Não tenho tido tempo de escrever aqui por conta dos trabalhos (não só da pós), como dos freelas que tenho feito à parte. Mas hoje, parei especialmente para falar dos sonhos.
Sonhar com cobra é traição. Com dente, morte. Com água, lágrimas. Sonhar com morte é sorte. E mais diversas outras interpretações e superstições. Salvador Dalí pintava seus sonhos de maneira surreal. Freddie Krueger invadia o sonho de adolescentes para atacá-los durante o sono.
Mas a verdade é que o sonho mais tem a ver com nosso inconsciente, nosso estado de espírito, do que com premonições, interpretações e afins.
Um dos efeitos colaterais do Escitalopram é ter sono perturbado, com sonhos vívidos. Mas um dos sintomas da ansiedade é transportar as preocupações para a hora de dormir. Pesadelos e mais pesadelos. De coisas que tememos, de coisas que não fazem o menor sentido. Em sua maioria, surreais. Como os quadros de Dalí.
Sempre fui muito ansiosa e sofri com pesadelos, desses de você ficar mal o dia todo. Mas, nas últimas semanas eles se intensificaram. O sono já estava péssimo, pois só vinha de dia, agora, então, acordando toda hora assustada e passando o dia sob o efeito do pesadelo, piorou. Quando não tenho pesadelos, tenho sonhos extremamente surreais, sem sentido.
Tive, por muitos anos, paralisia do sono. É terrível, é sufocante, é uma sensação inexplicável. Você fica preso no seu corpo, sem conseguir se mover, falar, fazer nada, mas consciente que está ali. Imagino como deva ser a vida dos portadores da síndrome do encarceramento. E, após muitos anos sem sofrer disso, essa semana tive duas vezes. Acordei sem conseguir me mover, com as lembranças muito claras do pesadelo que havia tido. Foi péssimo.
Não quero tomar remédio para dormir, mas parece que terei que recorrer a métodos naturais, chás e afins.
O uso de antidepressivos no Brasil cresceu 44% conforme recente matéria publicada no G1. Não quero aumentar ainda mais as estatísticas, tomando, junto com um ISRS (inibidor da recaptura de serotonina), um benzodiazepínico (ansiolítico tipo Rivotril, Valium, Lexotan), que, além de ter efeitos colaterais, são medicamentos que causam dependência.
Como é difícil a vida de um ansioso. E o pior: sem o sono em dia, a gente não vive, sobrevive!
Fiquem com essa cena maravilhosa de "Sonhos", do Kurosawa.