quarta-feira, 15 de março de 2017

Endometriose de ovário e útero miomatoso


Olá, terráqueos.

Demorei porque não estava conseguindo me concentrar e escrever nada, porque passei por umas situações que me deixaram mais ansiosa e não pude ter equilíbrio para me expressar.
Bom, eu tinha descoberto aquele cisto, certo? Certo. Porém, na ultrassom de acompanhamento, deu que eu tinha um endometrioma. Quando voltei à médica, ela pediu uma segunda ressonância, com preparo intestinal (coisa mais horrível) para verificar se eu tinha endometriose. Eis que na ressonância não apareceu nenhum foco de endometriose (isso porque foi a segunda ressonância) e o cisto tinha aumentado. A médica receitou o Allurene (dienogeste - progesterona sintética cheia de contraindicações) e eu meio que surtei e fui ver outras opções. Voltei ao Dr. Heraldo, que me recomendou cirurgia. Passei em uma médica chinesa, que, além de recomendar cirurgia, sugeriu que meu cisto poderia ser maligno. Fiquei desesperada. Fiz uma última ultrassom com doppler e deu sem fluxo detectável – para quem não sabe, quando não há fluxo no cisto é porque não há vascularização, então ele é provavelmente um cisto de conteúdo líquido e benigno, menos preocupante. Passei novamente no Dr. Adelino Silva, excelente médico e cirurgião, que me recomendou, assim como a Dra. Maria Ignez, tomar o Allurene, que começo no meu próximo ciclo menstrual. Isso para resumir, porque tenho muito a falar sobre as minhas "doenças".
Foi assim: eu fiz uma ultrassom pélvica para verificar se eu poderia colocar o DIU, se estava tudo em ordem. Apareceu um cisto e um mioma. Porém, conforme eu ia acompanhando para ver se o cisto era apenas funcional (aquele que desaparece após alguns ciclos da menstruação e é inofensivo), apareceram mais miomas. Os miomas são tumores benignos do útero, porém podem causar dor, sangramento, incomodar e dificultar a gravidez (no meu caso, tanto faz, porque não pretendo ter filhos). Eu não tenho nenhum sintoma, então foi uma surpresa para mim. Mas eu não me preocupei com os miomas e sim com meu cisto, que tinha características que não condiziam com um cisto simples funcional. E por quê? Porque um cisto funcional é anecoico geralmente, tem paredes finas e lisas, sem excrescências ou lobulações, septos ou papilas. Anecoico significa que seu conteúdo é totalmente líquido, ou seja, não produz eco na ultrassonografia. Na primeira ultra, deu cisto de conteúdo denso, paredes espessadas e irregulares com componente sólido. Sério, joguem isso no google e tirem suas conclusões. Eu SURTEI. Eu surtei muito. Tanto que agora, de tanto pesquisar, inclusive em outros idiomas, eu sei ler ultrassom pélvica e entender ressonância magnética. Foi um longo caminho percorrido até onde estou. 
Na minha ultrassom feita no Dr. Consulta (aquele dia que eu surtei) dizia que o cisto tinha paredes regulares, porém seu conteúdo era espesso e hipoecoico (ou seja, transmite uma quantidade mínima de ecos) o que pode significar algum componente sólido. O que eu não sabia e a experiência médica me ajudou a compreender é que esse tal componente sólido pode ser sangue. Sim, SANGUE! Sangue coagulado. E, oras, um cisto hemorrágico é composto de quê? Assim como um cisto de corpo lúteo e um endometrioma. Então, um componente sólido pode ser várias coisas: uma massa sólida crescendo dentro do cisto (neoplásica benigna ou maligna mas que necessariamente DEVE ser retirada) ou um coágulo. E, para descobrir, precisei fazer a ressonância, que deu o seguinte resultado: conteúdo hemático/ proteico (sangue!). Se fosse um teratoma (aquele cisto que falei na outra postagem, que é benigno, mas tem cabelo e dente - bizarro), teriam aparecido diferentes tipos de tecido na RM. Se fosse uma neoplasia, o conteúdo não seria somente hemático/proteico - apesar de algumas neoplasias, como um cisto mucinoso, apresentarem conteúdo proteico (muco), não necessariamente hemático. Mas daí o diagnóstico diferencial: tumores mucinosos possuem septações, geralmente espessas, e os serosos (que possuem um líquido ralo em seu interior) possuem excrescências papilares em suas paredes (geralmente espessas e irregulares), esses dois cistos podem ser benignos ou cancerígenos metastáticos, dependendo da velocidade do seu crescimento e de suas características (outras a serem levadas em conta como líquido livre na cavidade pélvica, outros focos no peritônio, útero e bilateralidade do cisto). Bom, meu último exame foi a US com doppler colorido. O que esse Doppler significou? Não há fluxo presente nas paredes do meu cisto, nem nas partes sólidas. Ou seja: é sangue, não existe uma vascularização que signifique o crescimento de uma suposta massa.


Eu vou tomar o medicamento para endometrioma (cisto composto de sangue e tecido do endométrio, característico de quem possui endometriose - doença que causa infertilidade e múltiplos focos em diversos locais do sistema reprodutor e até intestino), porém não temos certeza se meu cisto é realmente um endometrioma ou outro tipo de cisto hemorrágico (benigno), devido às suas características: conteúdo hipoecogênico, espesso, com finos debris em seu interior, paredes irregulares e lobuladas, com reforço acústico posterior (isso significa que seu conteúdo é predominantemente líquido, é algo benigno) e sem fluxo ao doppler. Porém, o remédio serve para ambos, porque regula os hormônios. 
Também desde a ressonância, meu cisto reduziu 0,8cm (isso é coisa pra caralho, viu!) ele estava com 4,5 e foi para 3,7cm. Eu estou tomando suplementação de graviola, chá de uxi amarelo e unha de gato (tem gosto de morte em estado líquido, mas tem me ajudado e acho que meus cisto diminuiu por causa dessa mistura). Agora vou esperar, tomar o remédio que o médico indicou (fazer o quê), passar em um homeopata (pra tratar também a maldita ansiedade que não me deixa viver). E, por enquanto, chega de exames! Não aguento mais. Quero agradecer à Dra. Rachel Khae Len Chen, uma fofa que realizou minha ultra pélvica no Cura Imagem e Diagnóstico e liberou o resultado no mesmo dia. By the way: prefiram o Cura a qualquer outro laboratório no que concerne a imagens. O Femme é ótimo e te trata muito bem, mas a resolução da imagem deixa bem a desejar. 
Enfim, será que estou ansiosa? Tenho um bolo de resultado de exames, ultrassom, ressonância, sangue CA 125 e outras proteínas, uma conta enorme de Uber de tanto andar para lá e para cá e um cansaço imenso, mas mental. 

Sem cirurgia. Vamo que vamo.
Não foi dessa vez, morri por dentro para renascer mais forte e mais viva.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Aceitação e fase de transição



Muito eu tenho falado sobre a aceitação, porque me descobri aceitando as coisas e elas passaram a ser mais fáceis depois que eu me percebi fazendo isso. É difícil admitir, nós batemos o pé mesmo, não queremos que as coisas sejam diferentes do que temos em mente ou planejamos. Mas, na prática, o discernimento torna-se necessário. Necessário para diferenciarmos o que podemos mudar e o  que devemos aceitar. Apesar de impaciente, sempre soube me policiar para aceitar, sem delongas, muitas lamentações ou relutância abundante, as coisas que a vida me ofereceu. As coisas para as quais vim parar nesse universo. 
As pessoas reclamam muito, mas preferem ficar confinadas em uma penumbra, um mar de escuridão, o fundo do poço, um lugar, deveras, confortável. Está escuro, mas lá não é necessário que você cresça, corra riscos, se desafie. E, embora pareça um lugar horrível, e, de fato, seja, quando se acostuma a ele, torna-se familiar viver nele. É como um lar postiço, do qual você não consegue sair (e muitas vezes nem quer, lá não bate Sol, e o medo de se queimar?).
Eu estou em uma fase de transição, depois de muita, muita loucura, estou tentando me desvencilhar de alguns hábitos compulsivos de arrumação, organização e rotina. Tenho folgado nos horários, trocado os programas, saído a lugares diferentes, sozinha, acompanhada, com amigos, com pessoas diferentes. Comido outras comidas, me interessado por hobbies diferentes. Não tem sido fácil. Quando eu olho no relógio a hora que eu deveria estar fazendo determinada coisa, dá um frio na bariga, de viver perigosamente sem estender a roupa no horário. Mas tem passado.
Tenho sido bem sincera (mais ainda), não tenho guardado absolutamente nada para mim. Isso talvez eu não recomende, porque algumas dessas coisas são o caos. As pessoas não entendem o seu lado, confundem as coisas. Mas não seria eu se guardasse, não seria eu se não revelasse algumas verdades que deixam as pessoas com as pernas bambas e chocadas, sem rumo e de cabelo em pé!
No entanto, tenho enfrentado um problema. As pessoas, elas estão fechadas. Totalmente fechadas em seus mundos imaginários. Elas amam as suas rotinas e seus pequenos prazeres sagrados. Elas não estão abertas a experiências fora de suas zonas de conforto. E outra coisa que sempre me incomodou: preguiça. A preguiça humana é uma coisa nojenta. Descansar é uma coisa, morrer em vida é outra. Se você quer tempo livre só pra dormir e descansar, morre logo, que diferença faz? Eu estou disposta. Muito disposta. Estou listando um a um os amigos que negligenciei. Remarcando todos os cafés, chás, sucos. Tem horas que ainda surto e é incômodo. Não é nem uma tentativa de ser menos egoísta, na verdade é uma abordagem em função de mim mesma. Algo que estou tentando e até agora estou conseguindo.
A ansiedade nos priva de pequenos prazeres que deveriam ser coisas automáticas e simples. Mas aceitar essa condição e sair da zona de conforto tem sido um desafio pra mim.


Eu só quero viver em paz, me desligar das preocupações e ser relativamente normal, pelo menos de longe. :)