Acho que eu já tinha crises de Ansiedade desde criança e não sabia exatamente o que era. Lembro de algumas vezes em que dormi no sofá e, quando meus pais me acordavam pra ir pra cama, eu sentir uma tremedeira, moleza nas pernas, coração disparado e vontade de sair correndo. Sair dali e ir a um lugar que estivesse no tempo e espaço para relaxar minhas pernas adormecidas.
A Ciência explica que a ansiedade nada mais é do que um estado natural do corpo. E, como quase tudo que ainda nos é intrínseco, herdamos da época das cavernas. Afinal, taquicardia nada mais é do que o coração bombeando mais sangue para as suas extremidades (lembra da tremedeira nas pernas?), e o suor já antecipam o resfriamento do nosso corpo quente de tanto esforço físico. Naquela época, corríamos de predadores, saíamos na porrada com outros homens, fugíamos de desastres naturais. Hoje, vivemos em uma selva, diferente e igual em muitos aspectos. E a Ansiedade aparece, deste jeitinho sorrateiro, o que faz com que ela tenha nome de gente pra mim, com primeira letra maiúscula e personalidade. Tem vezes que ela dá sinais que vai aparecer e noutras surge de supetão.
Já cheguei a sentar na calçada durante uma crise de Ansiedade em público e ter de esperar passar. Já fingi que estava tudo bem, respirei fundo e voltei a trabalhar (porque Ansiedade, psicólogo e psiquiatra "são coisas de gente louca"). Já desembestei a comer três sorvetes, duas barras de chocolate e um litro de achocolatado em menos de cinco minutos. Mas, apesar de tudo isso, já procurei relaxar muitas utras tantas e esperei passar. Porque a gente sabe que ela vai embora.
Nunca fui a psiquiatras. Nem na época da depressão forte. Quis atingir meu limite e tentar sair por conta própria. Me testei, descobri que o fundo do poço tem subsolo e que dali de dentro, só tem um jeito de sair: voltando à superfície. Descobri a razão da minha depressão; já a da minha Ansiedade estou esperando a resposta até hoje.
Mas a vida segue, independente de tantos apesares. 'Rabbit Hole', escrito por David Lindsay-Abaire, me ensinou que as mazelas da vida são como tijolos que a gente leva nos bolsos: pesam, uns dias mais e noutros menos, mas não nos impedem de continuar a caminhada.
Somos uma geração ansiosa, onde a pressão para ter sucesso em todas as áreas da vida é muito forte: carreira, família, vida amorosa, amigos, aparência, inteligência e ________________ (adicione a sua 'preferida' aqui).
Para tratar minhas crises, então, recorri à Passiflora. Amigos já disseram que "nem me fez cócegas de tão fraco", enquanto outros agradeceram a dica. Fitoterápica, de baixíssimo custo e, no meu caso, resolveu. Três comprimidos ao dia e, conforme as crises foram diminuindo no decorrer das semanas, também foram reduzidas as doses. Hoje em dia - e isso já faz uns três anos - as crises são raríssimas. Talvez duas ou três ao ano. E geralmente dão sinais, então sempre tenho Passiflora aqui pra já expulsar a Ansiedade quando ela toca no meu interfone. Porém, acho super válido ir atrás de ajuda profissional se você ainda não encontrou sua calmaria.
Certo dia, um amigo me disse que cerca de 30% do que acontece na vida permite nossa intervenção. Os outros 70%, diz ele, "a gente joga pro Universo". Tomei como lema. Faço a minha parte e deixo o resto fluir.
A vida segue. E o tempo, maturidade e experiência fazem o que lhes cabem para que possamos viver toda essa loucura com o mínimo de sanidade.
L.F., sexo masculino.