estarmos em constante estado de alerta a qualquer mínima modificação do corpo, fazendo com que tudo que nos for ligeiramente estranho passe a ser um incômodo constante. 
Apesar de ser algo comum a pessoas acima de 45 anos, as moscas volantes podem aparecer na visão de pessoas jovens e têm aparecido cada vez mais devido ao uso contínuo de computadores, tablets e smartphones, sem que exista um limite ou um descanso para a retina. E podem tanto surgir com a ansiedade como ser a causa dela. Paredes brancas, lugares claros, o céu durante o dia são propícios para o avistamento das temidas moscas.

Olho seco

Comum, assim como as moscas volantes, o olho seco também é uma constante nos consultórios ofalmológicos. O clima é um dos fatores desencadeantes, mas o uso de medicamentos para depressão e ansiedade, bem como a própria ansiedade, também podem desencadear olhos secos. As mulheres têm uma probabilidade maior devido aos hormônios, ao uso de anticoncepcional e à maquiagem. 
É recomendado uso de colírio, lágrimas artificiais para manter o olho lubrificado e não causar nenhuma infecção.