segunda-feira, 28 de março de 2016

Ansiedade, ansiedade, ansiedade...


Aqui estou mais um dia, sob o olhar sanguinário do vigia...

Essa noite acordei sufocada. Com muita falta de ar, achei que iria morrer. "Não tô conseguindo respirar", pensei comigo. E fiquei virando de um lado a outro da cama. Comecei a pensar em outras coisas aleatórias, minha respiração foi se acalmando e aos poucos eu consegui voltar a dormir. Ansiedade. Tenho uma coleção de "chapas" do pulmão aqui. Dá para fazer barulho de trovão em peça nos próximos 200 anos. 

Aí vêm as perguntas de pessoas que, obviamente, não veem a ansiedade como um transtorno.

"Mas, Natália, existe algum motivo específico que gere tanta ansiedade?"

Se existisse um motivo e todo mundo descobrisse, para quê psiquiatria? A verdade é que não tem um motivo sólido, às vezes algum motivo piora as crises, mas no geral, são pequenos motivos juntos e às vezes não tem nada que esteja incomodando a gente genuinamente.

"Mas, se não tem motivo, é só você se distrair que passa!"

Não necessariamente. O x da questão é exatamente esse. Não é simples pensar em outras coisas, distrair, desligar. Às vezes os sintomas chegam sem que estejamos em momentos de tensão, somos pegos de surpresa, como no meio da noite. Como já estou bem treinada, eu às vezes consigo me controlar – mas também estou medicada com a dose máxima de escitalopram e buspirona, o que francamente ajuda.

"Mas você já tomou chá de Camomila?"

Nem vou responder.

"Mas você já tentou calmante natural?"

...

É por causa dessa banalização dos transtornos psiquiátricos, que são tratados como momentâneos ou como "frescura" que as pessoas que sofrem de ansiedade acabam piorando, mergulhadas em dúvidas como "Mas se é tão simples, por que não consigo sair desse lugar?". 

Primeiro: Não é simples. A primeira consciência é essa. O que em partes me tranquiliza, como hipocondríaca diagnosticada e portadora de TOC, pelo menos não tenho nenhuma doença física terminal. Mas que em partes me aflige, porque eu fico sem saber quando esse pesadelo termina. Tem dias que não sinto nada. Tem dias que desde cedo aparecem as pontadas no corpo, falta de ar, visão turva. "Não estou enxergando hoje" penso. E a nossa mente é tão traiçoeira, que, mesmo enxergando, estando consciente de que estou vendo, eu continuo achando que não estou enxergando.

Compreendem? 

Não é uma neura. É um pensamento fixo obsessivo que simplesmente não vai embora.

Ter ansiedade é como perder as forças para as coisas, estar no fundo de um poço escuro cuja escada aparece e desaparece sem que você tenha chance de subir. Como se seu corpo estivesse preso sem que você consiga se mexer. Assim como acontece na paralisia do sono. Você grita, a voz não sai, você tenta correr, as pernas não andam. Você fecha os olhos desejando que seja um sonho. 

Mas tem horas que não é.